segunda-feira, fevereiro 07, 2011

Oposição iraniana pede autorização para se manifestar

Em solidariedade com revoltas no mundo árabe

(Público) - Os dois principais líderes da oposição iraniana pediram autorização para realizar uma manifestação de apoio às revoltas no Egipto e Tunísia. A iniciativa cria um dilema às autoridades da República Islâmica que, em 2009, reprimiram protestos idênticos, mas que agora louvam as revoluções contra os regimes próximos dos Estados Unidos.

“Vimos pedir autorização para convidar a população a manifestar-se no dia 14, em apoio à revolta nestes dois países muçulmanos”, escrevem Mir-Hossein Moussavi e Medhi Karroubi na carta que enviaram ao ministro do Interior e que reproduzem nos seus sites. Sem fazer qualquer referência à situação interna iraniana, os dois principais rostos do Movimento Verde (a cor da candidatura de Moussavi às últimas eleições, que se tornou símbolo da oposição) dizem querer solidarizar-se com aqueles que se revoltam contra “os governos tirânicos” na Tunísia e Egipto.

Esta é a primeira vez num ano que a oposição tenta organizar uma concentração. A última tentativa aconteceu a 11 de Fevereiro do ano passado, quando Moussavi e os seus apoiantes saíram à rua, aproveitando as celebrações do aniversário da Revolução Islâmica, mas os protestos foram rapidamente reprimidos.

Apesar da justificação agora apresentada, é pouco provável que o regime iraniano autorize a manifestação na próxima semana, por receio de reanimar a contestação que se seguiu às presidenciais de Junho de 2009. Os protestos, sem precedentes desde a queda do xá, seguiram-se à reeleição do Presidente Mahmoud Ahmadinejad, em eleições que a oposição diz terem sido fraudulentas.


Num comentário publicado na semana passada, Moussavi diz que o Movimento Verde, apesar de fortemente reprimido, serviu de inspiração às oposições no mundo árabe. Uma semelhança que o regime de Teerão tem tentado afastar, argumentando que as revoltas na Tunísia e no Egipto são herdeiras da revolução de 1979. No sermão de sexta-feira, o ayatollah Ali Khamenei falou no “despertar islâmico” que varre a região e louvou os egípcios pela “resposta apropriada à grande traição do ditador”, aliado de Washington e Israel.

Na resposta, o chefe da diplomacia egípcia aconselhou o Supremo Líder iraniano a “preocupar-se com as pessoas que no seu país aspiram a libertar-se de um sistema opressivo”. Também a Irmandade Muçulmana, o mais organizado grupo da oposição egípcia, se distanciou de Khamenei, garantindo que a revolta no Egipto não pretende ser uma revolução islâmica.
Fonte: Público – 07.02.2011

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