domingo, setembro 16, 2007

O voo impressionante da perdiz (3)

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Inclusão

De facto, neste Conselho Nacional houve uma inovação pela forma “inclusiva” de que ele se realizou. Participaram nele os presidentes dos municípios e respectivas assembleias governados pela Renamo, eles que podem transmitir a experiência de governação e sobretudo a estratégia para uma vitória eleitoral mesmo que ocorram ou haja tentava de fraudes. Eles que há quase quatro anos venceram as eleições, precisamente porque tiveram uma boa estratégia eleitoral. Muitos destes presidentes, senão todos, estão a governar exemplarmente os seus municípios, apesar de serem dificultados pelo governo central. O que fazem é trabalhar porque prestam contas directamente aos munícipes. Talvez porque a quem prestam contas está perto deles, eles ganharam essa cultura ao invés de se desculparem em tudo.
Contudo, eles aprendem mais quando convivem com os membros dos diferentes órgãos do partido como aconteceu neste Conselho Nacional.
A outra inovação foi a participação nele dos representantes das ligas juvenil e da mulher assim como os chefes da mobilização das delegações provinciais. Estes são na realidade os principais dinamizadores da mobilização. O Presidente do partido é sem dúvidas importante no tempo de campanha, entretanto, ele não tem possibilidade de estar em todos os contos do país em simultâneo. Por essa razão, membros de estruturas de base são ainda muito importantes e o seu papel enfatiza-se quando há sinais de coordenação com os demais órgãos do partido. Há sinais de coordenação quando há encontros regulares e frequentes. A bem do partido os encontros deviam ser assumidos como dever, pois que não existindo, a imprensa reporta-os como sinal de crise do partido. Desta maneira, evita-se coisa como esta de um enchente nas campanhas do presidente do partido e um quase vazio nos dias de voto. Isto lesa à democracia em construção.

A capitalização dos recursos humanos

O uso e aproveitamento dos recursos humanos, em particular dos académicos à Renamo filiados foi mais uma outra inovação a qual pode fortalecer a Renamo. A crítica cá fora tem sido que a Renamo recruta académicos nas vésperas das eleições apenas para um “show off”. Chegado lá, já não têm as funções esperadas. E porque os académicos e outros técnicos que encontram as vésperas das eleições gerais e presidenciais ou mesmo autárquicas, momento próprio para assumir a sua simpatia política, nada mais fazem que serem exibidos como uma moda se fossem, passam eles a ser suspeitos como simples oportunistas ou expiões enviados pelo partido Frelimo. Geralmente tais suspeições são semeados pelos adversários políticos da Renamo, encontrando eco devido à falta de capitalização destes para além da total marginalização dos antigos académicos filiados ao partido. De facto, quadros não se usam como moda de roupa.
Tais funções dos académicos e outros técnicos filiados ao partido, não constituem necessariamente em atribuição dum “grande” posto de chefia, mas em uso dos conhecimentos que eles possuem. Como dizia o filósofo Severino Ngoenha numa entrevista ao canal de Moçambique, a mais valia dos intelectuais num partido é produzir ideias alternativas que possam servir de modelos para os políticos para servir à sociedade. Na realidade, a razão de uma democracia multipartidária são ideias alternativas, ideias que sirvam melhor à sociedade. Mas isto é só possível se num partido se deixa campo para a produção dessas ideias.
Neste caso, acompanhámos com euforia que no seminário de capacitação de quadros do partido em matérias eleitorais, o deputado Ismael Mussá deu uma palestra sobre a importância das assembleias provinciais. Também acompanhámos que o deputado Victor Anselmo apresentou as linhas gerais do pacote eleitoral realçando a importância do estudo e domínio deste para que se usufruam os direitos aí contidos. Esperamos que este seja apenas o início de melhor aproveitamento dos recursos humanos dentro e fora do partido. Na minha modesta opinião, um académico pode dar palestra científica em seminários partidários, mesmo não sendo membro ou simpatizante desse partido. Não se pode limitar aos eventos nacionais, mas os académicos-políticos e outros quadros seniores devem ir orientar seminários do tipo nas províncias e distritos.

Continua...

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