A Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional (ACLLN), afecta à Frelimo, partido no poder em Moçambique, condenou hoje o posicionamento do arcebispo da Beira, que criticou a invasão à casa do líder da oposição.
"D. Cláudio Zuanna perdeu a oportunidade de ficar calado ao procurar defender cegamente a Renamo [Resistência Nacional Moçambicana, maior partido da oposição]", disse Fernando Faustino, secretário-geral da ACLLN, citado hoje pelo diário Notícias.
"D. Cláudio Zuanna perdeu a oportunidade de ficar calado ao procurar defender cegamente a Renamo [Resistência Nacional Moçambicana, maior partido da oposição]", disse Fernando Faustino, secretário-geral da ACLLN, citado hoje pelo diário Notícias.
A operação policial na casa do líder da Renamo aconteceu a 09 de Outubro, um dia depois da chegada de Afonso Dhlakama à Beira, oriundo de Gorongosa, na província de Sofala, onde reapareceu após quase duas semanas em lugar incerto, na sequência de um incidente entre as forças de defesa e segurança e a caravana do presidente da Renamo, a 25 de Setembro, em Gondola, província de Manica.
As forças especiais da polícia moçambicana, Unidade de Intervenção Rápida (UIR) e Grupo Operativo Especial (GOE), invadiram a casa de Dhlakama e detiveram guardas, alegando posteriormente que a intenção era desarmar a Renamo, armada desde a assinatura do Acordo Geral de paz, em 1992.
Após o incidente, o arcebispo da Beira condenou a operação policial, considerando que "o uso da força para desarmar o adversário não pode dar frutos esperados" e que, "além de derramamento de sangue, isso aumentará a sensação de exclusão e marginalização".
O secretário-geral ACLLN, organização liderada por inerência pelo presidente da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) e da República, Filipe Nyusi, convidou, por sua vez, o arcebispo da Beira a cuidar simplesmente de assuntos religiosos ao invés de ser " advogado do diabo", acrescentando que as armas apreendidas nas mãos da Renamo são as mesmas que o partido de Dhlakama usava para ameaçar a população.
"Quando o Estado age para recuperar estes instrumentos em mãos alheias e há quem entenda, infelizmente, que se trata do uso da força para desarmar o adversário e que isso aumentará o derramamento de sangue e a sensação de exclusão, engana-se", defendeu o secretário-geral da organização.
Fernando Faustino questionou ainda uma carta que a igreja católica enviou ao Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, aconselhando-o a assumir um papel de pacificador, considerando que essa medida devia também ser tomada para o líder da Renamo.
"O Governo jamais se eximirá das suas responsabilidades a ordem e tranquilidade", afirmou o secretário-geral da ACLLN, acrescentando que as forças policiais tiveram uma "actuação brilhante" durante a invasão da casa do líder do maior partido de oposição em Moçambique.
A Igreja Católica teve um papel de mediação no Acordo Geral de Paz, que terminou 16 anos de guerra civil em Moçambique e recentemente tem aumentado os seus apelos de contenção às partes e que estas voltem à mesa das negociações.
O próprio arcebispo da Beira esteve na casa de Dhlakama, no dia dos incidentes, tendo sido uma das personalidades que se envolveu na resolução do incidente.
Num mês, houve quatro incidentes graves entre a Renamo e forças de segurança, três dos quais envolvendo directamente Afonso Dhlakama.
Moçambique vive novos momentos de incerteza política, provocada pela recusa da Renamo em reconhecer os resultados das eleições gerais de 15 de Outubro do ano passado e pela sua proposta de governar nas seis províncias onde reclama vitória, sob ameaça de tomar o poder pela força.
Fonte: LUSA – 22.10.2015
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