Um relatório de um auditor queniano, sobre o orçamento do estado para o período 2013-2014, apresentado ao parlamento esta seaman, diz que apenas 1,2 por cento das depesas do governo tem justificativos 'legalmente efectivos'.
O relatório anual do Auditor Geral, Edward Ouko, diz que apenas 1,2 por cento dos cerca de um trilião de shelins, (cerca de 8,9 biliões de Euros) do orçamento foi legalmente justificado de uma maneira efectiva.
O documento, de 361 páginas, é um longo conto de má gestão, incompetência, desperdício e possível corrupção em enorme escala.
O relatório foi publicado dois dias depois de o presidente norte-americano Barak Obama ter deixado o Quénia, onde deu uma conferência de imprensa sobre o cancro da corrupção, tendo dito que a corrupção endémica é o único grande obstáculo no Quénia e está a crescer cada vez mais rápido.
Demasiadas vezes, aqui no Quénia, a corrupção é tolerada porque é assim que as coisas sempre foram. As pessoas simplesmente pensam que este é o normal curso das coisas, disse Obama.
O documento do Auditor Geral expõe a natureza do dia-a-dia das más práticas e possível corrupção no governo queniano.
Os Ministérios da Saúde e dos Transportes e Infraestruturas estão entre os 17 departamentos do governo que não conseguiram produzir comprovativos de cerca de 67 biliões de shelins em despesas.
Estes fundos públicos podem não ter sido usados legalmente e de maneira efectiva, disse Ouko.
O antigo Ministro dos Transportes, Michael Kamau, é um dos quatro que foram suspensos em Março último, e foi acusado de abuso de poder.
Dez ministérios - incluindo o da agricultura e o da justiça têm dívidas não pagas que totalizam 17 biliões de shelins.
A polícia queniana regularmente contada entre as instituições mais corruptas da África Oriental gastou 31 milhões de shelins no aluguer de escritórios que depois nunca foram utilizados. Em algumas esquadras da polícia, os agentes são acusados de roubar dinheiro de fianças, por vezes usando livros de contabilidade falsificados para ocultar o roubo.
O Quénia, classificado no 145º lugar entre 174 países no índice anual sobre corrupção, da Transparência Internacional, tem sido, desde muito tempo, prejudicado por este mal.
Era voz corrente falar-se de corrupção nos anos 1990 e 2000 com multi-biliões de dólares desviados, incluindo em escândalos como Goldenberg e Anglo-Leasing, cometidos pelo governo.
Alegações de desvios de fundos foram uma 'dor de cabeça' no negócio de uma linha férrea simples, de 485 quilómetros, que está em construção ligando o porto de Mombassa a Nairobi, a capital do país.
Esta linha, sendo construida por uma empresa chinesa para combóios a diesel está a custar 5,6 milhões de dólares por quilómetro, comparada com 4,8 milhões de dólares por quilómetro que a Etiópia está pagar por uma linha dupla de combóios eléctricos. Um comité parlamentar pediu o cancelamento do negócio por suspeitas de corrupção.
O governo queniano é muitas visto como um meio de enriquecimento pessoal, como indicou Obama, discursando ao lado do presidente Uhuru Kanyatta, sábado, em Nairobi.
O povo não é estúpido, disse Obama.
Quando eles vêm um governante eleito e sabem que tem um salário e de repente o veem a conduzir um carro bem grande, e veem o primo dele a circular na cidade num alto carro, e de repente estão a construir grandes palácios, e tudo isso não parece condizer com o seu salário, eles não precisam de ser grandes contabilistas para perceber o que é que está a acontecer, disse Obama.
Contudo, o gabinete da presidência do Quénia está entre apenas cinco ministérios, departamentos e agências onde não foi detectada má gestão.
Fonte: AIM – 30.07.2015
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