MARCO DO CORREIO
Por Machado da Graça
Olá amiga Lúcia
Como vais, minha amiga? E os teus filhos estão bem? Nós, cá em casa, estamos todos bons, felizmente.
Venho hoje falar-te desta estranha questão dos médicos americanos.
Médicos que podem nem ser médicos e, ao que parece, nem querem vir para cá praticar medicina.
Coisa bizarra, toda ela.
E o mais estranho é que tudo isto parece começar com umas declarações do Encarregado de Negócios americano, Todd Chapman, num tom que ultrapassou um pouco a delicada pressão diplomática para roçar o odor ácido da chantagem.
Dizia ele, mais coisa menos coisa, que havia muitos médicos americanos a querer vir trabalhar para Moçambique, mas o nosso Governo não lhes dava vistos e, portanto, a cooperação americana com Moçambique, nesta área, estava em risco de ter que ser anulada.
E não posso deixar de estranhar que Todd Chapman, habitualmente tão calmo e bem disposto, tenha chegado a termos tão fortes como estes, em termos de diplomacia.
Do nosso lado da barricada saltou a Ministra do Trabalho a afirmar que se os tais americanos queriam entrar em Moçambique tinham que provar que eram, de facto, médicos. Resposta que parecia pôr em causa a seriedade dos diplomas dos ditos clínicos americanos.
E o bate-boca tem continuado mais ou menos dentro destes parâmetros.
Entrou agora em cena um novo personagem. Trata-se do Ministro da Saúde, Dr. Ivo Garrido, que disse algumas coisas que parecem claras, mas não jogam bem com a polémica anterior. Disse ele que já foi autorizada a entrada de 11 americanos; que nem todos são médicos e que nenhum deles vem tratar um único moçambicano. Que vão ficar, se bem percebi as declarações de Ivo Garrido, na administração de projectos americanos na área da saúde.
Acrescentou o Ministro que tem uma carta em que as autoridades americanas dizem aceitar esta solução da vinda dos 11 americanos.
Ora, se os americanos tinham aceite esta solução, porquê veio agora Todd Chapman levantar, de novo, a questão, de forma vigorosa?
Ora, se os americanos não vão tratar doentes, mas apenas gerir projectos, por que razão fazemos tanta pressão em relação aos seus diplomas académicos?
Parece uma história mal contada. Não parece, Lúcia?
Por Machado da Graça
Olá amiga Lúcia
Como vais, minha amiga? E os teus filhos estão bem? Nós, cá em casa, estamos todos bons, felizmente.
Venho hoje falar-te desta estranha questão dos médicos americanos.
Médicos que podem nem ser médicos e, ao que parece, nem querem vir para cá praticar medicina.
Coisa bizarra, toda ela.
E o mais estranho é que tudo isto parece começar com umas declarações do Encarregado de Negócios americano, Todd Chapman, num tom que ultrapassou um pouco a delicada pressão diplomática para roçar o odor ácido da chantagem.
Dizia ele, mais coisa menos coisa, que havia muitos médicos americanos a querer vir trabalhar para Moçambique, mas o nosso Governo não lhes dava vistos e, portanto, a cooperação americana com Moçambique, nesta área, estava em risco de ter que ser anulada.
E não posso deixar de estranhar que Todd Chapman, habitualmente tão calmo e bem disposto, tenha chegado a termos tão fortes como estes, em termos de diplomacia.
Do nosso lado da barricada saltou a Ministra do Trabalho a afirmar que se os tais americanos queriam entrar em Moçambique tinham que provar que eram, de facto, médicos. Resposta que parecia pôr em causa a seriedade dos diplomas dos ditos clínicos americanos.
E o bate-boca tem continuado mais ou menos dentro destes parâmetros.
Entrou agora em cena um novo personagem. Trata-se do Ministro da Saúde, Dr. Ivo Garrido, que disse algumas coisas que parecem claras, mas não jogam bem com a polémica anterior. Disse ele que já foi autorizada a entrada de 11 americanos; que nem todos são médicos e que nenhum deles vem tratar um único moçambicano. Que vão ficar, se bem percebi as declarações de Ivo Garrido, na administração de projectos americanos na área da saúde.
Acrescentou o Ministro que tem uma carta em que as autoridades americanas dizem aceitar esta solução da vinda dos 11 americanos.
Ora, se os americanos tinham aceite esta solução, porquê veio agora Todd Chapman levantar, de novo, a questão, de forma vigorosa?
Ora, se os americanos não vão tratar doentes, mas apenas gerir projectos, por que razão fazemos tanta pressão em relação aos seus diplomas académicos?
Parece uma história mal contada. Não parece, Lúcia?
A sensação que me dá é que cada um destes personagens conta apenas uma parte da história, logicamente a que mais lhe interessa, mas nenhum deles nos dá a história completa para podermos perceber o que se está a passar.
Não seria melhor que todos eles colocassem as cartas na mesa? Todas as cartas, sem deixar nenhumas nas respectivas mangas.
Porque se é só aquilo que nos vai chegando, através das declarações de uns e de outros, trata-se de uma tempestade num copo de água.
Mas custa-me a acreditar que um Encarregado de Negócios e dois Ministros se dediquem a desencadear tempestades em copos de água assim sem mais nem menos.
O que estará por trás disto tudo?
E, já agora, aproveito para perguntar por que motivo a embaixada americana está há tanto tempo sem um Embaixador. Não que eu não aprecie a presença de Todd Chapman. Pelo contrário, é pessoa com quem tenho mantido um relacionamento bastante cordial. Mas não é estranho que, ao fim já de vários anos, os Estados Unidos não sejam capazes de nos enviar um Embaixador?
Ou será, Lúcia, que entre os americanos que esperam visto para entrar em Moçambique está também o futuro Embaixador? E a Ministra do Trabalho não o deixa entrar sem ver os seus diplomas escolares de diplomacia? E o Todd Chapman nunca mais vê chegar quem o vai aliviar das suas actuais tarefas?
Talvez um dia nos expliquem isto tudo muito bem explicado.
Entretanto, parece-me que não seria mau as diversas partes baixarem o tom de voz e procurarem resolver os problemas realmente existentes, sejam eles quais forem, sem intransigências despropositadas, de um dos lados, e sem chantagens e ameaças do outro.
Será que um bom jantar entre os três não seria bom terreno para as coisas se resolverem?
E já há tão bons restaurantes em Maputo...
Um beijo para ti, minha amiga, do
Machado da Graça
CORREIO DA MANHÃ - 28.05.2009
Retirado do Mocambique para todos
Não seria melhor que todos eles colocassem as cartas na mesa? Todas as cartas, sem deixar nenhumas nas respectivas mangas.
Porque se é só aquilo que nos vai chegando, através das declarações de uns e de outros, trata-se de uma tempestade num copo de água.
Mas custa-me a acreditar que um Encarregado de Negócios e dois Ministros se dediquem a desencadear tempestades em copos de água assim sem mais nem menos.
O que estará por trás disto tudo?
E, já agora, aproveito para perguntar por que motivo a embaixada americana está há tanto tempo sem um Embaixador. Não que eu não aprecie a presença de Todd Chapman. Pelo contrário, é pessoa com quem tenho mantido um relacionamento bastante cordial. Mas não é estranho que, ao fim já de vários anos, os Estados Unidos não sejam capazes de nos enviar um Embaixador?
Ou será, Lúcia, que entre os americanos que esperam visto para entrar em Moçambique está também o futuro Embaixador? E a Ministra do Trabalho não o deixa entrar sem ver os seus diplomas escolares de diplomacia? E o Todd Chapman nunca mais vê chegar quem o vai aliviar das suas actuais tarefas?
Talvez um dia nos expliquem isto tudo muito bem explicado.
Entretanto, parece-me que não seria mau as diversas partes baixarem o tom de voz e procurarem resolver os problemas realmente existentes, sejam eles quais forem, sem intransigências despropositadas, de um dos lados, e sem chantagens e ameaças do outro.
Será que um bom jantar entre os três não seria bom terreno para as coisas se resolverem?
E já há tão bons restaurantes em Maputo...
Um beijo para ti, minha amiga, do
Machado da Graça
CORREIO DA MANHÃ - 28.05.2009
Retirado do Mocambique para todos
P:S. Tudo parado?
2 comentários:
Esta historia esta um bocado mal contada. As coisas nao batem certo. Qual sera a verdade no meio de todo este cenario ou cinismo? Maria Helena
Sabes, surpreendeu-me que os xenófabos se calaram desde a conferência de imprensa de Ivo Garrido. Porquê será????
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