Um deputado da RENAMO, a principal força política da oposição moçambicana, Eduardo Namburete, afirmou-se alvo de ameaças de morte por desconhecidos, alegadamente em retaliação pelas suas denúncias contra abusos de figuras no poder.
Namburete queixou-se das alegadas ameaças em declarações por telefone ao TribunaFax, de Maputo, a partir de Tunes, capital tunisina, onde se encontra a participar num encontro internacional de parlamentares.
Segundo o deputado, a onda de intimidações começou em 2005, através de "telefonemas insultuosos", logo após ter questionado o governo em plena sessão parlamentar sobre a suposta falta de transparência na concessão de créditos do Estado a figuras da "nomenclatura da FRELIMO", partido no poder.
"As últimas ameaças vieram na última semana com uma chamada anónima e uma mensagem de celular", afirmou Namburete, tendo relacionado este último episódio com o caso da suposta usurpação de um imóvel pela primeira-ministra, Luísa Diogo, denunciado pelo deputado.
A polémica tem a ver com uma casa alienada pela Administração do Parque Imobiliário do Estado (APIE) a favor de um filho da primeira- ministra, decisão contestada por um cidadão que afirma ter direito de preferência na venda do imóvel por o ter habitado.
Apesar de não estar a viver na residência desde 1980, pelo facto de na altura ter abandonado o país alegando temer pela sua vida, o referido cidadão diz que nunca perdeu a titularidade sobre a casa, pois manteve os contratos de água e luz da residência.
Comentando as alegadas ameaças de morte, o deputado Ismael Mussá, também da RENAMO, considerou que "o assunto devia ser tomado a sério porque não é a primeira vez que acontece".
"Já em 2004, durante a campanha eleitoral falava-se que a solução para o que o Namburete fez era a sua eliminação física", sublinhou.
"O que o Namburete fez" é uma referência ao facto de o deputado ter anunciado nas vésperas das eleições de 2004 a sua adesão à RENAMO, quando na altura ocupava o cargo de director da Escola de Comunicação e Arte da Universidade Eduardo Mondlane, a maior instituição pública de ensino superior no país.
A "deserção" de Eduardo Namburete para a oposição foi vista como podendo abrir um precedente, susceptível de incentivar mais quadros do aparelho do Estado moçambicano a abandonar a FRELIMO.
Pouco tempo após juntar-se à RENAMO, Namburete foi exonerado do cargo de director da Escola de Comunicação e Arte, onde permanece apenas como docente.
As alegadas ameaças de morte contra Eduardo Namburete seguem- se ao assassínio, há cerca de dois meses, na Beira, de José Gaspar Mascarenhas, outro deputado da RENAMO, em circunstâncias ainda não esclarecidas pelas autoridades.
Agência LUSA
Fonte: RTP
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