Dois destacados dirigentes do PAIGC, partido no poder na Guiné-Bissau, Baciro Dja e Serifo Nhamadjo, apresentaram-se sexta-feira como candidatos independentes às eleições presidenciais de 18 de Março.
Baciro Dja é o actual ministro da Defesa guineense. Ausente do país, a sua candidatura foi sexta-feira depositada no Supremo Tribunal de Justiça pelo seu mandatário.
Serifo Nhamadjo é o actual presidente interino do Parlamento guineense. Em conferência de imprensa num hotel em Bissau afirmou que na próxima quarta-feira, último dia da entrega das candidaturas, irá depositar no Supremo Tribunal de Justiça os documentos exigidos por lei como candidato independente às presidenciais.
"Decidi avançar como candidato independente por não concordar com a forma como o candidato do meu partido, PAIGC, foi escolhido na reunião do Comité Central, mas também para continuar com a obra de pacificação e da reconciliação iniciada pelo falecido Presidente Malam Bacai Sanhá", disse Serifo Nhamadjo.
Este dirigente do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde) disse que vai colocar o seu lugar de presidente interino do Parlamento à disposição do Estado caso a sua candidatura seja aprovada no Supremo Tribunal de Justiça.
"Não farei como outros fazem. São primeiros-ministros, porque o Presidente interino não tem competência para demitir um chefe do Governo, e candidato a Presidente da República ao mesmo tempo. Ou seja, são árbitros e jogadores ao mesmo tempo", afirmou Nhamadjo numa clara referência a Carlos Gomes Júnior.
Carlos Gomes Júnior é o candidato oficial escolhido pelo Comité Central do PAIGC para a Presidência da República, num processo que tanto Baciro Djá como Serifo Nhamadjo contestam alegando irregularidades estatutárias.
Relativamente ao facto de Carlos Gomes Júnior afirmar que vai deixar de ser primeiro-ministro, deixando esse lugar à ministra da Presidência do Conselho de Ministros, Adiatu Djalo Nandigna, Nhamadjo entende ser mais uma irregularidade que pode trazer instabilidade à Guiné-Bissau.
"Não existe a figura de vice-primeiro-ministro no nosso ordenamento jurídico. O primeiro-ministro não pode ser demitido pelo Presidente interino, logo teremos um primeiro-ministro candidato à Presidência da República ou um governo sem primeiro-ministro o que pode ser uma confusão governativa", disse Nhamadjo.
"A confusão governativa traz a instabilidade e daí pode vir a queda do Governo", adiantou Serifo Nhamadjo, sublinhando que este seria o pior cenário para a Guiné-Bissau neste momento.
"Se isso acontecer o presidente do PAIGC seria o responsável", declarou Serifo Nhamadjo.
Fonte: Angola Press - 11.02.2012
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