quarta-feira, dezembro 08, 2010

“Em nome do interesse nacional, há determinadas verdades de que não posso nem estou autorizado a falar”

Por outro lado, Almerino Manhenje disse que “caso haja da parte do tribunal algum questionamento maior, solicito que os meus superiores hierárquicos sejam ouvidos”
O antigo ministro do Interior, Almerino Manhenje, “quebrou” ontem o silêncio em sede de tribunal e negou todas as acusações que pesam sobre si. Mais: disse que tudo o que fez nos ministérios por si dirigidos (Ministério na Presidência para os Assuntos da casa Militar e Interior) foi em nome do interesse nacional. Aliás, foi também em nome do interesse nacional que Manhenje se recusou a responder certas questões colocadas pelo tribunal.

Sabe-se que Manhenje responde neste caso por três crimes de violação da legalidade orçamental; um crime de abuso de cargo ou função; e dois crimes de encobridor de pagamento de remunerações indevidas.

O tribunal procurou saber do réu Manhenje sobre as razões que o levaram a ordenar o pagamento de um total de 91 747 147 meticais da antiga família, para a aquisição de telefones celulares e fixos, bem como os respectivos encargos a favor de alguns quadros do MINT, alegadamente para “trabalho operativo”. Sobre esta questão, Manhenje disse que não era sua competência ordenar pagamentos, pois tal cabia à direcção de finanças do Ministério. No entanto, Manhenje fez saber ao tribunal que, pelas suas características, existem tarefas específicas que devem ser levadas a cabo, daí a necessidade de dotar alguns quadros de meios de comunicação.

Ainda neste capítulo, consta que Manhenje terá autorizado despesas no valor de 1 178 067 149,00 meticais (antiga família) para pagamento de comunicações que até beneficiaram pessoas alheias ao Ministério do Interior. Em reacção, Manhenje gelou a sala de julgamento, nos seguintes termos: “A segurança do Estado mede-se por aquilo que não acontece. Há certas missões que pela sua sensibilidade não podem ser reveladas. Se nós estamos aqui sentados é que existem muitas pessoas que estão a dar o melhor de si em prol da segurança nacional”, disse, para de seguida indagar o tribunal: “Qual é a força militar, paramilitar, que sem uma logística e comunicações fortes pode desempenhar cabalmente a sua missão?”

No entanto, o tribunal questionou a Manhenje o porquê de usar verbas destinadas às comunicações para a realização de trabalho operativo, quando no orçamento do MINT esta verba já vem consignada, ao que o réu respondeu: “Para além do fundo operativo, existia o subsídio operativo, que tinha as suas funções. Nós não iríamos tratar de assuntos de comunicações com o fundo operativo. Aí sim, estaríamos a violar a legalidade orçamental. Quero voltar aqui a reiterar que, no interesse do país e da segurança nacional, nem que fique prejudicada a minha defesa - para o bem do Estado e das suas instituições - há determinadas verdades de que não posso nem estou autorizado a falar. Algumas verdades podem beneficiar a mim, mas serem manifestamente nefastas para o interesse nacional. A paz e a reconciliação nacional que nós vivemos tem o seu preço. Tenho o meu juramento”, disse Manhenje, em alusão ao juramento que os elementos ligados à defesa e segurança do Estado prestam.

“Oiçam meus superiores”

Questionado por que razão beneficiou de produtos alimentares pagos com fundos do MINT, sem que haja base legal para o efeito, Almerino Manhenje disse, em sede de tribunal, que o orçamento do Ministério do Interior sempre consignou a verba, ou seja, a verba sempre existiu. Manhenje negou, no entanto, explicar como e para onde esses produtos eram destinados, esclarecendo apenas que outros produtos se destinavam a casas de hóspedes do SISE e do MINT. E não deu mais detalhes, alegando novamente razões ligadas à segurança nacional. “Devo dizer que se isto aparece assim, é por razões óbvias. Para o bem e segurança do país, há determinadas questões que não podem ser acessíveis a todos”, disse, para depois disparar a frase que poderá marcar este julgamento: “Se há algum questionamento maior a ser feito, solicito que os meus superiores sejam também ouvidos”.

Viagem autorizada por Chissano

No que tange ao facto do MINT ter suportado despesas de passagens aéreas da esposa de Manhenje e filha, assim como o visto de entrada da sobrinha, no valor de 46 465 mil meticais, Manhenje disse que a passagem da sua esposa “foi autorizada pelo Presidente Joaquim Chissano”, tendo ele (Manhenje) suportado os custos de hospedagem com dinheiro do seu bolso. No caso da conta de telemóvel da sua esposa paga com fundos do MINT, Manhenje disse que só o protocolo do MINT poderia explicar, na medida em que ele e sua esposa estavam ausentes, e foi da iniciativa do protocolo proceder ao pagamento de tal despesa.

Quanto ao facto de Manhenje ter “autorizado” a cedência de dois armazéns a título de comparticipação da Chicamba Investimentos no capital da Unipol, sem autorização do Ministério das Finanças, Manhenje disse que tal não constituía verdade, na medida em que os dois armazéns foram cedidos à Unipol para “exploração”, porque se fosse alienação “iria obrigar a duas assinaturas dos ministros do Interior e das Finanças. É por isso que até hoje aqueles armazéns continuam pertença do Estado”.

“Não fui ouvido”

Entretanto, em jeito de desabafo, Manhenje lembrou ao tribunal que as acusações que pesam sobre si derivam da execução orçamental de 2004. De acordo com Manhenje, a execução orçamental de 2004 foi objecto de análise pelo Tribunal Administrativo e não houve nenhum reparo, e igual situação verificou-se na Assembleia da República, onde a Conta Geral do Estado de 2004 foi também aprovada. Disse que em nenhuma altura foi chamado a prestar qualquer esclarecimento.

Fonte: O País online - 09.12.2010

9 comentários:

Anónimo disse...

O interesse Nacional pode ser que o Chissano esteja metido e as implicacoes disso. a questao seria e' que se o Chissao e'e corrupto,que seja Julgado, pois ele foi mandatado e se roubou, merece julgamento tambem. O interesse nacional e' saber a verdade e fazer-se justica. o resto sao interesses de nacionais ou melhor individuais. O dinheiro Roubado foi do estado ou dos mocambicanos. isto sim e' do interesse de todos saber onde foi e como desapareceu.

V. Dias disse...

Aqui é preciso despir o ódio. Manhenje disse a verdade. Há verdades que suportam o interese nacional e disso ele não pode falar. É bom que se não esqueça que Mahenje foi ministro do Interior e da Presidência.

Veja-se o caso da Graça, mesmo como apoio de Mandela não é capaz de revelar.

Portanto, em Relações Internacionais há verdades que não podem ser cooperado com o povo sob pena desse Estado cair na ravina (tragédia).

Quem disser o contrário, MENTE.

Mas podem perguntar, afinal o Tribunal não é órgão do Estado? Sim é, mas uma audiência já não. Há decisões do poder que não podem ser do domónio público, por enquanto.

É minha opinião, felizmente, compartilhada com os exemplos da vida.



Zicomo

Anónimo disse...

Se o Manhenje nao quer dizer a verdade, estamos a espera do wikileaks que nos traz verdade


Marvin

Anónimo disse...

Reflectindo,

Não quero ser defensor de quem quer que seja, mas há duas coisas que não podem "casar" em música.
O Almerindo, tem toda a razão ao invocar "segredo de Estado".Faz parte do juramento como elemento junto ao Presidente-ministro de Estado.
Uma coisa é certa, os valores são irrisórios, para culpabilizar toda uma governação.Fala-se de 8 000 meticais, de compra de telemóvel.
Agora tomando de comparativo este valor, das duas uma:
Os traficantes da droga moçambicanos de oprigem asiática, criaram a "publicidade" de que são sócios de Chissano, Guebuza, ministros, etc. junto do "povo" para terem fronteiras abertas ou
estaremos perante uma conspiração organizada por organismos tipo KGB.ALTA.
Se como acusam, os dirigentes do governo moçambicano traficam milhões de dólares, porque "queimar" as mãos por 250 dólares, ou por 1000 dólares de passagem aérea para a família.
Naõ bate a TOTA COM A PERDIGOTA!
Penso que é altura das autoridades judiciais de Moçambique, APURAREM A VERDADE, NUA E CRUA-porque o que vem nas "diabruras" do WIKILEAKS, só tem justificação como uma GRANDE CONSPIRAÇÃO dos descendentes asiáticos e afins-AL Caeda, ou melhor chama de ratos de ELEFANTES, só para amedrontar a ingenuidade de um povo-obra dos descendentes asiáticos, que "juntando-se" a Frelimo "dando BRINDES" estão a DENEGRIR Moçambique.
Isso é inadmissível para o moçambicano!
Mas se isso serve para "enterrar" políticamente os frelimistas e a Frelimo "É BOM FEITA"!
NÃO AO POVO MOÇAMBICANO!

Fungulamasso

Anónimo disse...

o GUEBUZA nao pde aceitar ASIATICOS MONHES estao que andam lhe difamar, e mandar prender, nao ficar de ter pena porque MBS deu brinde, ficar mal pra GUEBUZA e pra FRELIMO,nao pode andar a receber brindes assim, de qualquer maneira, depois fica feio a frente do povo dele, tem que aceitar qualquer BANDIDO ASIATICO MONHE dizer ser amigo dele na publicidade que anda a lhe vender parece tinsiva,

MAMPARRA

Reflectindo disse...

Caros

Estou sem muito tempo.

Abraco

Unknown disse...

Felizmente,

Devo confessar que V. Dias, Reflectindo são indivíduos intelectualmente sensatos. Quero dizer, vocês não vão por caras mas pela realidade dos factos.

O que são 46.000,00Mt ou então 8.000,00Mt para levar um Ex-Ministro de Segurança para as Barras do tribunal?

Eu acho que o Ministério Público Moçambicano, doravante quando lhe faltar matéria de acusação é bom passar a inocentar as pessoas sem precisar de gastar fundos do Estado para simular um julgamento onde não há problema nenhum???

Isso se chama DESPERDÍCIO

Reflectindo disse...

Uma coisa que eu gostaria é Manhenje deixar claro as acusacões que jura não puder falar e as que pode falar. Eu concordo e para esses chega dizendo: passe. Entretanto, para essas acusacões, penso ser necessário que José Pacheco seja chamado ao tribunal para dizer duas coisas: a) O que o teria levado a considerar isso como crime. b) Como é que ele trabalhou nessa área durante o seu tempo no MINT sem fazer o que Manhenje fez.

Unknown disse...

Hehehe!... Reflectindo, wena pa... estou a rir de verdade heheheh...

Entao o Pacheco andou a enganar o seu chefe dizendo que ja "apanhei Manhenje e consequentemente o ex-chefe dele"!!! deve ser por isso que a pesar de muita incopetencia demostrada o Chefao o mantem no poder! saltitando de um pelouro para o outro.

Chissano podemos nao gostar dele mas foi suficientemente paciente para trazer a paz, o que nao se conseguiu mesmo no inicio por causa de privilegiar a forca.

Eu sou pro Joaquim Alberto Chissano (Humano, Ponderado, Estadista nao 'e dono de tudo, sem egoimo) pode ter cometido erros e quem nao os comete?

sou contra ca,ca as bruxas nao sei a troco de que? quando na verdade o verdadeiro currupto, ladrao, egoista, etc... somos nos!!!