O presidente do MDM, terceira força política de Moçambique, Daviz Simango, exige uma acção judicial contra governantes sul-africanos por causa da violência xenófoba na África do Sul, acusando o Governo moçambicano de cumplicidade.
"A minha grande preocupação é que não vejo advogados contratados pelo Estado moçambicano para processar as autoridades [sul-africanas]. E também há imagens mostrando os autores [da violência xenófoba] e não vejo advogados contratados para processar criminalmente os assassinos", disse o líder do MDM (Movimento Democrático de Moçambique), em entrevista à Lusa na Beira.
Segundo Simango, o Governo moçambicano é cúmplice na onda xenófoba na África do Sul, devido a falhas nas políticas socioeconómicas no seu próprio país, levando vários moçambicanos a emigrar.
Por outro lado, considerou, o Governo moçambicano devia enviar advogados para exigir a indemnização das vítimas às autoridades sul-africanas, e processar os autores, identificados em vídeos e fotos da violência contra estrangeiros.
Além de uma violação dos direitos humanos, os ataques na África do Sul são actos de "ingratidão" por parte dos sul-africanos que se refugiaram em Moçambique durante a luta contra o "apartheid", segundo Simango, que considera a xenofobia mais cruel do que a segregação racial.
Desde que os ataques contra estrangeiros eclodiram na África do Sul, estima-se que mais de 600 moçambicanos refugiram-se em centros de acomodação temporária em Durban e Joanesburgo, dos quais a maioria já regressou a Moçambique, e outros 1.500 voltaram ao seu país por meios próprios.
No sábado, activistas da sociedade civil organizaram uma marcha de protesto em Maputo e exigiram que os responsáveis pela violência xenófoba na África do Sul sejam levados a tribunais internacionais.
A vaga de violência teve início após declarações atribuídas ao rei zulu, Goodwill Zwelithini, convidando os estrangeiros a fazer as malas e a partir e que o próprio veio recuar já no auge da crise, dizendo ter sido mal interpretado.
O filho mais velho do Presidente sul-africano, Edward Zuma, veio a público apoiar as palavras atribuídas ao rei zulu, arrastando o nome do seu pai para o centro de uma crise em que as autoridades sul-africanas são acusadas de pouco ter feito para a controlar.
Para fugir dos altos índices de pobreza em Moçambique, a população, principalmente a mais jovem das zonas rurais do sul do país, emigra ilegalmente para a África do Sul, à procura de melhores condições de vida no país vizinho e uma das economias mais avançadas de África.
Pelo menos três moçambicanos estão entre as vítimas mortais da crise no país vizinho.
Fonte: LUSA – 28.04.2015
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