Algo para aprender?
Estou consciente que este post não interessa a muitos moçambicanos porque, por um lado, não conhecem perfeitamente este país nórdico, situado na Península Escandinava e por outro lado, por este ser um país europeu e ocidental, isto é, não africano como muitos alegam sempre em discussões sobre democracia, direitos humanos ou corrupção.
Porém há algo que poderia nos ajudar à aproximacão entre os nossos povos porque:
- primeiro, a Suécia apoiou Moçambique desde os tempos de guerra pela nossa independência, muito em particular no campo de educação;
- segundo, porque mesmo depois da independência, a Suécia continuou a apoiar
Moçambique em muitas áreas de desenvolvimento e formação de quadros, como um actualmente director nacional me revelara, há anos, que estudou no Brasil através duma bolsa sueca;
- terceiro, porque os suecos como povo em si, são muito sensíveis quanto ao povo moçambicano, e, isso provei pessoalmente pela forma de enganjamento em apoio aquando as cheias de 2000, entre muitas ocasiões. Aliás, Henning Mankell, o escritor e dramaturgo sueco, parcialmente vivendo em Maputo, acaba mostrando este gesto dos suecos ao oferecer 15 milhões de coroas suecas para construção de uma aldeia de crianças (SOS Children Village), em Manica;
- quarto, a Suécia é um dos países que mais investe pelo nosso processo democrático, isto financialmente como em recursos humanos. Pessoalmente, tenho achado muita coisa que podiamos aprender deste país a bem da nossa pátria amada, em particular no que tange à democracia, desenvolvimento económico e humano, direitos humanos, criação de bem-estar.
Apresso-me em dizer que relato isto, porque tenho acompanhado de algumas pessoas, sobretudo académicos, que coisas como a corrupção, desvio de fundos, fraudes, a falta de respeito pelos direitos humanos que ocorrem um pouco por todo o lado em Moçambique, seriam tolerados em países como a Suécia. Há quem já disse, por exemplo, que o uso de fundos pelo antigo ministro de educação, não era desvio ou corrupção no contexto sueco.
Durante esta semana acompanhei pela imprensa sueca muitos acontecimentos na arena política, isso que deviamos aprender. Três políticos locais e uma funcionária pública (Secretária do Gabinete do Primeiro-Ministro) demitiram-se. Uma, porque abusando o seu poder, imiscuiu-se na vida privada duma funcionária; a outra, porque fez uma fraude eleitoral ao retirar boletins de votos doutro partido, durante um acto eleitoral; um outro ainda, por uma aproximação inconfortável a uma sua colega. Quanto à funcionária pública foi por ter bebido (álcool) quando esteve numa conferência ou em servico. Isto tudo passaria com certeza despercebido se desse em Moçambique onde não há responsabilidade nem responsabilização pelos actos ilegais de quem está no poder.
Na Suécia como num país democrático, quem denuncia e investiga ilegalidades como estas são jornalistas. Em Moçambique não temos falta desse tipo de jornalistas. Temos jornalistas de calibre que investigam e denunciam actos ilegais praticados pelo poder. Se possível temos jornalistas que se cobiçam pelo mundo democrático. O que não há, então, em Moçambique?
Eu julgo que é a democracia verdadeiramente dita. Não temos meios que sancionem o poder pelos actos ilegais, de abuso ao poder, e o pior ainda, é quando não se dão pelo ouvido às investigacões e denúncias feitas pelos nossos jornalistas. Num país democrático, sanções passam pelas urnas, e, quando se gazetea às eleições é também uma sanção aos políticos. Em Moçambique, quem tem poder até pode seleccionar quem deve votar como se estivessemos ainda na idade média ou na era de segregação racial nos Estados Unidos da América e mesmo aqui na nossa vizinha África do Sul. Em Moçambique, abstenções, mesmo que sejam na ordem de 80 %, não preocupam a quem tem poder, antes pelo contrário, tornam-se a causa de festas infinitas – festas que se realizam de povoado em povoado, mesmo naquele onde a brigada de recenseamento eleitoral não chegou ou não houve mesa de votação. Abstenções já constituem uma estratégia do poder.
Escutemos com atenção a mensagem do Azagaia em A Marcha. Reflictamos!
Reflectindo sobre Moçambique
Estou consciente que este post não interessa a muitos moçambicanos porque, por um lado, não conhecem perfeitamente este país nórdico, situado na Península Escandinava e por outro lado, por este ser um país europeu e ocidental, isto é, não africano como muitos alegam sempre em discussões sobre democracia, direitos humanos ou corrupção.
Porém há algo que poderia nos ajudar à aproximacão entre os nossos povos porque:
- primeiro, a Suécia apoiou Moçambique desde os tempos de guerra pela nossa independência, muito em particular no campo de educação;
- segundo, porque mesmo depois da independência, a Suécia continuou a apoiar
Moçambique em muitas áreas de desenvolvimento e formação de quadros, como um actualmente director nacional me revelara, há anos, que estudou no Brasil através duma bolsa sueca;
- terceiro, porque os suecos como povo em si, são muito sensíveis quanto ao povo moçambicano, e, isso provei pessoalmente pela forma de enganjamento em apoio aquando as cheias de 2000, entre muitas ocasiões. Aliás, Henning Mankell, o escritor e dramaturgo sueco, parcialmente vivendo em Maputo, acaba mostrando este gesto dos suecos ao oferecer 15 milhões de coroas suecas para construção de uma aldeia de crianças (SOS Children Village), em Manica;
- quarto, a Suécia é um dos países que mais investe pelo nosso processo democrático, isto financialmente como em recursos humanos. Pessoalmente, tenho achado muita coisa que podiamos aprender deste país a bem da nossa pátria amada, em particular no que tange à democracia, desenvolvimento económico e humano, direitos humanos, criação de bem-estar.
Apresso-me em dizer que relato isto, porque tenho acompanhado de algumas pessoas, sobretudo académicos, que coisas como a corrupção, desvio de fundos, fraudes, a falta de respeito pelos direitos humanos que ocorrem um pouco por todo o lado em Moçambique, seriam tolerados em países como a Suécia. Há quem já disse, por exemplo, que o uso de fundos pelo antigo ministro de educação, não era desvio ou corrupção no contexto sueco.
Durante esta semana acompanhei pela imprensa sueca muitos acontecimentos na arena política, isso que deviamos aprender. Três políticos locais e uma funcionária pública (Secretária do Gabinete do Primeiro-Ministro) demitiram-se. Uma, porque abusando o seu poder, imiscuiu-se na vida privada duma funcionária; a outra, porque fez uma fraude eleitoral ao retirar boletins de votos doutro partido, durante um acto eleitoral; um outro ainda, por uma aproximação inconfortável a uma sua colega. Quanto à funcionária pública foi por ter bebido (álcool) quando esteve numa conferência ou em servico. Isto tudo passaria com certeza despercebido se desse em Moçambique onde não há responsabilidade nem responsabilização pelos actos ilegais de quem está no poder.
Na Suécia como num país democrático, quem denuncia e investiga ilegalidades como estas são jornalistas. Em Moçambique não temos falta desse tipo de jornalistas. Temos jornalistas de calibre que investigam e denunciam actos ilegais praticados pelo poder. Se possível temos jornalistas que se cobiçam pelo mundo democrático. O que não há, então, em Moçambique?
Eu julgo que é a democracia verdadeiramente dita. Não temos meios que sancionem o poder pelos actos ilegais, de abuso ao poder, e o pior ainda, é quando não se dão pelo ouvido às investigacões e denúncias feitas pelos nossos jornalistas. Num país democrático, sanções passam pelas urnas, e, quando se gazetea às eleições é também uma sanção aos políticos. Em Moçambique, quem tem poder até pode seleccionar quem deve votar como se estivessemos ainda na idade média ou na era de segregação racial nos Estados Unidos da América e mesmo aqui na nossa vizinha África do Sul. Em Moçambique, abstenções, mesmo que sejam na ordem de 80 %, não preocupam a quem tem poder, antes pelo contrário, tornam-se a causa de festas infinitas – festas que se realizam de povoado em povoado, mesmo naquele onde a brigada de recenseamento eleitoral não chegou ou não houve mesa de votação. Abstenções já constituem uma estratégia do poder.
Escutemos com atenção a mensagem do Azagaia em A Marcha. Reflictamos!
Reflectindo sobre Moçambique
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