O Congo referenda hoje um projecto de alteração constitucional destinado a eliminar os obstáculos legais a uma recandidatura do presidente Denis Sassou Nguesso, 71 anos e há 30 no poder.
A actual Constituição congolesa limita o número de mandatos presidenciais sucessivos a dois e a idade máxima dos candidatos a 70, critérios que Nguesso não cumpre.
Com vista às eleições previstas para 2016, os congoleses devem agora pronunciar-se sobre a possibilidade de “renovar duas vezes” o mandato presidencial e de anular o limite de idade dos candidatos.
Nguesso foi presidente entre 1979-1992, sob o sistema de partido único, regressou ao poder em 1997 depois de uma guerra civil e foi eleito em 2002 e reeleito em 2009, em eleições contestadas pela oposição.
Agora, e à semelhança de uma série de outros dirigentes africanos – José Eduardo dos Santos (Angola), Abdelaziz Bouteflika (Argélia), Robert Mugabe (Zimbabué), Pierre Nkurunziza (Burundi), Ismaël Omar Guelleh (Djibuti), Paul Biya (Camarões), Yoweri Museveni (Uganda), Idriss Deby Itno (Chade) e Gnassingbé Eyadéma (Togo) -, Nguesso optou por adaptar as regras.
Em Setembro, milhares de congoleses manifestaram-se na capital do país, Brazzaville, para dizer "não ao golpe de Estado constitucional", respondendo ao apelo da Frente para a Ordem Constitucional e para a Alternância Democrática (FROCAD) e da União para a Democracia Congolesa (UDC), que constituem a quase totalidade da oposição.
Esta semana, e depois de as autoridades proibirem reuniões públicas em resposta ao anúncio pela oposição da organização de múltiplas “acções de desobediência civil”, confrontos entre a polícia e manifestantes em Brazzaville e em Pointe-Noire, capital económica, fizeram pelo menos quatro mortos e duas dezenas de feridos.
A internet móvel, o serviço de mensagens escritas SMS e o sinal local da rádio francesa RFI foram cortados na terça-feira em todo o país.
Fonte: LUSA – 25.10.2015
Sem comentários:
Enviar um comentário