quarta-feira, maio 26, 2010

Não acatamos ordens de cobardes!

EDITORIAL

Anda, por aí à solta, uma corja de cobardes, escondida por detrás de um número de telemóvel, a enviar-nos, insistentemente, mensagens engraçadas e reveladoras do seu baixo nível cultural e da sua profunda incultura política, tentando-nos intimidar, sob a ameaça de morte, caso continuemos a criticar o líder da Renamo, Afonso Dhlakama. São mensagens que espelham um elevadíssimo nível de malcriadez e uma avassaladora pobreza de espírito, provavelmente, sem paralelo para quem vive num país com aspirações democráticas, como o nosso.
A mais recentes de todas, que recebemos às 15.28 desta segunda feira diz:
“Boa tarde senhor maiena, estamos a controlar tudo aquilo que anda a fazer e queremos te ver como vai viver neste país só iremos deixar te livre se deixar de escrever aquela sua merda de propaganda contra o líder da renamo, Afonso Jacamo. Se voci queri escrever la do seu pai ladrau de voto e muiti coiza ande mal na pais nau escrevi so abuzar Jacamo tu vai ver o qui vai acontecer com voci macaco vai dormir com rosaelia como tu é muita puta. Merda maiana”
É desse tipo de lixo político-literário que a nossa caixa de mensagens está cheia, desde a noite da terça-feira, dia 18 de Maio corrente. Trata-se de mensagens, enviadas a partir do mesmo número de telemóvel, número esse ora em poder das autoridades de investigação criminal, para os devidos efeitos.
Embora escritas de diferente forma, todas as mensagens a nós enviadas possuem alguns aspectos em comum: fazem ameaça de morte e se dizem defensoras da imagem de Afonso Dhlakama, líder da Renamo. Aliás, quase todas se referem à esposa do líder, D. Rosária Dhlakama, sugerindo que o facto de nós termos escrito que ela anda abandonada pelo respectivo marido, significa que nós queremos adoptá-la como nossa esposa! Longe de nós tamanha pretensão! Longe de nós tamanha falta de respeito para com uma senhora da categoria da D. Rosária, que nunca ofendeu ninguém publicamente e, portanto, merecedora do nosso maior respeito. Uma senhora que não tem culpa de que alguém se valha de arruaceiros, do calibre dos que nos enviam mensagens, para lhe faltar ao respeito em público.

Seria bom, se calhar, começar, precisamente, por explicitar que quando nos preocupamos com a esposa do líder, que se diz abandonada pelo marido, estamos a manifestar uma preocupação humanitária básica, pois ninguém deve, em princípio, ficar abandonado por ninguém, sobretudo quando quem assim procede tem aspirações presidenciais.
Outro ponto essencial para os arruaceiros que nos ameaçam é o seguinte: nunca deixaremos de criticar figuras públicas, como Afonso Dhlakama, quando as mesmas se colocam na posição merecedora de crítica pública.
Se acatássemos tais ordens emanadas por bandidos e cobardes, que não têm a coragem de nos enfrentar abertamente, estaríamos a pedir demissão da nossa nobre profissão, abraçada há cerca de trinta anos.
Se calhar seja bom informar aos que nos ameaçam que quando iniciamos esta profissão, há cerca de trinta anos, não havia nenhum Dhlakama na cidade de Maputo, nem Nampula, mas nós já exercíamos a crítica incisiva contra figuras públicas que se colocassem na linha de serem criticadas, como Dhlakama gosta de se colocar.
Em segundo lugar, informar aos enviados de Dhlakama que nós temos agenda editorial própria, pelo que não carecemos de alguém nos dizer sobre o que escrever e o que não escrever.
A nossa agenda editorial é nossa, é ditada por nós e não carece nem de sugestão nem de ordens de agentes enviados para nos ameaçar, pelo que Dhlakama e seus manipulados devem procurar outra ocupação mais rentável do que andar a tentar intimidar pessoas que sabem o que estão a fazer.
A chave para deixarmos de criticar Dhlakama não está connosco. Está com ele mesmo. Está no seu comportamento público. No dia em que deixar de se comportar como um adolescente indisciplinado e passar a comportar-se como líder político com aspirações presidenciais, nós seremos dos primeiros a elogiá-lo, tal como já o elogiamos no passado, quando tinha um comportamento público de um verdadeiro líder político.
Não existe em Moçambique, jornalista nenhum que já elogiou tanto Dhlakama do que nós, sobretudo quando nas eleições de 1999 esteve a um passo da Ponta Vermelha, devido ao seu desempenho político exemplar.
Onde estavam, nessa altura, os cobardes que hoje nos ameaçam com SMS devido à nossa postura crítica?
O próprio Dhlakama, possivelmente, mandante destes arruaceiros já nos confidenciou, inúmeras vezes, a sua gratidão pela nossa postura independente.
Agora, dá para ver que, se calhar, para Dhlakama, a postura independente significa criticar os outros e não a ele! Se calhar, pensava que éramos muito independentes quando falávamos do vandalismo eleitoral da Frelimo, em Gaza, em que a Renamo era a parte mais prejudicada. Mas, logo que começamos a falar da postura ridícula e falsa do líder da Renamo perdemos, aos olhos do líder, a nossa postura independente e passamos a ser conotados com jornalistas tribalistas que criticam Dhlakama por não ser do Sul!
Para a informação de Dhlakama e seus sequazes, nós nunca tratamos pessoas em função da sua origem regional, nem étnica e, muito menos, tribal. Nós tratamos pessoas de acordo com o seu desempenho público, independentemente, do lugar de nascimento, residência e/ou região de origem. Fazemos isso desde 1974, quando despertámos e descobrimos a beleza da moçambicanidade.
Nunca mais voltámos atrás, pelo que nos recusamos, redondamente, a cumprir ordens retrógradas e cobardes provenientes de gente que, devido à sua miopia
política, se refugia na ameaça e amordaça para lograr seus intentos inconfessáveis.
Nessa empreitada, não contem connosco, pois nós sabemos o que queremos e como queremos!
Os nossos princípios são inegociáveis.
smoyana@magazinemultimedia.com 

DIÁRIO INDEPENDENTE in Mocambique para todos - 26.05.2010

6 comentários:

Anónimo disse...

Avante Moyane,
esses tipos são falsos e cobardes como o galo na forja, nunca dão a cara.
Não te admires se descobrires que são pessoas que durante o dia riem contigo.
As escritas erradas do português são encenações teatrais.

Viva a liberdade de expressão

Khossa

Reflectindo disse...

Caro Khossa

Os erros são 100% encenacões. Há alguns anos fizeram o mesmo para alguém que estava em Mopeia na Zambézia.

Mas acho que seria melhor que Assembleia da República fizessem um projecto lei sobre este tipo de ameacas. Como detectar os autores das ameacas?

Chauque disse...

a luta continua nao disista irmao força, queremos que eles paguem por isso tarde ou cedo porque é possivel detectar esse bandidos. o problema é a dimora na resuluçao porque ha preguiça.

V. Dias disse...

Aloni em vida passou também por isso quando um grupo de escumalhas, sem cara, boçais de toda a estirpe, usando abusivamente do direito de opinião, publicam nos jornais ameaças contra aquelas pessoas que julgam estar a lhes fazer sombra. Este golpe baixo de sms é antigo, sujo, cobarde. Avante Moyane.

Zicomo

Torres disse...

De facto, concordo convosco de que os erros que constam no texto sao 100% intencionais:
1. Eles preferiram escrever mal os nomes, tanto do Moiane (Maiena) como do Dhlakama (Jacamo);
2. Sendo alguem que defende o lider da Renamo, era de se esperar que conhecesse o nome do seu lider. E de facto conhecem, mas preferem se fazer passar por semi-alfabetizados:
3. Todo o trecho a seguir "Boa tarde senhor , estamos a controlar tudo aquilo que anda a fazer e queremos te ver como vai viver neste país só iremos deixar te livre se deixar de escrever aquela sua merda de propaganda contra o líder da renamo, Afonso"
esta razoavelmente escrito e com uma estrutura sintatica logica, o que revela que o autor consegue formular, em portugues, uma frase complexa. Alias, coloca ponto paragrafo justamente no lugar em que, normalmente, deveria estar, pois o que vem a seguir e uma outra ideia.
4. Para simular que e semi-anlafabeto, escreve, erradamente, palavras faceis, curiosamente a partir do seu terceiro periodo. Notarao que a partir do terceiro periodo os erros sao quase uma constante, contrariamente ao periodo inicial, o que mostra que o autor, apos notar que precisa ser mais dissimulado, comeca, deliberadamente, a querer dar a entender que mal escreve em lingua portuguesa. Reparem como o texto esta escrito:
"voci", "queri", "ladrau", "muiti coiza ande mal na pais nau escrevi so abuzar Jacamo tu vai ver o qui vai acontecer com voci macaco vai dormir com rosaelia como tu é muita puta. Merda maiana”
5. No primeiro paragrafo, a palavra "escrever" esta bem escrita, mas ja no segundo o autor tenta simular e diz "escrevi".
6. No primeiro paragrado escreve "Maiena", mas ja no segundo escreve "Maiana", o que mostra que o autor nao esta a usar uma pronuncia ja cimentada no seu cerebro, dai que uma vez diz uma coisa e outra diz algo diferente;
7. Apesar de escrever com palavras erradas, a estrutura gramatical-sintactica e complexa e esta correcta. Como e que um individuo com pouca instrucao pode redigir um periodo complexo como esse?

Reflectindo disse...

Chaúque,

Sem dúvidas há que não desistir a defesa pela liberdade de expressão. Esse cobardes não ajuda a Dhlakama, mais enterram.
Na verdade não entendo porquê em Mocambique a TIC mais ajuda aos bandidos que ao povo pacato.

Viriato,

Obrigado por ter me ajudado a mencionar o caso Aloni. Aloni foi um dos vitimas.

Torres,

Parabéns pela análise. Que o indivíduo saiba que é possível detectá-lo.