OS cinquenta autocarros concedidos pelo Estado à Federação Moçambicana dos Transportadores Rodoviários (FEMATRO), a título de crédito, podem ser recolhidos pela falta de pagamento das prestações referentes ao financiamento da sua aquisição.
A posição foi apresentada pelo Fundo de Desenvolvimento dos Transportes e Comunicações (FTC), entidade envolvida na aquisição e concessão dos autocarros, que alega a falta de pagamento de um valor de mais de 9 milhões de meticais, com tendência ao agravamento, que foram envolvidos na compra dos veículos.
Fonte do FTC garante que a FEMATRO já foi notificada para cumprir a sua parte no contrato, de modo a que se possa ter o retorno do investimento efectuado em 2010, como forma de minimizar a crise de transporte que abalava as cidades de Maputo e Matola.
A ameaça de retirada dos autocarros surge em virtude de a falta de pagamento das prestações estar a impedir o cumprimento do projecto de aquisição faseada de um total de 400 autocarros para o sector privado.
O memorando de entendimento para a compra destes autocarros foi financiado entre as partes, sendo que o primeiro lote de 50 autocarros foi adquirido em 2010. Na ocasião, a FEMATRO comprometeu-se a reembolsar 50 por cento dos juros e 90 por cento do capital, ficando o remanescente sob responsabilidade do FTC.
O financiamento foi aprazado para 5 anos e volvido cerca de ano e meio da vigência do contrato, segundo FTC, os mutuários não estão a honrar o compromisso assumido.
Entretanto, o vice-presidente da FEMATRO, Luís Munguambe, contrariou estas afirmações afirmando que a sua organização está a efectuar o pagamento das prestações possuindo comprovativos dos depósitos efectuados.
“Podem existir falhas na ordem de 10 a 15 por cento com uma e outra empresa, mas a situação não pode ser generalizada a ponto de o FTC afirmar que a FEMATRO não está a honrar os seus compromissos”, afirmou Munguambe.
Explicou que mesmo que tal situação esteja a ocorrer não pode ser por má-fé dos operadores de transporte, mas sim das condições que não permitem o cumprimento dos prazos. Como exemplo disso, apontou o caso de uma das empresas beneficiárias que esteve três meses sem efectuar os pagamentos e a FEMATRO entendeu por bem retirar os três autocarros e alocar a outras companhias para serem rentabilizados.
“Temos muitas dificuldades e uma delas é a questão da tarifa que não compensa o custo da manutenção, por exemplo”, disse Luís Munguambe, acrescentando que as onze empresas beneficiárias dos autocarros estão a um ritmo de pagamento na ordem de 80 a 90 por cento da divida, podendo provar em caso de necessidade.
Refira-se que caso a intenção do FTC de retirar os autocarros se concretize, as cidades de Maputo e Matola voltarão a ver a crise de transporte a agudizar-se, visto que nos dias de hoje, mesmo com os 50 autocarros em circulação, os munícipes enfrentam dificuldades para chegar aos seus destinos.
Fonte: Jornal Notícias - 11.06.2012
2 comentários:
Nguiliche
Talvez se esqueceram de pagar as luvas!
Até pode ser, porém, ainda preciso de saber de quem mesmo faz parte da FEMATRO. Ora mesmo que os aiutocarros se recolham, a FEMATRO deve ao Estado.
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