terça-feira, maio 11, 2010

Secretário permanente em pé de guerra com sua administradora

Distrito de Ile, província da Zambézia, José Saize, está em pé de guerra com a sua administradora distrital, Ângela Serrote. à volta do conflito está o facto de o SP do distrito possuir o grau de licenciatura, e a administradora o nível médio.
Segundo Ângela Serrote, o SP não se sente à vontade com o facto de ter alguém com nível médio a dirigir o distrito. Assim, a discrepância de níveis académicos leva ao desrespeito e desentendimento entre as duas altas figuras do distrito.

Conforme nos revelou Ângela Serrote, o secretário permanente não está a colaborar para o cumprimento de metas estabelecidas no distrito, e nos últimos tempos está a sabotar os planos de governação propostos para a região. Serrote diz que este clima de tensão que se gerou entre as partes vem desde a sua nomeação ao cargo que ocupa.
“Talvez os licenciados no meio dos médios não se sentem bem. Desde a minha nomeação para o cargo que tenho vindo a ocupar, o ambiente nunca foi satisfatório e até este momento temos tido problemas sérios de relacionamento”, disse.
Serrote disse que se o governo provincial fizer uma revisão nos quadros do seu governo, o seu trabalho irá correr sem problemas, porque ela reconhece que esse tipo de atitude de nada ajuda a população de Ile, tendo afirmado que este problema também aconteceu com o governo cessante. “se continuarmos assim como estamos, acho que não iremos ultrapassar aqueles problemas que já vinham acontecendo com o governo cessante”, lamentou.
O governador da província da Zambézia, Itai Meque, reuniu de emergência para mediar o conflito existente entre as partes. Disse, na ocasião, que estas figuras são as mais importantes do distrito e deve-se encontrar um meio-termo para solucionar o problema.
“Nós deixamos orientações muito claras, doravante, este tipo de ambiente deve acabar. Todos os membros do governo do distrito de Ile devem trabalhar, incluindo o secretário permanente e a respectiva administradora”, sublinhou Meque, lembrando que “quem manda no distrito é a administradora e não o secretário permanente”.
Explicou ainda que caso não sejam cumpridas as recomendações deixadas por si na qualidade de governador, vai imediatamente afastar do cargo quem não quiser colaborar.
O governante garantiu ainda que vai criar uma equipa de trabalho para averiguar o funcionamento do governo do distrito de Ile, porque, para além do conflito existente entre a governadora e o SP, segundo populares, há funcionários que inviabilizam o desenvolvimento daquele ponto da província devido a práticas de corrupção.

Fonte: O País online - 11.05.2010

Reflectindo: 1) neste artigo falta a versão do SP. 2) Infelizmente o governador fala de quem manda e não dirige. Isto em si não pode criar problemas não só no Ile mas até mesmo na sua pessoa?

8 comentários:

V. Dias disse...

Rídiculo. Sinceramente! Desde quando é que os galardões, os títulos fazem os homens? Páro mesmo.

Zicomo

Anónimo disse...

O GOV.ITAI MEQUE NÃO PERDEU PACIÊNCIA, MERECE UM VOTO POSITIVO.
DEVERIA CONFRONTAR OS DOIS, E DEMITIR UM DELES, não dando tempo a que este tipo de insubordinação
seja manifesta em Moçambique.
Ou melhor, ambos necessitam (ADM e SP)de formação específica de LIDERANÇA-(leadership and coaching).
O Administrador é um responsável político e gestor Distrital, e basta!Todos lhe devem lealdade!Não há que desobedecer!
SP a SABOTAR?Devia ser expulso do aparelho estatal, e julgado pelos Tribunais.BANIDO caso for necessário, do aparelho público!
Este SP, precisa e necessita MESMO de formação profissional-LEADERSHIP/COACHING, PARA VER SE DEIXA DE FAZER CONFUSÕES.
E para terminar, MOÇAMBIQUE(como qualquer País pobre) necessita de MUITA FORMAÇÃO PARA VENCER A TAREFA "DE TENTAR GOVERNAR", nos vários aspectos.

Zacarias Abdula

Reflectindo disse...

1. A mim, isto me parece um caso que se saiu para fora, precisa das duas versões. O jornalista devia ter procurado José Saize para ouvir a sua versão.

2. O problema pode até não ser de diferenca de níveis académicos. É bem possível construir outras hipóteses. A administradora é uma mulher e infelizmente nem todos os homens aceitam facilmente subordinarem-se às mulheres. Contudo, a administradora não pode ter razão apenas por ser a dirigente máxima do distrito. É bem possível que a própria administradora tenha alguma dificuldade na liderança - uma outra hipótese. Pode ser que ela espere que todos os quadros cumpram as suas ordens sem serem questionadas. A outra hipótese que ambos nunca revelarão, pode ser a luta pelos RECURSOS.

3. Uma outra questão a levantar é se o antagonismo entre administrador distrital e secretário permanente é coisa inédita no distrito de Ile. Eu penso que não. Antes já notei algum antagonismo entre administrador e chefe de apoio e controle e não havia problema algum de descrepância de nível académico.

4. Em muitos distritos, nem que de forma latente, há luta entre administrador, secretário permanente, juíz do tribunal distrital e procurador-geral do distrito. Os distritos de Montepuez e Muecate, em Cabo Delgado e Nampula respectivamente, são alguns exemplos onde a guerra foi aberta.

V. Dias disse...

Sabe chamuale Reflectindo,

Enquanto o canudo ser o factor de chefia no país (seria bom se esses canudos tivessem valor e valessem o que valem) teremos um país desorganizado. Faminto. Febril. Isto está a caminhar para o abismo. Podes crer. Há que tomar medidas. Os cágados multiplicam-se...

Zicomo

Reflectindo disse...

Caro Viriato,

Eu sei do problema de exibicionismo do canudo em Moçambique e não seria um caso singular de José Saize. Mas meu amigo garanto que tal canudo pode ser apenas a periferia do problema.
O fundo do problemas deles será difícil entender, entretanto, deve ser isso mesmo que nos interessa. Deve ser o que devemos cavar até saber. Isso é possível construindo muitas hipóteses.


A discrepância académica entre dirigentes e subordinados não é novidade em Moçambique. Estamos habituados a isso.

Mas como digo, exibe-se canudo ao dirigente quando não se quer revelar o problema de fundo. Tenho experiência pessoal disso. Enquanto professor primário, nos anos 80 fui nomeado director duma escola secundária e centro internato. UM GRANDE DESAFIO ainda que era para restaurar a escola e centro em quase todos os aspectos. Lá estava eu, director, com o nível académico mais baixo entre os professores.
À minha chegada, os professores que não gostavam da minha presença, usavam o meu nível académico como pretexto. Não me preocupei com tal discurso, senão fazer o que era a minha tarefa. Felizmente, consegui fazer isso e todos reconheceram a minha capacidade de direcção. Isso sem eu estar a me gabar. Mas só para ver, eles foram depois acompanhando a minha prestacão académica e quando me encontro com eles é o que comentam.

Portanto, se eu fosse conselheiro da administradora Ângela Serrote, dir-lhe-ia para se preocupar/concentrar nas suas tarefas. Distribuir bem as tarefas entre os quadros e exigir uma formal (em sessões) prestacão de contas.

Do resto, a maior parte dos nossos compatriotas preocupa-se muito com epítetos: Excia, reverendíssimo, Dr. etc,

Anónimo disse...

Talvez seja mesmo um problema sócio-religioso, devido a influência islâmica na zona norte.
Um mulher a dirigir um distrito, terá de ter uma atitude muito sapiente e de liderança, para fazer face ao machismo lactente, devido a tal influência de zona-religião.
Reflecte-se o mesmo no (e muito) litoral tanzaniano.
Presumo que na formação de liderança/rural leadership, este ponto terá de ser referenciado e esclarecido como tabú a abater, caso contrário a emancipação da mulher, não será perene.
Também concordo, que face a não expulsão imediata do Saíze, possa haver outros in´s e out´s por esclarecer.
E claro, a redundância, será sempre o controlo monetário distrital e controlo dos famosos 7bis.
Dinheiro, dinheiro, confusiona a atitude governativa!
Mais não digo, porque começa a ser caricato- ainda teremos o dia em que todos andarão às bofetadas e pontapés nas reuniões distritais-por causa de controlo monetário!!

Zacarias abdula

Reflectindo disse...

Caro Zacarias

De facto é preciso desenharmos todas as hipóteses e até procurarmos o background dos envolvidos no conflito.

Agora quanto à mola (7 bis), aquilo está sendo um grande problema para os governos distritais.

eduardo ponzole disse...

Olha, o SP quando tomou posse deveria saber que a sua função seria subordinada ao Administrador...para estes casos, a solução é a auto demissão de quem não esta satisfeito...se não gosta do seu chefe demita-se...e não atrapalhe o desenvolvimento de um distrito...pronto falei.