Com festa de arromba
Maputo (Canal de Moçambique) - No seu já habitual esforço de tornar a sua formação política hegemónica e absolutista no cenário político moçambicano, o presidente da República e também do partido Frelimo, Armando Guebuza, ensaiou no passado dia 3 de Fevereiro aquilo a que certas correntes de opinião já denominam de “uma etapa de adulteração da história recente de Moçambique”. No meio de pompa e circunstância, com comida e bebida pelo meio, Armando Guebuza inaugurou o novo busto de Eduardo Chivambo Mondlane em frente a sede do Comité Central do partido Frelimo. O anterior havia sido inaugurado por Joaquim Chissano, numa outra profecia de fé…
Eduardo Mondlane nunca foi membro do Partido Frelimo. Foi o primeiro presidente da Frente de Libertação de Moçambique, de que foram membros também milhares de compatriotas moçambicanos, muitos deles mandados fuzilar quando a frente foi extinta para dar lugar ao Partido Frelimo de orientação marxista-leninista, fundado em 1977, doze anos depois da sua morte. Eduardo Mondlane foi o primeiro presidente da Frente de Libertação de Moçambique, frente de luta anti-colonial resultante da fusão de três movimentos. Nessa altura não havia o partido que se constituiu usurpando o acrónimo da frente (FRELIMO) – conseguido por Fanuel Malhuza. Apenas uma parte dos membros da Frente viria a aderir ao partido a cuja constituição se seguiria um período de miséria absoluta ao mesmo tempo que se assistia ao enriquecimento de poucos de uma «numenklatura» auto-proclamada.
A Frente de Libertação de Moçambique foi extinta no 3.º Congresso que também criou o Partido Frelimo, assumidamente Marxista-Leninista. Tal facto dá-se com Samora Moisés Machel no poder e quando faziam também parte do Bureau Político do Comité Central outros dois assumidos marxistas-leninistas que viriam mais tarde a chegar à presidência do mesmo partido e do Estado, respectivamente Joaquim Chissano e Armando Guebuza.
Aliás, é ideia corrente de que uma das vocações principais do partido Frelimo nos primórdios da sua fundação foi perseguir e assassinar outros companheiros de Mondlane que se recusaram a aderir aos ideias marxistas-leninistas e à ideia de ditadura que o partido único preconizava sob os auspícios de Machel e seus correligionários ainda vivos. O caso mais visível foi o do Reverendo Urias Simango, vice-presidente de Mondlane na Frente de Libertação de Moçambique, fuzilado extra-judicialmente às mãos do partido Frelimo algures no Niassa, num crime a que até hoje as mais diversas comunidades internacionais continuam a fazer vista grossa em atitude de que sobressai a sempre uma sempre activa Amnistia Internacional, neste caso completamente surda e cega como o comprova a sua mudez.
Certas correntes de opinião interpretam a atitude de Guebuza de endeusar Samora, primeiro, e agora Mondlane, como tentativa de buscar a sua legitimidade na história num momento em que começa a tornar-se visível que a principal ideia da governação do actual chefe de Estado, «o combate contra a pobreza absoluta», está a mostrar sinais de total fracasso ao mesmo tempo que ele próprio começa a aparecer aos olhos da opinião pública enfraquecido pelas pedras que lhe tem atirado os seus próprios correligionários, hoje clara e progressivamente a tirarem-lhe o tapete e a descobrir-lhe os podres como o comprovam as histórias que estão a animar hoje o bate-boca político um pouco por todo o país e abrem espaço para uma oposição mais actuante.
Como nota de referência, dizer ainda que Armando Guebuza chegou a ser secretário de Eduardo Mondlane, figura ontem resgatada em esforço partidarizante e com sinais de desespero de causa.
A ideia de busca de legitimidade justifica que o actual presidente da República adultere os manuais de história e assuma como do seu partido uma figura que nunca teve cartão de membro do partido Frelimo. Assim se pode resumir o acto de recorrência a que se assistiu no sábado em mais um aniversário da morte de Eduardo Chivambo Mondlane – não na sede da Frelimo como sempre se tentou fazer crer – mas, sim, em casa da americana Bety King, em Dar-es-Salaam, capital da Tanzânia, a 3 de Fevereiro de 1969. (vsff «Canal de Moçambique» n.º1, de 07 de Fevereiro de 2006).
Canal de Mocambique (Celso Manguana) 2007-02-04
Maputo (Canal de Moçambique) - No seu já habitual esforço de tornar a sua formação política hegemónica e absolutista no cenário político moçambicano, o presidente da República e também do partido Frelimo, Armando Guebuza, ensaiou no passado dia 3 de Fevereiro aquilo a que certas correntes de opinião já denominam de “uma etapa de adulteração da história recente de Moçambique”. No meio de pompa e circunstância, com comida e bebida pelo meio, Armando Guebuza inaugurou o novo busto de Eduardo Chivambo Mondlane em frente a sede do Comité Central do partido Frelimo. O anterior havia sido inaugurado por Joaquim Chissano, numa outra profecia de fé…
Eduardo Mondlane nunca foi membro do Partido Frelimo. Foi o primeiro presidente da Frente de Libertação de Moçambique, de que foram membros também milhares de compatriotas moçambicanos, muitos deles mandados fuzilar quando a frente foi extinta para dar lugar ao Partido Frelimo de orientação marxista-leninista, fundado em 1977, doze anos depois da sua morte. Eduardo Mondlane foi o primeiro presidente da Frente de Libertação de Moçambique, frente de luta anti-colonial resultante da fusão de três movimentos. Nessa altura não havia o partido que se constituiu usurpando o acrónimo da frente (FRELIMO) – conseguido por Fanuel Malhuza. Apenas uma parte dos membros da Frente viria a aderir ao partido a cuja constituição se seguiria um período de miséria absoluta ao mesmo tempo que se assistia ao enriquecimento de poucos de uma «numenklatura» auto-proclamada.
A Frente de Libertação de Moçambique foi extinta no 3.º Congresso que também criou o Partido Frelimo, assumidamente Marxista-Leninista. Tal facto dá-se com Samora Moisés Machel no poder e quando faziam também parte do Bureau Político do Comité Central outros dois assumidos marxistas-leninistas que viriam mais tarde a chegar à presidência do mesmo partido e do Estado, respectivamente Joaquim Chissano e Armando Guebuza.
Aliás, é ideia corrente de que uma das vocações principais do partido Frelimo nos primórdios da sua fundação foi perseguir e assassinar outros companheiros de Mondlane que se recusaram a aderir aos ideias marxistas-leninistas e à ideia de ditadura que o partido único preconizava sob os auspícios de Machel e seus correligionários ainda vivos. O caso mais visível foi o do Reverendo Urias Simango, vice-presidente de Mondlane na Frente de Libertação de Moçambique, fuzilado extra-judicialmente às mãos do partido Frelimo algures no Niassa, num crime a que até hoje as mais diversas comunidades internacionais continuam a fazer vista grossa em atitude de que sobressai a sempre uma sempre activa Amnistia Internacional, neste caso completamente surda e cega como o comprova a sua mudez.
Certas correntes de opinião interpretam a atitude de Guebuza de endeusar Samora, primeiro, e agora Mondlane, como tentativa de buscar a sua legitimidade na história num momento em que começa a tornar-se visível que a principal ideia da governação do actual chefe de Estado, «o combate contra a pobreza absoluta», está a mostrar sinais de total fracasso ao mesmo tempo que ele próprio começa a aparecer aos olhos da opinião pública enfraquecido pelas pedras que lhe tem atirado os seus próprios correligionários, hoje clara e progressivamente a tirarem-lhe o tapete e a descobrir-lhe os podres como o comprovam as histórias que estão a animar hoje o bate-boca político um pouco por todo o país e abrem espaço para uma oposição mais actuante.
Como nota de referência, dizer ainda que Armando Guebuza chegou a ser secretário de Eduardo Mondlane, figura ontem resgatada em esforço partidarizante e com sinais de desespero de causa.
A ideia de busca de legitimidade justifica que o actual presidente da República adultere os manuais de história e assuma como do seu partido uma figura que nunca teve cartão de membro do partido Frelimo. Assim se pode resumir o acto de recorrência a que se assistiu no sábado em mais um aniversário da morte de Eduardo Chivambo Mondlane – não na sede da Frelimo como sempre se tentou fazer crer – mas, sim, em casa da americana Bety King, em Dar-es-Salaam, capital da Tanzânia, a 3 de Fevereiro de 1969. (vsff «Canal de Moçambique» n.º1, de 07 de Fevereiro de 2006).
Canal de Mocambique (Celso Manguana) 2007-02-04
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