quarta-feira, fevereiro 09, 2011

CEDEAO acusa África do Sul e outros países de apoiar Gbagbo

Abuja, Nigéria (PANA) – O presidente da Comissão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), o embaixador James Victor Gbeho, acusou nesta terça-feira a África do Sul e outros países africanos de apoiar de modo unilateral o Presidente cessante ivoiriense Laurent Gbagbo, em detrimento de Alassane Ouattara, reconhecido vencedor da presidencial de 28 de novembro passado na Côte d'Ivoire pela CEDEAO.

Durante uma cerimónia em que a Missão de observação da UE das eleições presidenciais de 28 de Novembro de 2010 na Côte d'Ivoire apresentava-lhe oficialmente o seu relatório, Gbeho acusou nomeadamente a África do Sul de ter enviado uma fragata para as águas territoriais da Côte d'Ivoire, dando assim uma cobertura a Gbagbo.

"Há um navio de guerra sul-africano no cais na Côte d'Ivoire. Estou surpreso que a África do Sul tenha enviado uma fragata para Côte d'Ivoire neste momento", disse Gbeho na sede da CEDEAO, em Abuja, na Nigéria.

"O que é lamentável é o fato de, apesar da solidariedade da União Africana (UA) e da comunidade internacional, alguns Estados membros da UA vieram a esta reunião (a última cimeira da UA) e puseram tudo em causa, considerando que a CEDEAO errou ao aceitar Ouattara como Presidente. Até agora, nenhum país da CEDEAO disse que Ouattara não ganhou. Ninguém contestou a vitória de Ouattara. Todos aqueles que o fizeram não pertencem à região", indignou-se o presidente da Comissão da CEDEAO.

A sua ótica, se se continuar nesta via, "vamos destruir a solidariedade do nosso continente que já nos levou tão longe".

"A solidariedade que se instaurou entre nós está a deteriorar-se pois alguns países se afastam duma decisão tomada. E esta decisão foi levada a sério", afirmou Gbeho.

Ele indicou que este apoio unilateral a Gbagbo encorajou-o a continuar a desafiar a comunidade internacional recusando-se a ceder o poder a Ouattara, reconhecido quase pela totalidade da comunidade internacional como o vencedor deste escrutínio.

Gbeho explicou igualmente que, mesmo se a CEDEAO não adotou uma posição definitiva sobre o uso da força para tirar Gbagbo, "este uso da força será o último recurso. E mesmo neste caso, ela (força) seria legítima".

Ele frisou que a CEDEAO segue um roteiro de paz neste país mergulhado num impasse político com os dois candidatos à segunda volta da presidencial de 28 de novembro passado, designadamente Laurent Gbagbo (cessante) e Alassane Ouattara, que reivindicam cada a vitória eleitoral.

"Comprometemo-nos a seguir um certo roteiro. É o que fazemos. A CEDEAO faz uma outra tentativa de paz, mas caso ele (Ggagbo) persista em não querer retirar-se, a CEDEAO vai usar de outras medidas, incluindo a força legítima. A CEDEAO não impôs sanções, mas poderá fazê-lo. Se estas sanções fracassarem, a CEDEAO poderá também usar da força legítima", indicou o Presidente da Comissão da CEDEAO.

Fonte: Panapress - 08.02.2011

4 comentários:

V. Dias disse...

Já sabiamos que esse senhor jamais sairá do poder, enquanto os seus colegas do Índico estiverem no peleiro. Gbagbo é aluno da mesma escola que eles.

Zicomo

Gata disse...

Claro, todos membros do mesmo "clube".

Anónimo disse...

O que espera do Zimbabwe, Mugabe, se o braco chega ate Costa do Marfim! Tchaka e Ngungunhane foram democratas! A nossa maneira, a nossa cerveja.



Nguiliche

Reflectindo disse...

Aqui na SADC só o Botswana tem uma posição democraticamente clara sobre a situação da Costa do Marfim.
Enfim!