Rússia bloqueia comunicado da ONU sobre Ouattara

Nova Iorque - Diplomatas das Nações Unidas dizem que a Rússia está a bloquear a emissão de um comunicado do Conselho de Segurança sobre Ouattara.

Trata-se de uma declaração com vista a prestar apoio formal ao candidato da oposição ivoiriense, Alassane Ouattara, que reclama a vitória nas presidenciais do mês passado.

Moscovo diz estar receoso que, ao declarar Ouattara vencedor nas eleições disputadas com o actual presidente Laurent Gbagbo, a ONU estaria a exceder os limites do seu mandato.

Mas a embaixadora norte-americana nas Nações Unidas, Susan Rice, afirmou que o acordo de paz assinado após o fim da guerra civil em 2002 dá à ONU poderes para certificar os resultados das eleições presidenciais naquele país:

"Nós, como Conselho de Segurança, temos uma responsabilidade única para nos fazermos ouvir, em especial dado que tivemos lá uma missão, ali investimos recursos significativos e dado haver vidas em risco."

"Já é tempo, no entender dos Estados Unidos, que este Conselho se pronuncie, e que o faça a alto e bom som, como parte de um esforço internacional colectivo..."
Susan Rice acrescentou que o representante especial da ONU na Côte d'Ivoire havia declarado as eleições legítimas e que os resultados do pleito devem ser respeitados por todos os membros da organização sem excepção.

Entretanto o bloco regional da África Ocidental, a CEDEAO, que reúne 15 países, decidiu suspender a Côte d’Ivoire.

Isto devido à insistência de Gbagbo em não renunciar ao poder, apesar da Comissão Nacional de Eleições ivoiriense ter dado a vitória ao líder da oposição.
Numa cimeira de emergência em Abuja, na Nigéria, a CEDEAO reconheceu Ouattara como vencedor legítimo das eleições e apelou ao presidente Gbagbo que abdique do cargo sem demoras.
Só que nas prateleiras dos estabelecimentos comerciais da Cote d’Ivoire alguns bens essenciais já começam a faltar enquanto que os preços de outros registaram fortes subidas.

As reservas de carne, peixe, combustíveis e gás estão a escassear e muitos armazéns estão encerrados devido a insegurança. O preço do cacau atingiu igualmente o valor máximo dos últimos quatro meses.

Também a presidente da vizinha Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf, já apelou aos liberianos que não interfiram na disputa política ivoiriense .
Isto aconteceu depois de ter recebido pedidos de senhores da guerra do seu país para se envolver na crise a ter lugar do outro lado da fronteira.

Fonte: Angolapress - 08.12.2010