O homem do Presidente em frente da UEM
(Maputo) O Presidente da República, Armando Guebuza, nomeou o Padre Filipe Couto para o cargo de Reitor da Universidade Eduardo Mondlane. O acto do Presidente da República insere-se no âmbito das suas competências consagradas no Artigo 160 da Constituição da República. O estatuto da Universidade Eduardo Mondlane diz que compete ao Conselho Universitário recomendar ao PR três individualidades a serem consideradas para o cargo de Reitor. Neste caso, o Presidente não atendeu a nenhum dos nomes recomendados.
Esclarecimentos disponíveis indicam que a competência do Presidente da República insere-se “na direcção da acção governava”, para se concluir que o Reitor deverá ser da confiança do Presidente da República em virtude de participar na acção ou no sistema global de governação do país. O Artigo 160 da Constituição começa assim, no domínio do Governo.
É dessa disposição Constitucional que se afere que a competência fixada não está subordinada a qualquer condição. É prerrogativa do Presidente da República nomear alguém da sua confiança para o cargo de Reitor da UEM.
Mas os esclarecimentos sobreeste acto do Presidente da República não se esgotam aqui, gostaríamos de receber, para publicar, outras interpretações daqueles dispositivos legais.
Enquanto isso, recordemos o que pensa o Padre Couto sobre a academia e os intelectuais, numa transcrição de parte da entrevista que concedeu, anotransacto, à jornalista Paola Roletta para o Savana.
Acha possível uma academia independente?
Depende muito daquilo que se entende com a palavra independente. Na prática, eu não creio, porque todos nós estamos ligados a certos interesses, os nossos próprios ou daqueles que nos suportam, família, grupo de pertença, religião, partido.
A academia deve respeitar o bem comum, dar voz a todas as partes da sociedade ou não?
Deve-se procurar o bem comum, porém o bem comum nunca é claro nas sociedades. Vamos pegar Moçambique, por exemplo. O que é um bem comum para Moçambique neste momento? Um poderia dizer que o bem comum é que todos tenham boa saúde, outro diria que todos tenham boa saúde, outro diria que todos possam ir à escola, outro que todos tenham emprego... Não há verdadeiramente ciência que faz com que todos estejam de acordo com ela. A universidade sempre foi protegida por pessoas ou por sociedades. Na idade medieval eram reis ou príncipes que ajudavam a universidade.
O que deve fazer um académico?
É conseguir ser honesto e dizer, por mais que eu queira ser intelectual independente, eu tenho que procurar a protecção daqueles que eu acho que estão na linha, que eu gosto, que eu quero. Talvez quando tinha trinta anos pensava que podiaexistir um intelectual livre, mas não é assim. Nós estamos sempre condicionados por aqueles que nos dão o pão de cada dia. Deve—e procurar coligação com as pessoas que estão na minha linha. A verdade numa pessoa humana é relativa, quer dizer ninguém consegue ter toda a verdade. Por isso eu acho que é preciso ter uma academia capaz de raciocinar e dizer com quem é que eu vou trabalhar neste momento, qual é a posição que eu vou tomar na minha pesquisa. Um jornalista que quer fazer jornalismo em Moçambique, que vem de uma faculdade de jornalistas, qual é a posição que vai tomar no contexto de Moçambique, com a história de Moçambique, na SADC, na África, depois com o mundo global.
Mas o intelectual, o homem da academia, é considerado o farol no caminho para com a perfeição que todos nós fazemos na nossa vida, não é isso?
É. sim. Talvez eu não esteja a satisfazer com a minha resposta, porque não lhe estou a dar uma resposta clara, sim ou não. Não lhe vou dizer que a academia pode ser livre e imparcial, mas, sim, que ela deve procurar ser imparcial, porque a verdade é sempre limitada. Mesmo assim, deve procurar servir a sociedade, a maioria, especialmente quando as questões afectam o bem comum, quando são questões muito relevantes. Há países onde já não é preciso falar de bem comum.
Qual é então o papel do intelectual em Moçambique?
Eu queria leválo um pouco à honestidade e dizer assim, podes ler tudo aquilo que queres, mas procura dizer coisas muito claras que indicam as pessoas, especialmente a maioria, como ir para frente. Procura ser farol. Estamos a falar de HIV, por exemplo, um intelectual deveria falar se ele sabe, se ele descobriu quais são as causas do HIV/SIDA, devia falar de uma maneira tal que todos possam compreender.
Mas quando o tal intelectual se confronta contra uma espécie de muro, onde se confunde a cultura com os hábitos, como é que deve actuar?
Esforçar-se a falar de forma que as pessoas não deixem de o ouvir, que não fiquem cansadas. Deve falar de uma maneira tal que as pessoas quando ouvirem, ficam a pensar, mesmo se não concordam muito, omeçam a dizer, bom, custa, mas é um argumento aceitável.(Redacção)
(Maputo) O Presidente da República, Armando Guebuza, nomeou o Padre Filipe Couto para o cargo de Reitor da Universidade Eduardo Mondlane. O acto do Presidente da República insere-se no âmbito das suas competências consagradas no Artigo 160 da Constituição da República. O estatuto da Universidade Eduardo Mondlane diz que compete ao Conselho Universitário recomendar ao PR três individualidades a serem consideradas para o cargo de Reitor. Neste caso, o Presidente não atendeu a nenhum dos nomes recomendados.
Esclarecimentos disponíveis indicam que a competência do Presidente da República insere-se “na direcção da acção governava”, para se concluir que o Reitor deverá ser da confiança do Presidente da República em virtude de participar na acção ou no sistema global de governação do país. O Artigo 160 da Constituição começa assim, no domínio do Governo.
É dessa disposição Constitucional que se afere que a competência fixada não está subordinada a qualquer condição. É prerrogativa do Presidente da República nomear alguém da sua confiança para o cargo de Reitor da UEM.
Mas os esclarecimentos sobreeste acto do Presidente da República não se esgotam aqui, gostaríamos de receber, para publicar, outras interpretações daqueles dispositivos legais.
Enquanto isso, recordemos o que pensa o Padre Couto sobre a academia e os intelectuais, numa transcrição de parte da entrevista que concedeu, anotransacto, à jornalista Paola Roletta para o Savana.
Acha possível uma academia independente?
Depende muito daquilo que se entende com a palavra independente. Na prática, eu não creio, porque todos nós estamos ligados a certos interesses, os nossos próprios ou daqueles que nos suportam, família, grupo de pertença, religião, partido.
A academia deve respeitar o bem comum, dar voz a todas as partes da sociedade ou não?
Deve-se procurar o bem comum, porém o bem comum nunca é claro nas sociedades. Vamos pegar Moçambique, por exemplo. O que é um bem comum para Moçambique neste momento? Um poderia dizer que o bem comum é que todos tenham boa saúde, outro diria que todos tenham boa saúde, outro diria que todos possam ir à escola, outro que todos tenham emprego... Não há verdadeiramente ciência que faz com que todos estejam de acordo com ela. A universidade sempre foi protegida por pessoas ou por sociedades. Na idade medieval eram reis ou príncipes que ajudavam a universidade.
O que deve fazer um académico?
É conseguir ser honesto e dizer, por mais que eu queira ser intelectual independente, eu tenho que procurar a protecção daqueles que eu acho que estão na linha, que eu gosto, que eu quero. Talvez quando tinha trinta anos pensava que podiaexistir um intelectual livre, mas não é assim. Nós estamos sempre condicionados por aqueles que nos dão o pão de cada dia. Deve—e procurar coligação com as pessoas que estão na minha linha. A verdade numa pessoa humana é relativa, quer dizer ninguém consegue ter toda a verdade. Por isso eu acho que é preciso ter uma academia capaz de raciocinar e dizer com quem é que eu vou trabalhar neste momento, qual é a posição que eu vou tomar na minha pesquisa. Um jornalista que quer fazer jornalismo em Moçambique, que vem de uma faculdade de jornalistas, qual é a posição que vai tomar no contexto de Moçambique, com a história de Moçambique, na SADC, na África, depois com o mundo global.
Mas o intelectual, o homem da academia, é considerado o farol no caminho para com a perfeição que todos nós fazemos na nossa vida, não é isso?
É. sim. Talvez eu não esteja a satisfazer com a minha resposta, porque não lhe estou a dar uma resposta clara, sim ou não. Não lhe vou dizer que a academia pode ser livre e imparcial, mas, sim, que ela deve procurar ser imparcial, porque a verdade é sempre limitada. Mesmo assim, deve procurar servir a sociedade, a maioria, especialmente quando as questões afectam o bem comum, quando são questões muito relevantes. Há países onde já não é preciso falar de bem comum.
Qual é então o papel do intelectual em Moçambique?
Eu queria leválo um pouco à honestidade e dizer assim, podes ler tudo aquilo que queres, mas procura dizer coisas muito claras que indicam as pessoas, especialmente a maioria, como ir para frente. Procura ser farol. Estamos a falar de HIV, por exemplo, um intelectual deveria falar se ele sabe, se ele descobriu quais são as causas do HIV/SIDA, devia falar de uma maneira tal que todos possam compreender.
Mas quando o tal intelectual se confronta contra uma espécie de muro, onde se confunde a cultura com os hábitos, como é que deve actuar?
Esforçar-se a falar de forma que as pessoas não deixem de o ouvir, que não fiquem cansadas. Deve falar de uma maneira tal que as pessoas quando ouvirem, ficam a pensar, mesmo se não concordam muito, omeçam a dizer, bom, custa, mas é um argumento aceitável.(Redacção)
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