O vice-ministro da Indústria e Comércio falava numa palestra dirigida a estudantes da Universidade Técnica de Moçambique (UDM), na capital do país, sobre o estágio actual da economia moçambicana. Ragendra de Sousa começou por explicar os mecanismos de funcionamento de uma economia e no desenvolvimento falou da actual crise da dívida que o país atravessa, tendo explicado aos estudantes que a questão mais grave em relação a este aspecto foi o facto de o crédito ter sido contratado sem ser declarado, e não propriamente o valor envolvido, já que, pelos cálculos por si feitos, é possível pagar toda a dívida pública com as receitas de exportação do gás da Bacia do Rovuma.
De Sousa havia feito estes pronunciamentos numa entrevista recente, concedida ao jornal português Público. Para este jornal, apresentou a visão de que seria necessária a venda antecipada do gás natural para que se possa pagar toda a dívida pública nesse intervalo de tempo.
O economista reconheceu, no entanto, que “por causa da dívida ninguém quer nos emprestar dinheiro, uma vez que as agências de notação da dívida baixaram significativamente o rating de Moçambique (fiabilidade do país como receptor de empréstimos).
Também disse aos estudantes que o problema estrutural da economia moçambicana é o facto de importar mais do que exporta, pelo que o país precisa de mais empresários que se possam focalizar na produção, aumento de exportações e de divisas. Também referiu-se à tensão político-militar como um obstáculo a considerar na instabilidade económica actual.
Em relação aos caminhos que seriam importantes trilhar para mudar o actual quadro da economia, o vice-ministro da Indústria e Comércio referiu-se à mudança de atitude em relação ao trabalho e produção, melhorar a produção de bens que Moçambique tem potencial como vegetais, hortícolas, cereais e bens industriais cujas indústrias existem, mas estão paradas (Mabor, Vidreira, etc.), melhorar o ambiente de negócios banindo a corrupção e a burocracia, restabelecer a confiança e credibilidade do país no mercado internacional, acelerar o processo que vai conduzir ao início dos investimentos de gás em Pemba, entre outras medidas.
Fonte: O País – 03.10.2016
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