Os cubanos votaram neste domingo para eleger as suas autoridades municipais, numa voltação em que participaram, pela primeira vez, dois oponentes ao governo comunista da Ilha - que vê a disputa como um acto de "verdadeira democracia".
Em um feito inédito - ignorado pela imprensa local, toda sob controle do Estado - dois opositores ao governo comunista, o advogado e jornalista independente Hildebrand Chaviano, 65 anos, e o técnico em informática Yuniel López, 26, aparecem na lista de candidatos de dois municípios de Havana.
"Esta é uma mensagem que o governo está a receber", disse neste domingo à AFP Chaviano, que diz não acreditar que a sua nomeação e a de Lopez signifiquem que o governo tenha "afrouxado as porcas do poder".
"Simplesmente nós escorregamos pela fresta deixada aberta e isso pegou-os de surpresa. Agora, as pessoas votaram e isso não pode ser revertido", acrescentou.
Os dois candidatos opositores tiveram as suas biografias, que são mostradas publicamente nos colégios eleitorais, destacando que pertencem a pequenos grupos "contra-revolucionários".
Mais de oito milhões de cubanos maiores de 16 anos, numa população de 11,1 milhões, foram convocados a escolher 12.589 vereadores de uma lista de 30.000 candidatos pré-seleccionados nas assembleias dos bairros.
A Comissão Nacional de Eleições pediu a defesa, com esta "acção de uma verdadeira democracia", do "direito dos cubanos a construir uma sociedade mais justa, sem interferências nem tutelas de qualquer tipo", em um comunicado lido na televisão antes da abertura das secções eleitorais às 9h.
Em Cuba o voto não é obrigatório, mas os partidários do governo chamam todos a participar, enquanto mantêm uma campanha mediática intensa chamando para as urnas.
As eleições municipais, que são realizadas a cada dois anos e meio, foram o prelúdio para as eleições para as assembleias provinciais e a Assembleia Nacional (Parlamento), que deverão ser celebradas em 2018.
Fonte: SAPO com AFP – 20.04.2015
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