segunda-feira, fevereiro 07, 2011

RAS expulsa imigrantes asiáticos para o país

UM total de 448 imigrantes ilegais de nacionalidades chinesa, bengali e paquistanesa foram expulsos da África do Sul e encaminhados sábado para o nosso país, ponto a partir do qual entraram fraudulentamente em território sul-africano.
O grupo chegou a Moçambique, através da fronteira da Ressano Garcia. Daqui, os 448 asiáticos foram transportados em autocarros do Ministério do Interior para o Centro Aberto de Boane, na província do Maputo. Entre os chineses, cinco são do sexo feminino.

A situação que é pouco comum no país ocorre semanas depois da descoberta e repatriamento de Moçambique de centenas de outros imigrantes com as mesmas nacionalidades, incluindo desta feita somalis e etíopes.

A propósito, Carlos Rungo, comandante da Polícia da República de Moçambique (PRM) na província do Maputo, disse à nossa Reportagem que a África do Sul agiu assim, na medida em que os 488 imigrantes utilizaram as fronteiras moçambicanas para entrarem na “terra do rand”.

Eles não têm nacionalidade moçambicana mas em circunstâncias desta natureza e à luz dos princípios gerais do Direito Internacional e normais aplicáveis, a via de entrada tem de ser, obrigatoriamente, via de saída.

Conforme explicou, parte dos imigrantes dispõem de documentos de viagem falsos, enquanto outros conseguiram vistos contrafeitos.

“É prematuro dizer como é que conseguiram esses documentos. Ainda estamos a fazer a triagem e ver cada caso”, respondeu Rungo quando convidado pela nossa Reportagem a explicar como é que os imigrantes teriam conseguido, com alguma facilidade, obter documentos moçambicanos.

Na ocasião, o comandante deu a conhecer que o grupo será repatriado para as respectivas terras de origem na primeira oportunidade. Tal deverá acontecer ainda esta semana.

Enquanto isso, a fonte não especificou se haverá ou não outros imigrantes ilegais em vias de serem enviados à Moçambique pela África do Sul.

A imigração ilegal é um verdadeiro problema no país devido às fragilidades das fronteiras no controlo de documentos de viagem e vistos de entrada.

Arsénio Manhice

Fonte: Jornal Notícias - 07.02.2011

4 comentários:

V. Dias disse...

A África do Sul percebeu que esses novos "lázaros" não passam de oportunistas.

É uma decisão justa, por um lado; mas por outro, coloca a questão da aldeia global, dos Direitos Humanos, afinal não passa de um fisaco!!!

O que é que me tens a dizer Reflectindo que, tanto quanto sei, dominas esta questão dos refugiados.

Zicomo

Reflectindo disse...

V. Dias,

Depois tentarei responder à tua pergunta.

Abraco

Anónimo disse...

Está a rebentar pelas costuras.
Cada País para organizar a sua economia, tem a partir doo sistema educacional, confrontar com o próprio desenvolvimento económico no terreno.
Quando começam aparecer "filhos de um Deus menor", sem conhecimentos técnicos-científicos, um prejuízo de prejuízo, então que fazer?
Devolver a origem, visto que saíram de Países, com muito desemprego, e , é o "vê se te avias".
A RAS lavou as mãos, qual Pilatos!
Moçambique tem de recorrer ao Engº Guterres-ONU-Refugiados (ACNUR) em Geneve.

Fungulamasso

Reflectindo disse...

Caro V. Dias

É muito difícil dizer que estes imigrantes são refugiados, segundo a Convencão de Geneva sobre refugiados. Mas os países têm que avaliar caso por caso para determinar se o individuo se encontrava em situação de risco no seu país. Deve haver aí muito procedimento, mas é o que é aconselhável.
Entretanto, o que mais me parece neste problema é ser tráfico humano, uma accão de uma rede de criminosos. Essa rede, deve começar pelos países de origem dos imigrantes ao ponto final, África do Sul. Moçambique deve estar na situacão da Espanha e Itália, talvez com diferença da acção dos serviços de migração.
Uma coisa a termos em conta é que os imigrantes são simples vítimas dos criminosos. E, sendo vítimas, repartriamento compulsivo sem analisar caso por caso e a consequência quando regressados aos seus países, pode constituir uma violacão dos direitos humanos.

Tenho muitas dúvidas que estes imigrantes todos consegam alcançar o que são prometidos pelos traficantes. Talvez uns poucos que depois se integram no próprio tráfico humano.

Como se diz que o destino dos imigrantes ilegais é África do Sul, sou da opinião que os serviços de migração da SADC e os países de origem dos imigrantes deviam discutir sobre a questão para travar o tráfico humano. Acho que para travar o negócio, passa por os governos perseguirem os traficantes e não os imigrantes que são simples vítimas. É uma situação difícil quando os envolvidos no crime, são os que deviam combatê-lo, neste caso a polícia.