domingo, abril 19, 2015

Pela primeira vez

A TALHE DE FOICE

Por Machado da Graça

A questão da EMATUM está-se a tornar um escândalo de cada vez maiores proporções.

O jornal Canal de Moçambique acaba de descobrir que existe, em Amsterdão, na Holanda, uma empresa chamada Mozambique EMATUM Finance. E que foi através dessa empresa que se fizeram as operações financeiras do recebimento do dinheiro emprestado.

Só que, quando aquele jornal contactou com a Directora Geral da EMATUM, em Maputo, Cristina Matavele, a senhora afirmou desconhecer completamente a existência de tal empresa em Amsterdão. Segundo ela, estava a ouvir falar pela primeira vez dessa empresa pela primeira vez.

Para mim e para a esmagadora maioria dos moçambicanos também foi a primeira vez que ouvimos falar dela. Mas nós não somos Directores Gerais da EMATUM. Se foi através da empresa holandesa que foi recebido o dinheiro do empréstimo bancário como é que a Directora Geral da EMATUM em Maputo desconhece a sua existência?

Igualmente interessante é que a Mozambique EMATUM Finance não pertence aos mesmos donos da EMATUM moçambicana. Faz parte da TMF Group HoldCo BV, uma holding com sede no mesmo local que a EMATUM holandesa.

Quem serão os donos desta TMF?

O dinheiro emprestado pela banca internacional, com o aval do nosso Governo, é mais do que o dobro do custo dos barcos nos estaleiros franceses.

E, aparentemente, deu entrada na EMATUM holandesa. Daí para onde foi o resto do dinheiro?

Há quem defenda que a EMATUM não tem nenhuma viabilidade económica.

Que não houve nenhum estudo nesse sentido. Que tudo o que é necessário para o projecto funcionar tem de vir de fora, incluindo tripulantes para os barcos, num país com mais de 2000 quilómetros de costa e uma escola náutica. Que foi uma operação destinada apenas a levantar dinheiro, não se sabe para quê, ou para quem.

Há, igualmente, quem pense que, para viabilizar a empresa, o Estado vai ter que a financiar fortemente, o que acrescenta peso ao já enorme fardo do Estado nesta aparente falcatrua.

A pergunta que se coloca é em relação ao que se vai fazer a respeito disto tudo. Será que Filipe Nyusi vai assobiar para o lado e deixar as coisas andarem sem responsabilidades nem culpas, ou vai cortar a direito, investigando e punindo os autores?

Se a resposta for a primeira, isso quer dizer que houve apenas uma mudança de mosca. Se for a segunda, talvez finalmente se possa limpar a trampa.

SAVANA – 17.04.2015


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