Por Machado da
Graça
O Dr. Teodato
Hunguana apresentou recentemente, no Mozefo, um excelente texto em que
acompanha a evolução do Poder, no nosso país, desde a Constituição de 1975
(resultado da luta armada de libertação nacional) até à actualidade.
Ao longo da sua
intervenção foi analisando a evolução do(s) nosso(s) texto(s) constitucional
(ais), e outra legislação, explicando as razões por que essa evolução foi de
uma determinada maneira e não de outra.
Mais de um jornal
publicou na íntegra esse texto e aconselho vivamente a sua leitura.
Mas ao explicar
como chegámos ao ponto a que chegámos, Teodato Hunguana mostra-nos a
necessidade urgente de uma mudança, nomeadamente através do reforço e
independência das nossas instituições para que possamos ser, de facto, um
Estado de Direito Democrático. Que, por variadas razões históricas ainda não
somos.
Justificando o
atraso que temos nesse aspecto, ele alerta para que já não estamos a tempo dos
passos lentos para evitar cair no abismo. Neste momento são necessários passos
acelerados.
E com tudo isto
estou plenamente de acordo. Já não estou, no entanto, quando ele afirma que
quem tem de tomar a iniciativa dessas mudanças é a força política actualmente
no poder (como ele chama sistematicamente ao partido Frelimo).
O facto é que o
partido Frelimo, enquanto dirigido por Armando Guebuza, caminhou precisamente
no sentido contrário.
No sentido do imobilismo e do controlo centralizado de todas as instituições do Estado. E não dá nenhuns sinais de que vá mudar de rumo.
Com Joaquim
Chissano talvez tivesse havido a possibilidade de mudanças em curtos passos. E
em Nyusi não vemos a ousadia necessária aos passos acelerados e nem sequer aos
passos curtos.
Seja quem for que
realmente manda, não parece estar disposto a largar o Poder total sobre o
Estado e os benefícios que isso lhe dá.
Filipe Nyusi
poderia ser uma boa solução, se o deixassem. Mas, claramente, não deixam.
Que fazer então?
Não sei. Já não tenho idade para gostar de mudanças feitas a tiro. E, para
dizer a verdade, não estou sequer certo de que quem tem força militar para
provocar essa mudança não vá fazer o mesmo, através de caras diferentes.
Teodato Hunguana
diz que “poderemos estar a aproximar-nos perigosamente do abismo” se não houver
uma mudança urgente de mentalidades. E eu só vejo mentes empedernidas
recusando, aos gritos, a mais ínfima mudança.
Daí o meu
pessimismo para 2016 e para os anos que se lhe seguem.
Fonte: Savana – 01.01.2016
Sem comentários:
Enviar um comentário