A talhe de foice
Por Machado da Graça
Já a semana passada referi, brevemente, a questão de os computadores usados no recenseamento não reconhecerem que há moçambicanos que nasceram fora do país. Mas creio que é necessário elaborar mais sobre este e outros assuntos relacionados com o processo de recenseamento.
O Cartão de Eleitor é um documento oficial. Tem nele os símbolos do Estado moçambicano.
Ora, o que está a acontecer é que nesse documento oficial estão a ser colocadas informações falsas. E isso não acontece por engano, por erro. Acontece de forma perfeitamente consciente e intencional. Os brigadistas que o fazem sabem que estão a registar uma mentira.
Só que não têm outra possibilidade. Os computadores com que têm que trabalhar não prevêm que haja moçambicanos nascidos fora do país.
Assim, pessoas como a senhora Janet Mondlane e os seus filhos, as senhoras Pamela Rebelo e Pamela dos Santos e tantos outros moçambicanos nascidos fora do país são registadas no cartão como sendo nascidas em qualquer parte do território nacional. Algumas brigadas dão mesmo a essas pessoas a possibilidade de escolherem um ponto do país para ficar como o seu local de nascimento.
Tudo isto é profundamente aberrante. Se foi decidido que era necessário o cartão conter a indicação sobre o local de nascimento do votante foi porque isso era importante. E, se era assim importante, a mentira que lá é conscientemente colocada é extremamente grave.
Se for feita uma estatística, com base nos dados do recenseamento, ficará patente que não existem cidadãos moçambicanos nascidos fora do país. O que é uma enorme mentira.
Mas este é apenas mais um dos mil problemas que estes computadores estão a sofrer. E, com eles, todo o processo do recenseamento.
Outro, recente, é o caso de os computadores terem deixado de funcionar ao fim de um mês de trabalho. Parece que os programadores não estavam bem informados sobre o período em que iria decorrer o recenseamento. E, ao fim de um mês, os computadores pararam e foi preciso reprogramá-los. Em todo o país. Até à aldeia mais remota.
Isto para além de todas as avarias que estão a acontecer por todo o lado. Para além de outros problemas de programação de que ainda não fomos correctamente informados, para além da pouca, ou nenhuma, preparação que os brigadistas receberam para usar um tal tipo de equipamento.
E isso leva-nos a perguntar:
. Quem decidiu que o recenseamento tinha que ser feito usando computadores?
. Como foram escolhidos os computadores que foram comprados?
. Quem fez a programação?
. Que empresa forneceu os computadores?
. A quem pertence essa empresa?
A resposta a estas perguntas talvez nos ajude a compreender toda a realidade desta situação calamitosa.
Tudo o mais é responsabilidade do Estado e do Governo que o controla. Se chegámos a este estado de total
caos isso tem apenas um culpado: o Governo da Frelimo.
Não se pode apontar o dedo a mais ninguém. Mais ninguém teve poder para fazer as coisas de outra forma e, portanto, mais ninguém pode ser chamado a partilhar as responsabilidades da pouca vergonha que está a ser este recenseamento.
Estou a escrever num momento em que já ultrapassámos mais de metade dos dias previstos para o processo. No entanto, segundo o “mediaFAX”, nenhuma província ultrapassou os 25% da meta prevista, várias não chegaram sequer aos 10% e Nampula parece ter ficado pelos 3% (três porcento)!
Ao propor o adiamento das eleições a Frelimo está a tentar que nós esqueçamos que o caos, que provoca o alarme nacional, foi provocado pela sua negligência, intencional ou não.
Por muito palavreado que o sr. Edson Macuácua despeje nos órgãos de informação estatais, sempre tão ávidos de lhe abrir os microfones, a verdade não pode ser escamoteada: se alguém conduziu o processo a esta situação calamitosa, esse alguém foi o Governo da FRELIMO.
Não foi mais ninguém.
Se estivéssemos num país normal em que o Governo responde pelo que fez e pelo que não fez, este caos a que assistimos seria mais do que suficiente para o Governo se demitir em bloco.
Como estamos em Moçambique nada irá acontecer, como é costume.
Só espero que, quando chegar o momento do voto, de colocar uma cruzinha à frente de um determinado símbolo, os eleitores de Norte a Sul não se esqueçam do que está agora a acontecer.
O Cartão de Eleitor é um documento oficial. Tem nele os símbolos do Estado moçambicano.
Ora, o que está a acontecer é que nesse documento oficial estão a ser colocadas informações falsas. E isso não acontece por engano, por erro. Acontece de forma perfeitamente consciente e intencional. Os brigadistas que o fazem sabem que estão a registar uma mentira.
Só que não têm outra possibilidade. Os computadores com que têm que trabalhar não prevêm que haja moçambicanos nascidos fora do país.
Assim, pessoas como a senhora Janet Mondlane e os seus filhos, as senhoras Pamela Rebelo e Pamela dos Santos e tantos outros moçambicanos nascidos fora do país são registadas no cartão como sendo nascidas em qualquer parte do território nacional. Algumas brigadas dão mesmo a essas pessoas a possibilidade de escolherem um ponto do país para ficar como o seu local de nascimento.
Tudo isto é profundamente aberrante. Se foi decidido que era necessário o cartão conter a indicação sobre o local de nascimento do votante foi porque isso era importante. E, se era assim importante, a mentira que lá é conscientemente colocada é extremamente grave.
Se for feita uma estatística, com base nos dados do recenseamento, ficará patente que não existem cidadãos moçambicanos nascidos fora do país. O que é uma enorme mentira.
Mas este é apenas mais um dos mil problemas que estes computadores estão a sofrer. E, com eles, todo o processo do recenseamento.
Outro, recente, é o caso de os computadores terem deixado de funcionar ao fim de um mês de trabalho. Parece que os programadores não estavam bem informados sobre o período em que iria decorrer o recenseamento. E, ao fim de um mês, os computadores pararam e foi preciso reprogramá-los. Em todo o país. Até à aldeia mais remota.
Isto para além de todas as avarias que estão a acontecer por todo o lado. Para além de outros problemas de programação de que ainda não fomos correctamente informados, para além da pouca, ou nenhuma, preparação que os brigadistas receberam para usar um tal tipo de equipamento.
E isso leva-nos a perguntar:
. Quem decidiu que o recenseamento tinha que ser feito usando computadores?
. Como foram escolhidos os computadores que foram comprados?
. Quem fez a programação?
. Que empresa forneceu os computadores?
. A quem pertence essa empresa?
A resposta a estas perguntas talvez nos ajude a compreender toda a realidade desta situação calamitosa.
Tudo o mais é responsabilidade do Estado e do Governo que o controla. Se chegámos a este estado de total
caos isso tem apenas um culpado: o Governo da Frelimo.
Não se pode apontar o dedo a mais ninguém. Mais ninguém teve poder para fazer as coisas de outra forma e, portanto, mais ninguém pode ser chamado a partilhar as responsabilidades da pouca vergonha que está a ser este recenseamento.
Estou a escrever num momento em que já ultrapassámos mais de metade dos dias previstos para o processo. No entanto, segundo o “mediaFAX”, nenhuma província ultrapassou os 25% da meta prevista, várias não chegaram sequer aos 10% e Nampula parece ter ficado pelos 3% (três porcento)!
Ao propor o adiamento das eleições a Frelimo está a tentar que nós esqueçamos que o caos, que provoca o alarme nacional, foi provocado pela sua negligência, intencional ou não.
Por muito palavreado que o sr. Edson Macuácua despeje nos órgãos de informação estatais, sempre tão ávidos de lhe abrir os microfones, a verdade não pode ser escamoteada: se alguém conduziu o processo a esta situação calamitosa, esse alguém foi o Governo da FRELIMO.
Não foi mais ninguém.
Se estivéssemos num país normal em que o Governo responde pelo que fez e pelo que não fez, este caos a que assistimos seria mais do que suficiente para o Governo se demitir em bloco.
Como estamos em Moçambique nada irá acontecer, como é costume.
Só espero que, quando chegar o momento do voto, de colocar uma cruzinha à frente de um determinado símbolo, os eleitores de Norte a Sul não se esqueçam do que está agora a acontecer.
Fonte: SAVANA - 02.11.2007
4 comentários:
O Machado da Graca escreve: "Se estivéssemos num país normal em que o Governo responde pelo que fez e pelo que não fez, este caos a que assistimos seria mais do que suficiente para o Governo se demitir em bloco.
Como estamos em Moçambique nada irá acontecer, como é costume."
Isto é o que tentei dizer no meu artigo sob o título: "A moral na política, numa fasquia alta". Do resto vamos a ver se não haverá mais uma asneira nas eleicões vindouras. O discurso de que mesmo o registo eleitoral foi livre, será apenas mais uma vergonha. Eu acho que isto está no plano da companhia Marcelino dos Santos/Mariano Matsinhe sob comando do Guebuza.
Demissão em bloco! Destes senhores?...Nem que explodissem 10 Paiois, por pura negligência deles, isso jamais aconteceria. A ganância deles é tamanha que os impede de admitir os próprios erros.
Como pessoa que trabalho na area, posso perfeitamente esclarecer que os computadores não são programados para funcionar um, dois ou qualquer periodo de tempo.
Dada a "coincidência" de terem parados todos ao fim de um mês, diriam que estavam a usar cópias de Windows XP não registadas, que apenas funcionam durante um mês - um problema extremamente básico e sobejamente conhecido de qualquer que se suponha ser informático... é o preço a pagar pela incompetência e falta de planeamento no futuro, e baixos salários.
Those who pay peanuts get monkeys...
Muito obrigado anónimo pela contribuicão. Desta maneira entendemos do que se passa e passou. Para mim, presiste ainda a questão se eles não fizeram isto intencionalmente. É difícil que pessoas do tipo Leopoldo e Carrasco, o último com uma longa experiência no processo eleitoral e o primeiro com uma experiência de direccão venham a fazer asneiras como estas. Penso que há muito que estes senhores têm que responder.
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