O que me levou a recordar-me do episódio de 1989 é a forma como alguns dos que comentam em artigos de corrupção, riqueza ilícita, falta de respeito aos direitos humanos e a justiça social, atacam a quem se mostra contra isto tudo. Uma das perguntas que eles fazem é se o indivíduo contra estes males é pobre ou não estudou ou mesmo se não tem filhos que estudaram (leia por exemplo aqui). É como que dizer que quem tem o direito de falar por pobres é um pobre, pelos iliterados ou pela educação para todos é um iliterado. Até eu podia concordar, mas porque sei que eles falam, mas infelizmente a voz deles não se ouve de longe, então, discordo com este tipo de críticos. Daí que a consciência de quem já não vive na pobreza absoluta, de um académico ou cientista, ser o melhor altifalante dos que se ainda encontram nessa situação.
Se a história nos diz que os fundadores de movimentos anti-colonialistas em Moçambique haviam, de certo modo, estudo até em ensino superior, não julgo necessário este tipo de perguntas. Afinal, por exemplo, Eduardo Chivambo Mondlane como indivíduo, não era pobre e vivia livre nos Estados Unidos da América, onde tinha posto de trabalho que muitos anglo-americanos não tinham e, era respeitado pelo Salazar e o seu governo mais do que muitos portugueses em Moçambique e Portugal. Mas, Eduardo Mondlane era consciente que o seu país era colonizado e maioria dos moçambicanos não era livre e vivia em situação de pobreza como foi antes consigo mesmo. Ele tinha que usar o seu capital, o poder académico que adquirira pelo seu próprio esforço para lutar contra a injustiça em Moçambique e pela independência de Moçambique, constituíndo assim uma liberdade para todos.
Se o pensamento de Eduardo Mondlane e outros mais deve constituir uma escola como propalamos sempre, porquê o bispo Dinis Sunguelane, o jurista Custódio Duma, o sociólogo Carlos Serra, Edson da Luz, entre outros, não podem falar da corrupção, da injustiça que grassa em Moçambique, pura e simplesmente porque eles já não são pobres? Pegando pelo que contou o Edson Jesus do Babalaza na entrevista com o Prof. Carlos Serra, chega para compreender que é o facto de ele ter ultrapassado a pobreza que vivia na sua infância que ele pode gritar ao alto e ser ouvido. Na realidade, em todo o país canta-se sobre a injustica, como o chapa 100 comentou aqui aliás aqui.
P.S: Porque o mesmo tipo de perguntas se tem feito a mim, proprietário deste bloque, eu gostaria de deixar claro que de facto, eu não sou pobre, embora seja da origem de família pobre. Meus país, ainda vivos, são camponeses. O ensino médio e seis anos do ensino superior com sucesso, fiz fora do país. Tudo o que consegui na vida foi por uma luta própria. Ao contrário de muitos, investi para os meus estudos e enquanto eu não ganhar em lotaria, pagarei por eles até que eu vá a reforma. Pela minha casa terei que pagar em cerca de vinte anos se o prémio da lotaria não for muito alto, permitindo-me pagar também o seu crédito. O carro que tenho é do modelo-93, porque desta maneira posso evitar valor de segurança muito alto, tendo assim algo que resta do meu vencimento para alimentação e outras despesas da casa. SOU PELA LUTA CONTRA INJUSTIÇA E CORRUPÇÃO NO MEU PAÍS.
Se a história nos diz que os fundadores de movimentos anti-colonialistas em Moçambique haviam, de certo modo, estudo até em ensino superior, não julgo necessário este tipo de perguntas. Afinal, por exemplo, Eduardo Chivambo Mondlane como indivíduo, não era pobre e vivia livre nos Estados Unidos da América, onde tinha posto de trabalho que muitos anglo-americanos não tinham e, era respeitado pelo Salazar e o seu governo mais do que muitos portugueses em Moçambique e Portugal. Mas, Eduardo Mondlane era consciente que o seu país era colonizado e maioria dos moçambicanos não era livre e vivia em situação de pobreza como foi antes consigo mesmo. Ele tinha que usar o seu capital, o poder académico que adquirira pelo seu próprio esforço para lutar contra a injustiça em Moçambique e pela independência de Moçambique, constituíndo assim uma liberdade para todos.
Se o pensamento de Eduardo Mondlane e outros mais deve constituir uma escola como propalamos sempre, porquê o bispo Dinis Sunguelane, o jurista Custódio Duma, o sociólogo Carlos Serra, Edson da Luz, entre outros, não podem falar da corrupção, da injustiça que grassa em Moçambique, pura e simplesmente porque eles já não são pobres? Pegando pelo que contou o Edson Jesus do Babalaza na entrevista com o Prof. Carlos Serra, chega para compreender que é o facto de ele ter ultrapassado a pobreza que vivia na sua infância que ele pode gritar ao alto e ser ouvido. Na realidade, em todo o país canta-se sobre a injustica, como o chapa 100 comentou aqui aliás aqui.
P.S: Porque o mesmo tipo de perguntas se tem feito a mim, proprietário deste bloque, eu gostaria de deixar claro que de facto, eu não sou pobre, embora seja da origem de família pobre. Meus país, ainda vivos, são camponeses. O ensino médio e seis anos do ensino superior com sucesso, fiz fora do país. Tudo o que consegui na vida foi por uma luta própria. Ao contrário de muitos, investi para os meus estudos e enquanto eu não ganhar em lotaria, pagarei por eles até que eu vá a reforma. Pela minha casa terei que pagar em cerca de vinte anos se o prémio da lotaria não for muito alto, permitindo-me pagar também o seu crédito. O carro que tenho é do modelo-93, porque desta maneira posso evitar valor de segurança muito alto, tendo assim algo que resta do meu vencimento para alimentação e outras despesas da casa. SOU PELA LUTA CONTRA INJUSTIÇA E CORRUPÇÃO NO MEU PAÍS.
9 comentários:
Optima reflexao, caro Reflectindo.
A experiência por ti descrita (de como ultrapassaste a pobreza)mostra que é possível sair-se da pobreza sem cometer injustica social.
Pessoalmente, considero-me um lutador para sair da pobreza.
Venho duma família pobre, que não conhece o que é uma casa coberta de Zinco, nem mesmo a sabor de corrente electrica, água gelada, uma televisao ou ouvir música em CD.
Desde aos onze anitos que aprendi a pagar as minhas propinas por conta própria. Vendendo cigarros na porta das discotecas, entre outras "batalhas" da vida.
Consegui ingressar numa Universidade e obtive o grau de bacharelato em Economia e Gestao, na Beira, (com parcos recursos poupados aquando da minha carreira de docente primário, num dos distritos recôndidos do Niassa e contribuicoes por parte de familiares e amigos). Duas bolsas de estudo "matrecadas" no Governo Local (Niassa).
Seguido ao Bacharelato, ingressei-me na carreira de docente principiante numa Faculdade, em Cuamba (durante 3,5 anos)
A persistência de se informar cada vez mais, apercebi-me, através do jornal notícias, de existência de bolsas de estudo para pós graduacao (financiadas por uma agência internacional). Meti minha papelada, fui apurado e ganhei a bolsa. Hoje, encontro-me no estrangeiro (Africa do Sul), fazendo a pós-graduacao em Economia.
As perspectivas rumo ao combate a pobreza são encorajadores.
Um abraco
Tavares, Stellenbosch (South Africa)
tavaresilva03@gmail.com
Nesta "luta" de ricos contra pobres, especialmente em moz, é bastante difusa. Além das (enormes) diferenças de classes, muitas vezes também se perde muitas energias com conotações de xenofobia e racismo.
Hoje em dia o mercado é global, e e confesso que sou um estrangeiro, cujos pais nunca tiveram grandes recursos, a trabalhar em Maputo,com muitos sacrificios e longe de tudo e todos, simplesmente para não ter de andar 20 anos a pagar casa e carro como você tão eloquentemente descreve neste blog.
Choca-me profundamente muitas vezes ouvir referências de gente a dizer que andamos aqui simplesmente a roubar empregos aos moçambicanos, quando estamos num mercado livre, e certamente que se houvessem recursos devidamente qualificados localmente, certamente iriam contratar alguém que lhes saíria muito mais barato que eu.
Para mais, já dei contributos grandes a este país, e já formei vários moçambicanos a meu cargo, dando-lhes a possibilidade de ter uma carreira digna, sendo que um dos meus melhores "pupilos" moçambicano escolheu enveredar também por uma carreira internacional, ao invés de continuar a trabalhar comigo.
Sinto uma afinidade consigo no facto de ter de ter lutado muito por mérito próprio, sendo que já trabalho desde os meus 17 anos. Os acidentes da vida quiseram que eu viesse parar tão longe de casa, sendo que as primeiras vezes vim para aqui quase obrigado. No entanto, como disse, pelo menos em um ou dois anos poderei regressar a casa sem ter de andar a contar os parcos tostões que sobram todos os meses, ou a pagar uma casa à custa de dois empregos e também muito sacrificio, como é o caso da minha irmã, que coitada tem-se revelado uma mulher de armas depois de abandonada pelo marido.
Bem, mas voltando ao tema que eu pretendia discutir, não compreendo de todo o discurso do guebuza. A ideia que passa de Moçambique é um pais extremamente pobre, sem produção visivel, e uma economia sustentada em donativos e ONGs. Tal como muitos países da area, essa mesma situação convem a uma elite, sendo que a produtividade do pais é controlada e amordaçada em detrimento de dinheiro facil.
Os únicos mesmo que estão levando à letra do guebuza a questão de ficarem todos ricos, parecem ser agora os governantes os policias de transito. Os primeiros, autoaumentam-se com o poder de lei que supostamente lhes foi dado pelo povo sem o menor pudor. Quanto aos segundos, no tempo do chissano, o saque era meio envergonhado, no meio da noite, ao fim-de-semana, hoje em dia é vê-los facturar à descarada a qualquer hora quase todos os dias.
E entretanto no meio disto tudo, o salário minimo continua a ser uma anedota, e a segurança social um saco azul só para sacar dinheiro...
Meu caro irmão Tavares, força e muita força. Gosto muito de ouvir histórias como as tuas idênticas as minhas. Aquilo que eu escrevi é apenas um resumo, porque afinal passei por criado da casa, vendedor de sorvetes/gelado, no mercado e ruas, estudando no curso nocturno para fazer a sexta-classe e daí progredir sempre com o meu próprio esforco.
Pessoalmente, penso que só pessoas que trabalham duramente desenvolverão o país.
Obrigado pelo endereço que me deste. Escrevo-to em privado, pois que gosto de amizades.
Saudações
askwaria@gmail.com
Caro anónimo, "estranja"! Apenas uma brincadeira e desenjando-lhe um bem-vindo ao blogue.
Seriamente dizendo, tenho receios que um dia eu me acorde e pela televisão, venha a saber que Mocambique passou a ser Mugabelândia. Afinal o discurso xenófobo, vem de gente que não não quer trabalhar arduamente para o seu bem-estar, oportunistas. Essas pessoas descobriram um método, o caminho mais curto para alimentarem a sua preguiça.
Sabe uma coisa, "estranja"? Só para provar os xenófobos, aconselho-lhe a requerer um emprego a concorrer com um mocambicano com mesmíssimas qualificações mas ele de pele negra, numa empresa onde o director é um dos xenófabos. Por outro, ainda muito simples, vá com moçambicano de pele negra num restaurante ou empresa em que o proprietário é um xenófobo reconhecido. Aí você vai ver quem será o primeiro a ser atendido.
Veja só, muitos sabem sabem que muitos moçambicanos com ensino superior vivem fora do país por uma razão que o governo mocambicano sabe. Então, porque falar mal de um estrangeiro que preenche esse lugar? Ainda me interrogo, se país muito desenvolvidos como EUA dão carta verde a pessoas qualificadas, porquê Mocambique não assumi o mesmo como via para o desenvolvimento?
Ou ainda mais, os países ocidentais estão agora a ver a problemática de nascimentos e avelhice e indirectamente estão a mobilizar imigracão para fazer o balanço da sua população e bem-estar e isto, não está longe do princípio do negócio de escravos, embora os últimos não sejam forçados para um barco, mas voluntários para uma vida um pouco melhor que a que são negados em África.
Trabalhe sem se preocupar por eles, porque xenófabos há em todo o lado.
Saudacões
eh, e aqui vindo do estranja outra vez... digo que não é a primeira vez que escrevo no vosso blog, mas obrigado pelas calorosas boas vindas.
A verdade é que muitos paises na europa estão a mobilizar imigração, e não é só por o balanço da população. Os portugas já se recusam a fazer trabalhos como recolha lixo municipal por exemplo... ainda para mais quando têm a palhaçada do rendimento minimo que lhes garantem dinheiro sem mexerem um dedo, ou quando dão casas a quem nunca trabalhou...e isto vindo de emigras que iam para frança fazer os mais reles do trabalho é um contrassenso... mas passemos adiante.
Depois, paises como Portugal sempre gostaram de mão de obra barata e escrava, e a entrada de emigrantes proporciona-lhes isso, e o enfraquecimento da obra nacional face à nova competição.
Para vermos que o salario minimo de Portugal, comparado com a vizinha espanha é uma anedota. E a produtividade de Portugal comparada a espanha é outra anedota também.
Nesse pararelismo entre Portugal e Espanha, diga-se que é uma grande injustiça social os salários minimos existerem para contrabalaçar a falta de capacidade de gestão e visão do patronato...
esqueci-me de fechar as minhas deambulações como devia...
Nesse pararelismo entre Portugal e Espanha, diga-se que é uma grande injustiça social os salários minimos existerem para contrabalaçar a falta de capacidade de gestão e visão do patronato... TAL COMO EM MOÇAMBIQUE.
E já que estamos em moçambique, como vocês gostam muito de dizer, mas num português mais correcto, não digo mais nada... ;)
Gosto das suas reflexões, vamos prosseguir. Mais um obrigado por me informar que tem visitado este espaco. Sinta-se em casa. Troquemos sempre as experiências para ultrapassarmos os problemas comuns neste mundo globalizado.
Diz a ele para visitar tambem o meu, oh Reflectindo. Da' para transaccionar essa linha de raciocinio sobre direfencas da Tuga e Espanhois para um contexto nosso? Vejo a colonizacao, vejo a neocolonizacao, vejo o neoliberalismo que se abateu contra Mocambique onde cidadaos fazem dos aborigenes seus semelhantes escravos da pior especie que nem os colonos ousaram ter. E' apenas um levantar de questoes, o que acham?
Com certeza que o meu amigo "estranja" há-de ler o seu comentário e visitará o seu blog.
Aquele abraco, Dede
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