No encerramento do seu «ano político» que findou este domingo
Maputo (Canal de Moçambique) – Membros do partido Renamo na cidade de Maputo, que estiveram reunidos no último domingo aqui na capital do país, voltaram a pôr em causa a atitude, estratégia e legitimidade de algumas decisões da liderança desta formação política nos últimos tempos, que resultaram em desorganização e divisões, que precipitaram esta formação política para a mais estrondosa derrota da sua história, ocorrida nas eleições autárquicas havidas a 19 de Novembro, em 43 municípios em todo o país.
Os membros insistiram em querer saber o futuro que espera o partido, perante a crise que se diz estar a passar nos últimos tempos, e o que pensam os líderes sobre a situação que se instalou na Beira, onde segundo os membros a Renamo perdeu as bases de apoio como o provou o que dizem ter visto. “Durante a campanha eleitoral, vimos o nosso candidato Manuel Pereira, a caminhar sozinho, como alguém que estivesse a vender amendoim torado”, registamos de um militante que participou no debate do último domingo.
Apesar de tentativas de excluir da agenda do encontro o balanço sobre as recentes eleições municipais, tentativas essas empreendidas pela Comissão Política da Renamo ao nível da Cidade, dirigida por Jeremias Pondeca, com o pretexto de que o encontro era simplesmente para analisar as actividades políticas do partido durante o «ano político» que começou em Fevereiro de 2008 e terminou no domingo, assistiu-se à subida dos ânimos dos membros que ansiosos, queriam saber os motivos da desorganização e desentendimentos que estão a afundar esta formação política, e que ficaram mais patentes durante o período eleitoral. Acabaram por conseguir com a pressão que se desviassem dos propósitos da agenda, e acabaram por colocar algumas perguntas sobre o descalabro registado no último pleito.
No encontro havido no Delegação Política do Distrito Municipal Nº 2, no bairro do Xipamanine, os membros denunciaram supostas desorganizações, perseguições políticas, compadrios na selecção dos candidatos a deputados municipais, falta de apoios da liderança ao nível central durante as campanhas eleitorais destas eleições, falta de materiais de campanha, desaparecimento e falta de justificação de fundos, ditadura e arrogância por parte dos dirigentes na tomada de decisões, falta de auscultação e consideração das opiniões das bases, ausência de conferências de bairros e distritos, tudo dentro da Renamo, como sendo as principais causas que concorreram para a pior derrota de sempre, averbada pelo partido liderado por Afonso Dhlakama.
“As estruturas dos distritos e bairros não tem fundos para o funcionamento. Os poucos fundos que são canalizados aos distritos, param nas mãos dos delegados distritais, que os usam indevidamente sem justificar aos respectivos sectores das finanças”, denunciaram os membros.
Segundo estes, na maioria das delegações distritais da cidade de Maputo, os fundos são geridos indevidamente pelos respectivos delegados, no lugar dos chefes das Finanças, que são meras figuras de estilo.
Outro aspecto negativo que continua a irritar os membros e que ainda não tem resposta, é a falta de reuniões nos distritos, e a ausência de prestação de contas sobre as finanças do partido a todos os níveis. Outrossim, a maioria dos membros denunciou que na Renamo houve desvio de processos de candidatura dos seus membros que tinham sido propostos pelas bases, para concorrerem a Assembleia Municipal de Maputo, tendo os seus nomes sido substituídos sem explicações, por elementos familiares e conhecidos dos dirigentes, que segundo se disse “não têm nada a ver com o partido”.
Membros há que dizem terem sido suspensos ou afastados dos seus cargos em alguns órgãos quer do partido quer públicos em que a Renamo está representada, incluindo nas Comissões Eleitorais Distritais (CDE), Secretariados Técnicos de Administração Eleitoral (STAE), porque alegadamente “falamos muito ou pedimos contas de como funciona o partido”.
“Muitos dos que estão na Renamo, são sanguessugas vindos da Frelimo, para virem fazer dinheiro, mas também empenhados em destruírem os propósitos do nosso partido. Os senhores são ditadores, arrogantes, e nada têm a ver com os membros. Já fizeram as vossas vidas, são empresários, por isso agora estão a afundar o partido. Queremos que nos digam qual será o nosso futuro, com um partido que nunca ganha, e que parece estar cada vez mais em desespero e a afundar”, questionou em jeito de lamentação um dos membros, durante a reunião que durou perto de 6 horas.
Devido ao tom elevado dos ânimos, os membros quiseram ainda saber como o partido estaria a tratar a situação da cidade da Beira e de Daviz Simango, que segundo disseram, consideram-no como tendo sido provado que ele tem popularidade junto dos munícipes, incluindo da quase a totalidade dos apoiantes da Renamo, no que até agora é considerado bastião desta formação política, até aqui a maior da oposição. Apesar da insistência os membros que levantaram a questão não tiveram nenhuma resposta.
Contudo o delegado político da cidade de Maputo, Jeremias Pondeca, acabou limitando os questionamentos ao afirmar que a reunião não era para avaliar as eleições dado que ainda não se têm os resultado definitivos, tendo por outro lado dito, que podiam apenas serem tratados assuntos da cidade de Maputo, e não da Renamo no seu todo, pese embora a intenção dos membros, como presenciámos, era de mandar recados à liderança do partido ao nível central, sobre a situação por que este passa actualmente, caracterizada por divisões e clivagens, incluindo de opiniões díspares.
Na sua intervenção, Jeremias Pondeca acabou por reconhecer que houve falhas dentro da Renamo, que teriam provocado a derrota deste partido e dos seus candidatos na maioria das 43 autarquias, segundo os resultados até agora veiculados. Não entrou, contudo, em muitos pormenores.
“Não tivemos material de campanha eleitoral suficiente. Tivemos problemas em termos de formação e quantidade dos delegados às mesas de votos. Não tivemos apoios dos dirigentes ao nível central durante a campanha. Falhou a estratégia ao nível central, mas também falhou a táctica a partir das bases”, disse Pondeca, apontando esses como os grandes constrangimentos.
Para conter os ânimos, o delegado da Renamo na cidade de Maputo, apelou para a calma e serenidade aos membros, advertindo que deve-se deixar de atacar a figura do presidente do partido, Afonso Dhlakama.
“Devo deixar claro que, aqui na cidade de Maputo, não há espaço para alguém que seja da Renamo, continue a pôr em causa e a atacar a figura do presidente Dhlakama, quer por causa dos resultados destas eleições que foram municipais e não gerais, quer pela desorganização do partido. Se há alguém a quem questionar, temos que começar pelos delegados dos bairros, distritos e eu próprio, sobre o que fizemos para que o partido tivesse sucesso”, avisou aquele dirigente partidário, acrescentando que “se nada fizemos para o sucesso do partido, então temos que ser nós primeiros a sermos sacrificados e não o presidente”.
Participaram na reunião, membros, delegados dos bairros, distritos, membros da Comissão Política da Cidade, dirigentes da Liga Feminina, da Juventude, chefes de serviços, deputados da Assembleia da República, entre outros convidados.
(Bernardo Álvaro)
Fonte: Canal de Moçambique
Maputo (Canal de Moçambique) – Membros do partido Renamo na cidade de Maputo, que estiveram reunidos no último domingo aqui na capital do país, voltaram a pôr em causa a atitude, estratégia e legitimidade de algumas decisões da liderança desta formação política nos últimos tempos, que resultaram em desorganização e divisões, que precipitaram esta formação política para a mais estrondosa derrota da sua história, ocorrida nas eleições autárquicas havidas a 19 de Novembro, em 43 municípios em todo o país.
Os membros insistiram em querer saber o futuro que espera o partido, perante a crise que se diz estar a passar nos últimos tempos, e o que pensam os líderes sobre a situação que se instalou na Beira, onde segundo os membros a Renamo perdeu as bases de apoio como o provou o que dizem ter visto. “Durante a campanha eleitoral, vimos o nosso candidato Manuel Pereira, a caminhar sozinho, como alguém que estivesse a vender amendoim torado”, registamos de um militante que participou no debate do último domingo.
Apesar de tentativas de excluir da agenda do encontro o balanço sobre as recentes eleições municipais, tentativas essas empreendidas pela Comissão Política da Renamo ao nível da Cidade, dirigida por Jeremias Pondeca, com o pretexto de que o encontro era simplesmente para analisar as actividades políticas do partido durante o «ano político» que começou em Fevereiro de 2008 e terminou no domingo, assistiu-se à subida dos ânimos dos membros que ansiosos, queriam saber os motivos da desorganização e desentendimentos que estão a afundar esta formação política, e que ficaram mais patentes durante o período eleitoral. Acabaram por conseguir com a pressão que se desviassem dos propósitos da agenda, e acabaram por colocar algumas perguntas sobre o descalabro registado no último pleito.
No encontro havido no Delegação Política do Distrito Municipal Nº 2, no bairro do Xipamanine, os membros denunciaram supostas desorganizações, perseguições políticas, compadrios na selecção dos candidatos a deputados municipais, falta de apoios da liderança ao nível central durante as campanhas eleitorais destas eleições, falta de materiais de campanha, desaparecimento e falta de justificação de fundos, ditadura e arrogância por parte dos dirigentes na tomada de decisões, falta de auscultação e consideração das opiniões das bases, ausência de conferências de bairros e distritos, tudo dentro da Renamo, como sendo as principais causas que concorreram para a pior derrota de sempre, averbada pelo partido liderado por Afonso Dhlakama.
“As estruturas dos distritos e bairros não tem fundos para o funcionamento. Os poucos fundos que são canalizados aos distritos, param nas mãos dos delegados distritais, que os usam indevidamente sem justificar aos respectivos sectores das finanças”, denunciaram os membros.
Segundo estes, na maioria das delegações distritais da cidade de Maputo, os fundos são geridos indevidamente pelos respectivos delegados, no lugar dos chefes das Finanças, que são meras figuras de estilo.
Outro aspecto negativo que continua a irritar os membros e que ainda não tem resposta, é a falta de reuniões nos distritos, e a ausência de prestação de contas sobre as finanças do partido a todos os níveis. Outrossim, a maioria dos membros denunciou que na Renamo houve desvio de processos de candidatura dos seus membros que tinham sido propostos pelas bases, para concorrerem a Assembleia Municipal de Maputo, tendo os seus nomes sido substituídos sem explicações, por elementos familiares e conhecidos dos dirigentes, que segundo se disse “não têm nada a ver com o partido”.
Membros há que dizem terem sido suspensos ou afastados dos seus cargos em alguns órgãos quer do partido quer públicos em que a Renamo está representada, incluindo nas Comissões Eleitorais Distritais (CDE), Secretariados Técnicos de Administração Eleitoral (STAE), porque alegadamente “falamos muito ou pedimos contas de como funciona o partido”.
“Muitos dos que estão na Renamo, são sanguessugas vindos da Frelimo, para virem fazer dinheiro, mas também empenhados em destruírem os propósitos do nosso partido. Os senhores são ditadores, arrogantes, e nada têm a ver com os membros. Já fizeram as vossas vidas, são empresários, por isso agora estão a afundar o partido. Queremos que nos digam qual será o nosso futuro, com um partido que nunca ganha, e que parece estar cada vez mais em desespero e a afundar”, questionou em jeito de lamentação um dos membros, durante a reunião que durou perto de 6 horas.
Devido ao tom elevado dos ânimos, os membros quiseram ainda saber como o partido estaria a tratar a situação da cidade da Beira e de Daviz Simango, que segundo disseram, consideram-no como tendo sido provado que ele tem popularidade junto dos munícipes, incluindo da quase a totalidade dos apoiantes da Renamo, no que até agora é considerado bastião desta formação política, até aqui a maior da oposição. Apesar da insistência os membros que levantaram a questão não tiveram nenhuma resposta.
Contudo o delegado político da cidade de Maputo, Jeremias Pondeca, acabou limitando os questionamentos ao afirmar que a reunião não era para avaliar as eleições dado que ainda não se têm os resultado definitivos, tendo por outro lado dito, que podiam apenas serem tratados assuntos da cidade de Maputo, e não da Renamo no seu todo, pese embora a intenção dos membros, como presenciámos, era de mandar recados à liderança do partido ao nível central, sobre a situação por que este passa actualmente, caracterizada por divisões e clivagens, incluindo de opiniões díspares.
Na sua intervenção, Jeremias Pondeca acabou por reconhecer que houve falhas dentro da Renamo, que teriam provocado a derrota deste partido e dos seus candidatos na maioria das 43 autarquias, segundo os resultados até agora veiculados. Não entrou, contudo, em muitos pormenores.
“Não tivemos material de campanha eleitoral suficiente. Tivemos problemas em termos de formação e quantidade dos delegados às mesas de votos. Não tivemos apoios dos dirigentes ao nível central durante a campanha. Falhou a estratégia ao nível central, mas também falhou a táctica a partir das bases”, disse Pondeca, apontando esses como os grandes constrangimentos.
Para conter os ânimos, o delegado da Renamo na cidade de Maputo, apelou para a calma e serenidade aos membros, advertindo que deve-se deixar de atacar a figura do presidente do partido, Afonso Dhlakama.
“Devo deixar claro que, aqui na cidade de Maputo, não há espaço para alguém que seja da Renamo, continue a pôr em causa e a atacar a figura do presidente Dhlakama, quer por causa dos resultados destas eleições que foram municipais e não gerais, quer pela desorganização do partido. Se há alguém a quem questionar, temos que começar pelos delegados dos bairros, distritos e eu próprio, sobre o que fizemos para que o partido tivesse sucesso”, avisou aquele dirigente partidário, acrescentando que “se nada fizemos para o sucesso do partido, então temos que ser nós primeiros a sermos sacrificados e não o presidente”.
Participaram na reunião, membros, delegados dos bairros, distritos, membros da Comissão Política da Cidade, dirigentes da Liga Feminina, da Juventude, chefes de serviços, deputados da Assembleia da República, entre outros convidados.
(Bernardo Álvaro)
Fonte: Canal de Moçambique
4 comentários:
Pondeca é igual a ele mesmo. verdadeiro lambe-botas do chefe e, é isso que faz com que o partido afunde cada vez mais. Como é que Dhlakama não será responsabilizado? não é ele o chefe máximo do partido? Não saiem de Dhlakama as decisões estratégicas? a quem quer, o Pondeca, que os membros responsabilizem? que poder decisório têem os delegados dos bairros e de distritos se Dhlakama já nos disse que é ditador?
Em democracias maduras, uma derrota desta era motivo de demissão e convocação de um congresso eleitoral antecipado.
Só para acrescenter, ao que diz o Saiete, este questionamento peca por ser tardio. Deviam é ter provocado todo este alarido apos o pseudo funeral da perdiz em Quelimane
Meu Jorge, viste isso que eu não gostaria que passasse despercebido. Isso de Pondeca tentar desresponsabilizar Dhlakama. Ele que engane a outros, a lideranca da Renamo e só ela é responsável pela crise instalada.
O congresso extraordinária tem que se realizar ou então que a Renamo deixe de existir como partido para também deixar de incomodar o eleitorado
Xim, não é tarde, o importante é que este membros continuem a questionar e pressionar.
Os beirenses foram fizeram o mesmo.
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