O Governo do Malawi planeia fechar o campo de refugiados onde vivem 140 moçambicanos que fugiram do país após os recentes combates entre forças governamentais e da oposição da Renamo, noticiou hoje a "Voice of America".
Os moçambicanos começaram a entrar no país no início de Julho, quando cerca de 775 pessoas procuraram refúgio depois de combatentes da Renamo terem realizado dois ataques na província moçambicana de Tete.
Nos últimos dias, enquanto o conflito se intensificava, chegaram mais de 150 moçambicanos da província Zobue, onde se suspeita que a Renamo tem forte implantação.
Estas pessoas têm procurado abrigo no Campo de Refugiados de Luwani, onde já estão cerca de 140 moçambicanos, mas os pedidos têm sido recusados porque o campo vai ser fechado devido à falta de fundos.
"Foi uma posição conjunta entre o ACNUR [Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados] e o Governo do Malawi, através do Ministério de Administração Interna, de que este novo grupo não podia ir para o campo de Luwani porque ele está a ser fechado", explicou o Comissário do Distrito de Mwanza, Gift Lapozo, à "Voice of America".
O futuro destas pessoas é ainda incerto.
"Ainda não temos uma decisão final porque isso é algo que está a ser resolvido entre o ACNUR, o Ministério de Administração Interna e as autoridades locais", explicou o mesmo responsável.
As pessoas cuja entrada no campo foi recusada começaram então a construir abrigos improvisados na Vila Kapise II, que fica a apenas meio quilómetro de Moçambique.
O responsável por estes requerentes de asilo na Kapise, Patrick Thukuta, disse que chegam novosrefugiados quase todos os dias, sobretudo de Kondez e Ndande.
Na última quinta-feira, por exemplo, receberam 34 pessoas e no sábado de manhã outras três famílias.
Graça Shadreck, mãe de três filhos, disse à "Voice of America" que falta quase tudo à família: cuidados de saúde, dinheiro para comprar sabão e até comida.
A moçambicana disse ainda estar preocupada com a estação das chuvas, que começa já no próximo mês.
Moçambique vive momentos de tensão devido à recusa da Renamo em reconhecer a derrota nas eleições gerais de 15 Outubro e à reprovação pela Assembleia da República moçambicana de um projecto de lei que previa a criação de autarquias provinciais nas províncias onde o partido de oposição reivindica vitória.
Em menos de um mês, houve quatro incidentes graves entre Renamo e forças de defesa e segurança, três dos quais envolvendo directamente o líder do principal partido de oposição moçambicano, Afonso Dhlakama,
O campo de Luwani já tinha acolhido moçambicano anteriormente, entre 1977 e 1992, durante a Guerra Civil que assolou o país.
Fonte: LUSA – 21.10.2015
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