O
vice-ministro do Interior afirmou que as autoridades têm pistas sobre o caso do
rapto de Bachir Sulemane, na quarta-feira, mas questionou a razão de o
empresário ter "dispensado" a sua segurança pessoal nesse dia.
José Mandra, em declarações divulgadas, esta sexta-feira, 14, pela estação
de televisão privada STV, considerou que as investigações da polícia devem
"ter em conta" o facto de o empresário, que se encontra
presumivelmente em cativeiro há cerca de 48 horas, ter dispensado a sua segurança
pessoal "precisamente naquele dia".
"Sabendo que o senhor Bachir tinha segurança pessoal e nesse dia [do
rapto], pelas informações que tenho, ele a dispensou, por que é que a dispensou
e precisamente naquele dia? É um aspecto que é preciso termos em conta",
afirmou o vice-ministro do Interior.
Momade Bachir Sulemane, um dos mais proeminentes empresários moçambicanos,
foi raptado na quarta-feira junto ao centro comercial Maputo Shopping Centre,
de que é proprietário, alegadamente por quatro homens armados, segundo
testemunhas que se encontravam no local, uma zona movimentada da baixa da
capital moçambicana, próxima do Gabinete do primeiro-ministro e do Ministério
dos Negócios Estrangeiros.
Informações avançadas pela imprensa dão conta de que o grupo de raptores já
se encontraria nas imediações há várias horas e "até mandaram lavar o
carro", mas só atacaram a vítima quando ela se preparava para sair de uma
mesquita, situada no interior do complexo comercial.
"Há alguma pista, mas não tive um diálogo técnico para ter informações
à altura de dizer se essas pistas são consistentes. Confiemos nos nossos
colegas para que cedo ou tarde se possa esclarecer", afirmou José Mandra,
exortando a população a ter "alguns cuidados básicos" para evitar ser
vítima de rapto.
"Temos consciência de que há raptos no país, portanto, (…) é preciso
algum cuidado, porque é difícil a polícia imaginar as artimanhas dos
criminosos", referiu.
Bachir Sulemane, fundador do Grupo MBS Lda, foi classificado pelo Governo
norte-americano como um "barão da droga", em 2010, uma acusação nunca
comprovada pelos Estados Unidos e sempre rejeitada pelo empresário.
Na sequência deste anúncio, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos
congelou todos os bens que Bachir Sulemane possuía neste país, proibindo
empresas norte-americanas de manterem relações comerciais com o Grupo MBS Lda,
que detém o Maputo Shopping Centre.
Após as acusações das autoridades norte-americanas, a Procuradoria-Geral da
República iniciou um processo de averiguação, do qual concluiu não haver
"indícios suficientes" do envolvimento do empresário com o tráfico de
drogas.
No seu relatório datado de 2011, a PGR disse ter encontrado apenas ilícitos
de natureza fiscal e aduaneira, mas a embaixada dos EUA em Maputo manteve que
existem "evidências suficientes para a designação do senhor Bachir como
barão de droga".
Na sua edição de hoje, o jornal O País, editado em Maputo, avança que,
desde o início da onda de raptos, em 2011, mais de 100 pessoas terão já sido
vítimas deste tipo de crime, tendo o ano de 2013 sido o mais dramático com
cerca de 60 casos registados.
Fonte: Lusa – 14.11.2014
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