Guebuza e Dhlakama no epicentro do sismo
— Chefe de Estado em “presidência aberta” promete minimizar os efeitos
— Líder da Renamo denuncia oportunismo político
Por Andre Catueira
O Presidente da República, Armando Guebuza, e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, escalaram,domingo e segunda-feira, respectivamente, o epicentro do sismo, sentido no dia 23 de Fevereiro, para manifestarem a sua solidariedade, cerca de um mês depois do primeiro abalo sísmico.
Um dos objectivos de ambos os dirigentes políticos era inteirarem-se dos estragos causados pelo sismo, que se fez sentir com maiores efeitos em Espungabera, sede do distrito de Mossurize, sul da província de Manica.
Dhlakama denuncia oportunismo politico
Entretanto, o também líder da Renamo-União Eleitoral (RUE) acusou o governo distrital de Machaze de, através dos seus membros do partido no poder, estar a partidarizar a distribuição de produtos alimentares destinados a apoiar as vítimas do sismo, discriminando a população pela sua cor política.
O líder da oposição disse igualmente que a Frelimo forçou os membros da Renamo a rasgarem os seus cartões de membro de partido, em troca de produtos de primeira necessidade, ignorando o fenómeno da bolsa de fome que grassa aquele distrito.
Machaze está sendo abalada pela fome, devido à seca cíclica que se regista há três anos.
“Quando auscultei os membros do meu partido, pensei que fosse uma reclamação por serem opositores, mas quando ouvi outras pessoas constatei que alguns cidadãos estavam com dificuldades de receber comida.
Disseram que a comida vem, mas a distribuição é muito discriminativa”, disse Dhlakama.
Para evitar situações semelhantes no futuro, o líder da Renamo sugeriu a criação de uma comissão de distribuição de alimentação às vítimas, envolvendo os líderes religiosos e organizações comunitárias, sem necessariamente envolver os políticos.
Dhlakama apelou também ao apoio da comunidade internacional às mais de mil famílias afectadas pelo sismo de vinte e três de Fevereiro passado, no distrito de Machaze.
Em breves considerações, uma fonte do partido no poder, em Machaze, declinou que tenham ocorrido as situações descritas por Dhlakama, e explicou que os problemas que eventualmente tenham ocorrido durante a distribuição de comida não se tratou de oportunismo político, justificando que se houve diferenciações foi devido ao recenseamento de raiz que o partido realizou nos locais onde houve mais vítimas do sismo.
Presidência aberta
Enquanto isso, na sua visita às zonas afectadas pelos sismo, no quadro da “presidência aberta”, o Chefe de Estado, Armando Guebuza, lamentou o sucedido, num discurso feito à população de Guacuanhe. Guebuza reconheceu que o sismo constituiu uma chamada de atenção para o Governo e garantiu à população que o Governo moçambicano está a envidar esforços para minimizar os efeitos do sismo naquele ponto de Manica. Acrescentou que a população deve-se empenhar para combater a fome que assola alguns distritos de Manica, particularmente Machaze.
Machaze precisa de 3 biliões de meticais
Dados em poder do SAVANA indicam que, para se recuperar dos efeitos do sismo, o distrito de Machaze necessita de perto de três biliões de meticais para a reabilitação de emergência.
Quanto à província de Manica, esta precisa de cerca de quarenta e dois biliões de meticais, para se recuperar dos efeitos dos diversos fenómenos naturais (como o vendaval, sismo, chuvas, pragas, seca e estiagem, cólera e peste suína) que afectaram a província durante os últimos meses do ano passado e início deste e que provocaram danos humanos e materiais avultados.
Contudo, o governo distrital já disponibilizou, desde o abalo sísmico do dia 23, duas toneladas de farinha enriquecida, duas toneladas e meia de farinha de milho, meia tonelada de feijão manteiga, 200 kg de sal e 200 mantas, 8 caixas de leite infantil, 10 quadros pretos, e dois rolos de lona, 3 kites de utensílios domésticos 25 tendas e sete fardos de roupa usada.
Governo distrital boicota comício da Renamo
Num outro desenvolvimento, a Renamo viu impedida a realização do seu comício popular na sede do distrito de Mussorize, Espungabera, que estava previsto para a passada terça-feira, por coincidir com a realização do comício do Presidente da República.
O comício terá sido impedido verbalmente por um funcionário da administração distrital de Mussorize, que argumentou querer evitar que os ânimos dos membros da Renamo se agitassem antes da realização da visita do Presidente da República ao mesmo local.
“Não posso diferir este documento, porque vocês bem sabem que amanhã vai coincidir com a agenda do Presidente da República”, terá dito um funcionário ao membro da Renamo, que levava o documento a mando do delegado político distrital, Ussufo Momade, quem, aliás, deveria dirigir o encontro, uma vez que Afonso Dhlakama já havia partido para Chimoio.
sábado, abril 01, 2006
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário