A população de Manica, centro de Moçambique comprometeu-se hoje, perante as novas autoridades provinciais, a não participar em "acções hostis" à paz e desenvolvimento, mas apelou para a aproximação entre Governo e a Renamo.
"Nós não participaremos em actos que atentem contra a paz e condenamos os que procuram semear a instabilidade, mas apelamos para que o Governo recorra ao diálogo para manter a paz duradoura", declarou hoje Filipe Eduardo, um líder comunitário de um bairro de Chimoio, capital de Manica, durante a cerimónia de transmissão de poderes para o novo governador da província.
Em cerimónias públicas, sobretudo de transmissão de poderes, é habitual que a população se expresse, em mensagens lidas a partir do palanque, exprimindo as expectativas em relação à nova gestão e fazendo criticas à anterior.
A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), maior partido da oposição, tem avisado para a possibilidade de desobediência civil e manifestações violentas caso a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder) insista em rejeitar a exigência de um governo de gestão, ameaçando criar uma república autónoma no centro e sul do país.
O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, deu um prazo de uma semana, que acaba no sábado, ao Governo para reagir à sua exigência de participar num governo de gestão, para implementar "uma reforma estatal profunda" até novas eleições, ou em alternativa uma governação numa nova república autónoma, da qual seria Presidente.
A Renamo considera que o novo governador de Manica, Alberto Mondlane, ministro do interior entre 2010 e 2014, "é conotado com a guerra", por ter conjuntamente conduzido a operação, que desalojou Afonso Dhlakama do seu acampamento em Sadjudjira (Gorongosa), a 20 de Outubro de 2013, conduzindo o país para o seu pior momento de insegurança desde o Acordo Geral de Paz, em 1992.
Moçambique alcançou um segundo acordo de paz a 05 de Setembro, assinado pelo ex-Presidente moçambicano, Armando Guebuza e pelo líder da Renamo, Afonso Dhlakama, colocando fim aos 17 meses de confrontações, que fizeram um número desconhecido de mortos, centenas de feridos e milhares de deslocados.
"Constituí direito e dever de cada cidadão dar a sua contribuição para a manutenção da paz", disse hoje Alberto Mondlane, Governador de Manica, dirigindo-se a dezenas de populares que acorreu à praça da Independência, no Chimoio, para assistir à cerimónia, reafirmando que "a manutenção da paz, ordem e tranquilidade públicas é fundamental para o desenvolvimento social e económico da província".
Fonte: LUSA – 23.01.2015
2 comentários:
Todos os lideres mocambicanos sao da frelimo e ele nao disse por iniciativa propria.E reevendicar uma coisa nao ser violento.
Eu achei estranha essa coisa de considerar população de Manica a umas dezenas de membros da Frelimo.
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