sábado, dezembro 04, 2010

Cenário negro nas escolas da cidade de Maputo

Resultados dos exames da primeira época

Na Escola Secundária Josina Machel, o número de estudantes da 12ª classe que conseguiram fazer todas as cadeiras equivale a 7%. Na 10ª classe, na mesma escola, apenas 8% de alunos é que passaram na globalidade.
Os resultados dos exames da primeira época das 10ª e 12ª classes, recentemente divulgados no país, não são animadores em algumas escolas da cidade de Maputo.

Em geral, nenhuma escola secundária conseguiu resultados positivos acima de 10 por cento. Ou seja, em nenhuma escola houve alunos que foram aprovados a todas as cadeiras, cuja percentagem ultrapasse 10 por cento. Isso quer dizer que cerca de 90 por cento dos alunos examinados, na 10ª classe, por exemplo, foram reprovados embora, em certos casos, alguns tenham sido chumbados apenas numa secção.

Os alunos reprovados na primeiras época e outros, que por motivos vários não fizeram exames da primeira época, estão a ser submetidos às provas de segunda época, desde anteontem.

Para a 10ª classe, a secção de ciências é que leva maior número de alunos à segunda época. A título ilustrativo, na Escola Secundária Josina Machel, a maior da cidade de Maputo, na 10ª classe, apenas 8 por cento dos 1 111 alunos examinados é que passaram de classe na globalidade.

A directora da referida escola, Maimuna Ibrahimo, aponta a disciplina de Química, na secção de ciências, como aquela que registou maior número de casos de alunos reprovados nesta primeira época. No total, apenas nesta disciplina, são cerca de 890 examinandos que vão à segunda época. Depois, segue-se a disciplina de Matemática, ainda na mesma secção, como a mais problemática. Maimuna fala de 808 alunos que vão à segunda época.

Na secção de letras, ainda na mesma escola, a disciplina de História é que teve maior número de reprovados, sendo que, dos 1 111 estudantes que fizeram esta disciplina, apenas 438 é que passaram de classe.

Por sua vez, Patrício Manuel, director da Escola Secundária da Catembe, no município de Maputo, diz que, dos cerca de 368 alunos da 10ª classe que foram submetidos aos exames da primeira época, apenas 8 é que conseguiram fazer todas as disciplinas, o que corresponde a apenas a 2 por cento. Portanto, 98 por cento dos examinandos foram reprovados.

Já na Escola Secundária Noroeste 1, cidade de Maputo, De um total de 1 908 estudantes examinados, apenas 520 é que conseguiram fazer todas as disciplinas na primeira época.

O director da Escola, Isaías Mulima, diz que a disciplina de Matemática, da secção de ciências, é que registou maior número de reprovações. Do total de 1 908 examinados, 1 601 estão a fazer a segunda época.

O cenário foi quase igual para a disciplina de História, da secção de letras, que registou cerca de 1 176 alunos reprovados do mesmo total acima referido.

Na Escola Secundária da Polana, cidade de Maputo, dos cerca de 800 alunos examinados da 10ª classe, apenas 74 é que conseguiram passar de classe na globalidade.

Tal como noutras Escolas, as disciplinas de Matemática, Química e História é que tiveram maior número de reprovações nesta escola.

Enquanto isso, o director da Escola Secundária Francisco Manyanga, também na cidade de Maputo, preferiu não revelar os resultados preliminares, alegando que tal seria possível no fim do processo, com a divulgação dos resultados da segunda época, lá para o dia 22 de Dezembro.

Igual cenário na 12ª classe

O cenário “vermelho” caracterizou, igualmente, a 12ª classe na cidade de Maputo. Na Josina Machel, por exemplo, dos cerca de 1 200 estudantes examinados, apenas os equivalentes a 7 por cento deste número é que conseguiram fazer o nível na globalidade.

Entretanto, na 12a classe, a situação não é tão dramática como na 12a, na medida em que existe muitos estudantes que apenas reprovaram a uma cadeira. Nessas condições, os directores das escolas ainda sonham com um cenário melhor, com a divulgação dos resultados da segunda época. Mas mesmo assim, não se pode deixar de afirmar que a primeira época foi marcada por chumbos. (Tiago Valoi e Orlando Henriques)

Fonte: O País online - 03.12.2010

5 comentários:

V. Dias disse...

Isso de escola nao sao as paredes mas sim os professores.

Zicomo

Reflectindo disse...

hehehehehe. Entendo do que falas, mas isto não é nada assunto nacional.
Tenho toda a certeza que se isto acontecesse por exemplo na Dinamarca, podia ter provocado uma instabilidade política.
Surpreende-me que em Mocambique a culpa vá entre aluno e professor. Não há sequência. Não se analisa sobre impactos, por exemplo, as passagens automáticos, formação de professores, liderança no sector da educacão, nas escolas, o ambiente escolar, o tipo de exame, etc, etc.

Heyden disse...

Neste caso, o problema so pode ser do exame. Os que elaboram os exames tentam tudo por tudo e deliberadamente nao considerar o que acontece nas escolas durante o ano lectivo. Eles apenas fazem o exame com base nos programas (curriculo escrito), e nao lhe interessa o curriculum implementado, e o curriculo aprendido. E o mesmo que mandar vir o exame de fora do pais tal como fazem muitos paises africanos que mandam vir exames de Oxford. A unica informacao que se obtem com os exames e apenas o do tamanho de desajuste entre estes 3 niveis do curriculo. Para inverter este cenario uma alternativa e redefinir os objectivos do ensino, ou seja re-escrever o que se quer do aluno e como atingir isso que quer e redefinir a maneira de como verificar se isso foi alcancado ou nao. Ou entao, estendemos a passagem automatica ate a 12a classe. Eu estou em FAVOR.

Reflectindo disse...

Heyden?

Tu pah! Estás sempre a favor das passagens automáticas e até já sugeres que se estendam até na 12ª classes.
Mas é verdade que se há passagens automáticas para no 10ª e 12ª classes se obter 8%, eu também concordo que o melhor mesmo nestas classes haja pasagem automática. Não estou a brincar embora saiba que o problema será no ingresso ao ensino superior. Entretanto, tenho uma proposta que é a restruturacão do ensino de adultos.

Se for o tipo de exames há ainda que se encontrar o responsável.

Heyden disse...

Exames nao servem para nada so gastam rios de dinheiro. E muito dinheiro que o Ministerio reserva para a epoca dos exames, inclui fotocopias dos exames, movimento de quadros de maputo para as provincias inspecionar exames, pagamento de horas extras aos professores que controlam e corrigem, et, etc. Gasta-se mais dinheiro para os exames do que todo o orcamento anual de funcionamento das escolas. E para que servem os exames ao fim a cabo todos passarao na 2a chamada? De proposito 92% reprovam na primeira chamada para haver trabalho na 2a chamada. Se houvesse n chamadas verias que ate a chamada n-1 passariam 8% mas na ultima chamada, ou seja chamada numero n, passariam todos. Sou alergico a teoria de que os exames poderiam melhorar a qualidade de ensino porque o aluno toma seriedade. Se fosse assim punhamos exame em cada trimeste e em cada classe.