quarta-feira, outubro 03, 2012

Dhlakama: "A partir do dia 5 acabou. A situação vai mudar"

O lider da Renamo, Afonso Dhlakama, diz ter planos de desencadear, a partir de sexta-feira, 5 de Outubro, actos que levem à alteração do ambiente de paz e tranquilidade que se vive em Mocambique desde 1992.
“A festa da paz vai durar até 4 de Outubro. Mas a partir do dia 5, que será sexta-feira, doa a quem doer, o certo é que a situação em Moçambique vai mudar, basta amanhecer no dia 5 e o ambiente será outro”, ameaçou Dhlakama, contrariando-se depois ao tranquilizar que “não se tratará de uma guerra”, porque ele próprio não quer guerra.

Segundo a edicao de hoje do “Diario de Mocambique”, ele fez esta ameaca terca-feira, em Quelimane, no seu primeiro contacto com jornalistas e populares que o aguardavam na zona de Sagrada Família.


Dhlakama, que trabalha na província da Zambézia desde a noite de segunda-feira, vai celebrar os 20 anos do acordo geral da paz em Moçambique (assinado em Roma a 04 de Outubro de 1992) naquela urbe, onde promete dirigir um comício e proferir discursos de ameaça à estabilidade do país.

O lider da Renamo, antigo movimento armado, iniciou o seu trabalho na Zambézia dirigindo a reunião nacional de quadros seniores, chefes de departamentos e delegados provinciais do seu partido, encontro que arrancou na tarde de terca-feira.

Depois de declarações aos jornalistas, retomou o mesmo discurso já num breve comício com as pessoas que se juntaram no Jardim da Sagrada Família, realçando que os 20 anos de paz e tranquilidade política e militar que se celebram quinta-feira “foram alcançados por vontade da Renamo”, que juntamente com o respectivo líder “consentiram a escravatura para preservar a paz, não obstante as provocações da Frelimo”.

Ele acusou a Frelimo,  partido no poder, de arrastar todos os que se identificam com a oposição política em Moçambique a humilhações e exclusão. “Foram 20 anos de sacrifício imposto aos membros da Renamo, ao povo moçambicano e a mim próprio. A Frelimo humilhou-nos e excluiu-nos e a Renamo submeteu-se à escravatura. Eu, Dhlakama, aceitei ser prisioneiro da Frelimo para poder manter a paz”, referiu, acrescentando que, se a Renamo e ele pessoalmente tivessem respondido àquilo a que designou de provocações, “a paz  não sobreviveria”.

“Os meus amigos zambezianos, povo chuabo, terão oportunidade de acompanhar o meu comício, em que nada irei esconder. Irei declarar em público que basta amanhecer o dia 5 de Outubro, Moçambique será outra coisa. Mas no dia 4 de Outubro vamos festejar todos”, afirmou.

Ele remeteu ao Presidente da República, Armando Guebuza, a decisão sobre o futuro da paz no país.

“Poderá persistir o ambiente de calma, se Guebuza quiser colaborar”, declarou, apontando como condição para a prevalência da estabilidade política a abertura da Frelimo e do respectivo presidente ao diálogo em volta do pacote eleitoral, reformas da estrutura dos órgãos eleitorais, particularmente o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), problemas de desequilíbrios no tratamento de soldados na sua reintegração no exército, Polícia da República de Moçambique (PRM), a própria democracia, entrando depois para a abordagem dos mega projectos e da necessidade de despartidarizar as instituições do Estado.

Segundo ainda o jornal, Dhlakama dirige a reunião nacional, que encerra hoje, rodeado de uma vasta equipa da segurança do seu partido, armada, que na tarde de terca-feira “inundou” as imediações do hotel onde o evento decorre, mesmo junto ao edifício do Governo Provincial da Zambézia.

Fonte: Rádio Mocambique - 03.10.2012

1 comentário:

Unknown disse...

Eu não sinto-me ameaçado, pois, conheço o líder da renamo que só vive de ameaças. Não existe oposição sem ameaças