Vitória da oposição foi "irrefutável" - ONU

Abidjan - O presidente da Côte d'Ivoire, Laurent Gbagbo, não tinha motivos para contestar a vitória de seu adversário Alassane Quattara na eleição presidencial de Novembro, disse a Organização das Nações Unidas (ONU) na quarta-feira, após revisar os resultados.

Desafiando a pressão internacional para entregar o poder, Gbagbo nomeou um novo gabinete e deu posse a si próprio para um novo mandato, apesar do resultado provisório que dava 10 pontos percentuais de vantagem para Ouattara nas urnas.

Ouattara prestou juramento numa cerimônia paralela, culminando uma situação que ameaça novamente dividir a Côte d'Ivoire, maior produtor mundial de cacau, que passou por uma guerra civil entre o norte e o sul em 2002/03.

O chefe da missão da ONU no país, Y.J. Choi, rejeitou as acusações dos partidários de Gbagbo de que Choi teria interferido em assuntos internos ao declarar a vitória de Ouattara. Ele afirmou que reversão do resultado pelo Conselho Constitucional Marfinense, presidido por um aliado de Gbagbo, não estava "baseada em factos."

"Não estou interferindo nos assuntos marfinenses... estou apenas fazendo meu trabalho conforme solicitado pelas autoridades marfinenses," disse Choi. "Continuo absolutamente seguro de que... o povo escolheu uma pessoa, o sr. Alassane Ouattara, com uma margem irrefutável."

Os aliados de Gbagbo afirmam que intimidações e fraudes alteraram os resultados a favor de Ouattara no norte, antigo reduto dos rebeldes na guerra civil. Centenas de milhares de votos para o oposicionista foram anulados pelo Conselho Constitucional, permitindo a reversão do resultado oficial.

Gbagbo continua no controle do Exército e da TV estatal, e não dá sinais de que pretenda recuar, apesar da pressão dos Estados Unidos, da União Europeia e do bloco regional Ecowas, que na terça-feira suspendeu a Côte d'Ivoire.

Fonte: Angolapress - 09.12.2010