quarta-feira, novembro 06, 2013

Governo aposta no reapetrechamento das suas forças armadas

Depois de longos anos de desinvestimento nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), para se concentrar na reconstrução pós-guerra, o Governo parece agora apostado em revitalizar o aparato militar do país.

Segundo o Defense Web, portal sul-africano especializado em notícias sobre a área da Defesa em África, a Força Aérea de Moçambique (FAM) vai receber oito aviões "MiG-21" comprados à AEROSTAR da Roménia.
 
Esta semana, o portal anunciou que a FAM passará a operar um jacto Hawker 850 XPA adquirido nos Estados Unidos, para o transporte de quadros militares e membros do Governo.


Em Outubro, a imprensa brasileira noticiou que a Presidente brasileira, Dilma Rousseff, pediu autorização ao Congresso brasileiro para doar três aviões Tucano T-27 à FAM.
 
No mesmo mês, as autoridades confirmaram ter encomendado à Construction Mecanique de Normandie (CMN), de França, o fabrico de seis patrulheiros navais de um lote de 30 barcos que serão operados pela Empresa Moçambicana de Atum (EMATUM), participada pelos Serviços de Informação e Segurança do Estado (SISE), a secreta moçambicana, numa operação avaliada em 200 milhões de euros.
 
Apesar de estar a levantar polémica em Moçambique, devido à alegada falta de transparência do negócio de compra de 24 barcos para a pesca de atum e seis patrulheiros à CMN, a operação parece irreversível, tendo o chefe de Estado, Armando Guebuza, visitado os estaleiros da empresa em Cherbourg, na companhia do seu homólogo francês, François Hollande.
 
No quadro da Cooperação Técnico-Militar, Portugal ofereceu duas aeronaves Cessna/Reims FTB-337G, em julho de 2012, que se juntaram a um Cessna 152 e um Piper PA-32 Seneca, comprados em 2011.
 
Por seu turno, o Ministério da Indústria e do Comércio da Rússia afirmou que o seu país iria fornecer este ano entre cinco a seis helicópteros a Moçambique, para o Destacamento Aéreo Presidencial.
 
A imprensa tem veiculado notícias sobre a compra de material de guerra à China, no quadro da cooperação militar entre os dois países.
 
A recuperação da capacidade bélica das FADM coincide com os confrontos que se estão a registar no centro do país entre o exército e alegados homens da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), o principal partido da oposição, devido a diferendos em torno da legislação eleitoral.
 
Confrontado com a indiferença dos doadores internacionais em financiar um ramo associado ao conflito armado que arrasou o país durante 16 anos, Moçambique não conseguiu depois do Acordo Geral de Paz (AGP), em 1992, manter o prestígio das "gloriosas forças armadas", como é oficialmente tratado o exército, que eram sustentadas por apoios vindos dos aliados do extinto bloco comunista.
 
Mas o fôlego financeiro que Maputo vai conseguindo com o aumento da sua capacidade de endividamento por conta da "hipoteca" dos lucros que virão da indústria mineira, principalmente carvão e gás, e a subida das receitas internas, está a mudar o panorama no sector militar.

Fonte: LUSA - 06.11.2013

1 comentário:

Reflectindo disse...

É só vermos todo este esforco quando os nossos hospitais são uma lástima.