Um grupo de moçambicanos, maioritariamente trabalhadores da construção civil, cortou hoje a principal estrada entre Moçambique e a África do Sul durante cerca de 30 minutos, em retaliação contra a xenofobia, disse à Lusa um comandante da polícia moçambicana.
"Um grupo de trabalhadores da empresa WHO barricou-se no Km 4 e impediu o tráfego, dizendo que é por causa da xenofobia contra moçambicanos na África do Sul, mas a polícia reabriu a circulação 30 minutos depois", disse Afonso Ruco, comandante da Polícia da República de Moçambique (PRM) no distrito de Moamba, a 80 quilómetros da capital moçambicana e que faz fronteira com a África do Sul.
Segundo Ruco, alguns populares juntaram-se aos trabalhadores da WHO, tendo arremessado pedras contra viaturas com matrícula sul-africana, o que levou à detenção de um dos alegados autores dos ataques.
"Felizmente, nenhum carro foi atingido, mas houve alguns que arremessaram pedras e colocaram obstáculos na estrada para impedir a passagem de veículos", declarou o comandante da polícia moçambicana na Moamba.
De acordo com Afonso Ruco, os manifestantes chegaram a permitir que apenas passassem veículos com matrícula moçambicana, impedindo a passagem de veículos com matrícula sul-africana.
"A polícia dominou a situação, muitos trabalhadores dispersaram e voltaram para as suas casas em Maputo, ficando apenas os trabalhadores locais e alguns elementos da população", acrescentou Ruco.
O comandante da polícia de Moamba afirmou que o incidente não causou filas de carros, porque muitos automobilistas preferiram regressar aos lugares de onde vinham até à reabertura da estrada.
Cento e sete moçambicanos, incluindo 22 crianças, regressaram esta madrugada a Moçambique repatriados da África do Sul devido à onda de violência xenófoba no país e foram instalados num campo em Boane, província de Maputo.
Os primeiros 107 moçambicanos, de um total de 600 que estavam refugiados em centros de acolhimento na região sul-africana de Durban, foram transportados em dois autocarros e são maioritariamente oriundos das províncias de Maputo, Gaza e Inhambane, no sul do país.
Fonte: Lusa – 17.04.2015
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