quarta-feira, dezembro 08, 2010

Imprensa sul-africana questiona papel de Mbeki e do Governo na crise ivoiriense

A imprensa sul-africana abordou ampla e asperamente as iniciativas "mais ou menos infelizes" do Congresso Nacional Africano (ANC), partido no poder na África do Sul, e do medianeiro da União Africana (UA), o antigo Presidente sul-africano Thabo Mbeki, no seu apoio às reformas democráticas em África.


Estas críticas foram aparentemente despertadas pela constatação de que a tentativa do ex-Presidente Mbeki de tirar a Côte d'Ivoire do impasse depois das controversas eleições neste país da África Ocidental "foi um fiasco".

No fim de semana, Mbeki deslocou-se a Abidjan para tentar resolver o diferendo entre o candidato da oposição, Alassane Ouattara, e o Presidente cessante, Laurent Gbagbo, que reclamam ambos o cadeirão de Presidente.

Enquanto medianeiro da UA, Mbeki esperava contornar a luta pelo poder prevalecente neste país desde a segunda volta das eleições presidenciais de 28 de Novembro que, segundo a Comissão Eleitoral Independente (CEI), foi ganha por Ouattara.

O Conselho Constitucional "anulou" a vitória de Ouattara que atribuiu a Gbagbo e, desde então, os dois homens passaram a apresentar-se todos como Presidentes tendo prestado juramento em cerimónias separadas sábado passado.

Assim, o jornal «Business Day» observa que o «pobre» desempenho da África do Sul no apoio às reformas democráticas no continente africano voltou a surpreender o mundo diplomático, com o Governo central a colocar-se à margem da nova crise vivida na Côte d'Ivoire.

"Em vez de tomar claramente uma posição e exprimir o seu apoio ao candidato da oposição, Alassane Ouattara, que foi reconhecido por quase todo o mundo como o vencedor das eleições ivoirienses, a África do Sul e ANC parecem mais uma apostados na busca de uma solução negociada", diz o jornal num editorial.

Para o efeito, prossegue, Mbeki parece estar no papel que lhe é familiar de "medianeiro entre partes irreconciliáveis". A este propósito observa que a sua missão terá sido um fracasso porque os dois campos formaram Governos separados.

Por seu turno, o Mail & Guardian sublinha que Mbeki já entregou um relatório preliminar sobre a sua missão de emergência na Côte d'Ivoire ao presidente da Comissão da União Africana.

Fonte: panapress - 08.12.2010

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