terça-feira, janeiro 25, 2011

Aprofundar a Democracia Política e Económica – Desafio de 2011

Por Noé Nhantumbo

Beira (O Autarca) – Pode-se dizer muito ou pouco sobre as perspectivas para 2011 em Moçambique. Mas o principal e prioritário, quanto a nós, é todos os actores políticos e sociais se entreguem sem reservas nem desculpas ao trabalho direccionado a transformar o País numa entidade segura, respeitada e desenvolvida.
Temos a sorte de possuirmos entre nós todos os ingredientes necessários para alterar substancialmente a qualidade de vida dos moçambicanos.
É nossa firme convicção que já é tempo de abandonar a demagogia política e os jogos obscuros que teimam em persistir no seio da nossa classe política.
Está claro que se até agora poucos avanços houve no acesso aos mais diversos recursos existentes no País isso se deve a alguma intolerância política. Os moçambicanos não são pobres em si.
Houve uma actividade política continuada que tem negado de maneira cada vez mais visível o acesso justo dos moçambicanos ao que o seu País pode dar.
Há uma monopolização da actividade económica que tem condenado uns, a grande maioria, a ser subalterna e assalariada. Tem havido um posicionamento da elite político-financeira nacional que contraria o discurso de combate contra a pobreza.
Basta de açambarcamento do protagonismo. Basta de jogo desigual. Basta de compadrios lesivos ao interesse nacional.
Do seio dos partidos políticos é necessário que saíam e surjam ideias amadurecidas pela discussão sobre os caminhos que levam a uma maior comparticipação no desenvolvimento nacional.
O Governo tem de garantir isenção e seguir práticas que signifiquem aquela austeridade necessária e fundamental na utilização dos recursos postos à sua disposição através do OGE – Orçamento Geral do Estado aprovado pelo Parlamento.
Do Parlamento espera-se um crescimento na sua actuação que signifique iniciativa legislativa e uma crescente capacidade de fiscalização das acções do Executivo.
Tem havido recuos visíveis no jogo democrático resultantes da promiscuidade entre a maioria parlamentar e o executivo. Os deputados entanto que representantes do povo, dos cidadãos, entanto que políticos filiados em partidos têm a obrigação de respeitarem a disciplina partidária mas também de actuar com aquela isenção e abnegação na defesa dos interesses dos seus constituintes. Não se pode tolerar obediência cega aos postulados e procedimentos claramente lesivos ao interesse nacional. E interesse nacional é o interesse de seus cidadãos tomados no seu conjunto.
A obediência suprema e vinculativa é unicamente devida ao povo moçambicano.
Esperemos que em 2011 a noção de interesses estratégicos nacionais seja tomada em consideração pelos diferentes poderes democráticos de tal modo que todos contribuam para fazer avançar uma agenda que inclua a maioria dos moçambicanos e que se baseie na sua participação na formulação e execução de programas e projectos.
Queremos ver o investimento crescendo, tanto nacional como externo mas não queremos continuar assistindo a investidores nacionais e estrangeiros espezinhando cidadãos e tratando os moçambicanos de maneira indigna e insultuosa. Somos pobres mas merecemos e exigimos respeito.
É necessário que na frente política exista aquela sensibilidade por vezes desprezada de ver para além das vantagens rápidas, pessoais ou de pequenos grupos.
A construção de um Moçambique forte, próspero, unido e solidário só vai acontecer através dos esforços de todos.
Uma elite política adulta e visionária faz falta para continuarmos a realizar o projecto de construção desta pátria que tem tudo para ser uma verdadeira Pérola do Índico.
Qualquer intenção que se tenha para com este País deve começar no simples entendimento de que nada pode ser feito de modo profícuo e consequente se não tiver em conta o que os cidadãos pensam e o que pretendem.
Sem que os actores sociais e políticos acreditem na possibilidade de concretizarem um projecto comum baseado numa moçambicanidade em que todos se revejam e se comprometam, 2011 será mais um ano como outros em que os políticos e suas lideranças anunciam objectivos mas não se batem pela sua concretização.
Há que fazer opções já e não adiar algo para amanhã. Só existe um caminho que é o trabalho. Os “empatas” qualquer que seja a sua cor político-partidária devem ser empurrados com vigor para o “caixote de lixo”. É uma questão demasiado séria que merece a atenção de todos.
Para este domínio não são chamados altruísmos e muito menos filantropias egocêntricas. Em jogo estão questões superiores ao que pessoas individuais querem impor como agenda nacional que como sabemos não passa de um conjunto de objectivos que não ultrapassa as fronteiras de seus egos.
Agora no nosso entender, 2011 constitui uma oportunidade soberana para se enveredar pela construção de um País em que seus cidadãos se identificam e defendem porque o sentem seu.
Pela Pátria Bem Amada vamos abandonar os slogans e trabalhar..._

Fonte: O Autarca - 24.01.2011

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