sábado, setembro 23, 2006

«Junta de Salvação da RENAMO» contesta liderança de Dhlakama

Um movimento denominado Junta Nacional de Salvação da RENAMO, composto por elementos do maior partido da oposição de Moçambique, defende a substituição de Afonso Dhlakama, acusando a sua liderança de "facilitar as vitórias eleitorais" da FRELIMO.

Agrupados na cidade de Chimoio, capital de Manica, centro de Moçambique, os promotores da junta, entre os quais dois ex-deputados e um general fundador da RENAMO, dizem querer "acabar com privatização do partido por Dhlakama e criar uma gestão interna democrática".
"O nosso líder está a privatizar completamente o partido. Acontece que quando alguns membros avançam propostas para o melhoramento do partido, ele considera o grupo de rebelde, alegando intenções de derrubá-lo", acusou Aldina Riva, numa entrevista colectiva concedida à Agência Lusa em Chimoio.
Na entrevista participaram igualmente os ex-deputados da RENAMO Francisco Tambara e Saimone Mutera que, com Aldina e o antigo general e fundador do partido Sebastião Chapepa, vulgo "Janota", constituem a chamada Junta Nacional de Salvação da RENAMO.
Os contestatários garantiram não pretender fundar um novo partido, distanciando-se da experiência de Raul Domingos, o número dois de Dhlakama durante anos até o abandonar para criar o PDD, que não elegeu qualquer deputado nas últimas eleições de 2004.
Afonso Dhlakama "está a influenciar na desmobilização de muitos membros, simpatizantes e eleitores da RENAMO", acusou Aldina Riva, acrescentando ou que o presidente do partido "decide quando lhe apetece" na questão dos conflitos internos.
Os contestatários acusam igualmente o líder de "falta de transparência na gestão financeira" e de "faltar respeito aos fundadores do partido", por não desenvolver uma história do Movimento Nacional de Resistência, actual RENAMO.
"Até quando combatíamos na guerra, (Dhlakama) ouvia um pouco os conselhos dos outros. O nosso líder está a afundar desta maneira o partido ao não ouvir ninguém", sublinhou Aldina Riva, que reivindica ter assumido o posto de major na guerra que a RENAMO desencadeou contra o governo da FRELIMO, entre 1976 e 1992.
Após os acordos de paz de 1992, a RENAMO perdeu as três eleições gerais - presidenciais, legislativas e as únicas municipais entretanto realizadas.
"Quem já se sentou para analisar as nossas derrotas?", questionaram os elementos da junta, acrescentando que "não vale a pena as gritarias de fraude eleitorais em todas as eleições, se os delegados de mesas ficam na inteira dependência dos da FRELIMO". "A arrogância do líder facilita as vitórias da FRELIMO", concluíram estes contestatários da presidência de Afonso Dhlakama.
Contacto pela Lusa, o porta-voz da RENAMO, Fernando Mazanga desvalorizou as críticas, afirmando que, actualmente, nenhum dos elementos da junta pertence à RENAMO.
"São pessoas que manifestaram a sua vontade de sair e saíram. Como é que agora aparecem a tentar meter a colher na RENAMO?", questionou Mazanga.
O porta-voz considerou "saudável" a situação interna na RENAMO, mas reconheceu a existência de "algumas reclamações feitas pela comunidade internacional" sobre o eventual enfraquecimento do maior partido da oposição em Moçambique.
"A RENAMO assume parte da culpa no que diz respeito à falta de resposta imediata sobre assuntos que dizem respeito ao país", assinalou referindo-se ao frequente silêncio do partido sobre temas da actualidade.
Notícias lusófonas

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