Arcebispo Reinhard Marx escreveu seu "Capital" como "um apelo pelo ser humano". Embora sem uma receita para vencer a crise, ele se apóia na doutrina social católica e na crença que "Deus é apaixonado pelo ser humano".
Seu sobrenome é o do grande comunista. Com o qual, contudo, ele não quer, de forma alguma, ser comparado. O arcebispo Reinhard Marx, de Munique, considera "totalmente erradas" as idéias de seu xará e teme que elas retornem, nestes tempos de crise econômica global. Contra este perigo, o católico especializado em ética social opõe sua concepção de uma economia de mercado social e global, que acaba de publicar sob um título bastante chamativo: O capital.
Marx, o grande inimigo
Todos, até mesmo um católico, têm a aprender com o talento analítico do filósofo Karl Marx (1818-1883), afirma o arcebispo bávaro. Porém Marx não é o mesmo que Marx. Um é o mentor do comunismo e do socialismo, o outro se apóia na doutrina social católica, e conseqüentemente numa outra imagem do ser humano. Esta doutrina tem em Karl Marx seu grande inimigo, "porém o respeita– senão, ele não seria um grande adversário", observa Reinhard Marx.
Diante da atual situação econômica do mundo, o clérigo não poderia ter escolhido uma ocasião melhor para publicar o seu livro, Das Kapital. Ein Plädoyer für den Menschen (O capital – Um apelo pelo ser humano). Segundo ele, entretanto, trata-se de mera coincidência, pois a publicação já estava planejada há mais de dois anos, quando nem havia sinal de crise bancária e financeira.
Mas na época já se podia notar que o Estado social vacilava cada vez mais. Para Reinhard Marx foi importante deixar bem claro: Estado social não é apenas o subproduto de uma boa economia de mercado, mas sim seu pré-requisito. "Só se pode pensar a economia de mercado dentro do Estado social", é sua máxima.
Ser legal não basta
O arcebispo não pode nem quer fornecer receitas prontas para combater a crise. Ele se concentra nos princípios: solidariedade, subsidiariedade (tomada de decisões o mais próximo possível do cidadão), o apoio na razão ao assumir responsabilidades, posicionamento do ser humano no centro das considerações, recusa de se deixar dominar pelo trabalho, o capital ou o Estado.
Todos estes são princípios da doutrina social católica postulada por Reinhard Marx. Ele rejeita a gana desenfreada de lucros e condena radicalmente os chamados "fundos abutres", embora estes sejam inatacáveis, do ponto de vista jurídica. "Provavelmente alguns dirão: 'Mas a coisa é legal. Ninguém transgrediu nenhuma lei'. Porém isto não basta como justificativa moral. Se só fazemos aquilo a que somos obrigados, estamos moralmente acabados", critica o prelado muniquense.
Importante é também ampliar os horizontes. A reivindicação de igualdade e solidariedade não pode parar nas fronteiras nacionais. "Pois este será o grande tema do século 21. Seremos capazes de pensar o bem-estar global e traduzi-lo em estruturas? Para tal não é necessário um Estado mundial, mas se precisa de elementos de uma política interna global. E esta diz respeito também aos mercados financeiros globais."
Paixão pelo ser humano
O novo livro de Reinhard Marx se dirige a um público amplo. Todos, não apenas o perito em questões sociais, devem poder participar da discussão e absorver os impulsos positivos do autor. Embora a crise mundial ainda esteja longe do fim, não há motivo para um pessimismo sem esperanças, encoraja o arcebispo.
"O campo é complexo. Mas sou incuravelmente confiante, porque sou cristão, bispo e padre. Deus é apaixonado pelo ser humano. Portanto também Ele crê que o homem seja capaz de bondade, de pensar, de amor, de conciliação."
Fonte: Deutsche Welle
Seu sobrenome é o do grande comunista. Com o qual, contudo, ele não quer, de forma alguma, ser comparado. O arcebispo Reinhard Marx, de Munique, considera "totalmente erradas" as idéias de seu xará e teme que elas retornem, nestes tempos de crise econômica global. Contra este perigo, o católico especializado em ética social opõe sua concepção de uma economia de mercado social e global, que acaba de publicar sob um título bastante chamativo: O capital.
Marx, o grande inimigo
Todos, até mesmo um católico, têm a aprender com o talento analítico do filósofo Karl Marx (1818-1883), afirma o arcebispo bávaro. Porém Marx não é o mesmo que Marx. Um é o mentor do comunismo e do socialismo, o outro se apóia na doutrina social católica, e conseqüentemente numa outra imagem do ser humano. Esta doutrina tem em Karl Marx seu grande inimigo, "porém o respeita– senão, ele não seria um grande adversário", observa Reinhard Marx.
Diante da atual situação econômica do mundo, o clérigo não poderia ter escolhido uma ocasião melhor para publicar o seu livro, Das Kapital. Ein Plädoyer für den Menschen (O capital – Um apelo pelo ser humano). Segundo ele, entretanto, trata-se de mera coincidência, pois a publicação já estava planejada há mais de dois anos, quando nem havia sinal de crise bancária e financeira.
Mas na época já se podia notar que o Estado social vacilava cada vez mais. Para Reinhard Marx foi importante deixar bem claro: Estado social não é apenas o subproduto de uma boa economia de mercado, mas sim seu pré-requisito. "Só se pode pensar a economia de mercado dentro do Estado social", é sua máxima.
Ser legal não basta
O arcebispo não pode nem quer fornecer receitas prontas para combater a crise. Ele se concentra nos princípios: solidariedade, subsidiariedade (tomada de decisões o mais próximo possível do cidadão), o apoio na razão ao assumir responsabilidades, posicionamento do ser humano no centro das considerações, recusa de se deixar dominar pelo trabalho, o capital ou o Estado.
Todos estes são princípios da doutrina social católica postulada por Reinhard Marx. Ele rejeita a gana desenfreada de lucros e condena radicalmente os chamados "fundos abutres", embora estes sejam inatacáveis, do ponto de vista jurídica. "Provavelmente alguns dirão: 'Mas a coisa é legal. Ninguém transgrediu nenhuma lei'. Porém isto não basta como justificativa moral. Se só fazemos aquilo a que somos obrigados, estamos moralmente acabados", critica o prelado muniquense.
Importante é também ampliar os horizontes. A reivindicação de igualdade e solidariedade não pode parar nas fronteiras nacionais. "Pois este será o grande tema do século 21. Seremos capazes de pensar o bem-estar global e traduzi-lo em estruturas? Para tal não é necessário um Estado mundial, mas se precisa de elementos de uma política interna global. E esta diz respeito também aos mercados financeiros globais."
Paixão pelo ser humano
O novo livro de Reinhard Marx se dirige a um público amplo. Todos, não apenas o perito em questões sociais, devem poder participar da discussão e absorver os impulsos positivos do autor. Embora a crise mundial ainda esteja longe do fim, não há motivo para um pessimismo sem esperanças, encoraja o arcebispo.
"O campo é complexo. Mas sou incuravelmente confiante, porque sou cristão, bispo e padre. Deus é apaixonado pelo ser humano. Portanto também Ele crê que o homem seja capaz de bondade, de pensar, de amor, de conciliação."
Fonte: Deutsche Welle
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