Os administradores dos distritos da província de Nampula escalados pelo presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, foram impedidos de participarem na reunião de quadros do Partido Frelimo realizada, recentemente, na capital do País.
Os administradores dos distritos da província de Nampula escalados pelo líder da Renamo foram impedidos de participarem na reunião de quadros do Partido Frelimo realizada, alegadamente para “controlarem a situação de perto” e evitarem que o líder e simpatizantes desta segunda maior formação política provoquem desacatos.
Segundo informações apuradas por este jornal na cidade de Nampula, a ordem, nesse sentido, foi emanada pela cúpula do partido governamental, facto que, a ser verdade, ocorre pela primeira vez na história do multipartidarismo em Moçambique.
Estas informações começaram a circular logo que o líder da Renamo desembarcou em Nampula, no passado dia 15 de Abril, para um périplo que o levará, até 4 de Maio, a 14 distritos daquela província nortenha.
De acordo com o que transpirou, na altura, a não participação dos administradores visados na recente reunião de quadros da Frelimo visava estes estarem a controlar, de perto, a movimentação do presidente da Renamo e informarem a cúpula do partido sobre tudo o que se estaria a passar na área sob sua jurisdição.
Os responsáveis da Renamo ao nível da província de Nampula dizem terem tomado conhecimento da existência dessa ordem, chegando até a afirmar que a permanência do governador Paúnde em Nampula, numa altura em que ocorre a reunião de quadros do seu partido, dava consistência a tais informações.
“Esse é um sinal evidente daquilo que a Renamo sempre disse de que a Frelimo está apostada em aniquilar a oposição, principalmente a Renamo e os seus líderes”, afirmaram, questionando, em seguida, a razão que levou Filipe Paúnde a não participar na reunião de quadros, já que todos os seus colegas estavam presentes em Maputo.
Por seu turno, um membro sénior da Frelimo em Nampula considerou tais informações de “infundadas”, pois não há razões para os administradores estarem a controlar directamente o líder da Renamo.
O membro, que falou a este jornal na condição de anonimato, recordou que esta não é a primeira vez que o líder da Renamo visita Nampula e os respectivos distritos, mas o governo da Frelimo nunca emanou ordens nesse sentido.
“Por quê devia fazê-lo só agora”? indagou, enquadrando tais informações numa estratégia da própria Renamo para confundir as pessoas.
-“Ninguém deu ordens, isso é pura mentira”
O governador Filipe Paúnde, solicitado ao princípio de Segunda-feira a comentar estas informações, afirmou não ser verdade que alguém da cúpula do seu partido tenha dado ordens para os administradores não participarem na reunião de quadros por causa da presença de Afonso Dhlakama.
Num contacto telefónico com ele, durante a sua ida ao distrito de Mogincual, Paúnde disse : “ninguém deu ordens nesse sentido, isso é pura mentira. Há distritos por onde ele (Dhlakama) vai passar mas que os respectivos administradores foram à reunião de quadros”.
O governador acrescentou que quatro dos 21 administradores distritais, incluíndo os que foram escalados por Dhlakama, participaram na reunião, citando o único exemplo do administrador de Angoche, Ishaak Aly Baraka.
“Este facto demonstra que não houve qualquer ordem para os administradores permanecerem nas suas áreas para, supostamente, controlarem o líder da Renamo”, enfatizou Paúnde.
No que diz respeito à sua “gazeta” à reunião de quadros, Filipe Paúnde disse que estava a cumprir a agenda de visitas aos distritos, daí que a sua permanência em Nampula não tenha nada a ver com a presença de Dhlakama.
“O facto de eu não ter ido à reunião de quadros do meu partido não tem nada a ver com o senhor Dhlakama. Tenho a minha própria agenda de visitas aos distritos e não queria interrompê-las, por isso vou continuar a cumprir, razão pela qual estou a falar consigo enquanto viajo para Mogincual”, sublinhou.
Vasco da Gama
Fonte: Zambeze, [25-04-2006]
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