Dupla candidatura
Uma das fragilidades da Renamo é a falta de estratégia para vencer as eleições. Essa falta de estratégia consiste em grande parte na falta de coesão e os adversários da Renamo tiram maior proveito dessa fragilidade. Aliás, ouso dizer que muitos renamistas atentos sabem disso, porque nas eleições autarquícas de 2003 provou-se que em municípios onde houve candidatos estrategas, a Renamo venceu. A derrota da Renamo nos municípios onde ela goza de popularidade, baseando-se nos resultados das eleições gerais de 1994 e 1999 (ver aqui, na p.6), deveu-se em grande parte à falta de estratégia. Acredito que se se basear nesta análise, ao invés de apenas se concentrar na crítica à estratégia de vitória do adversário, no pior de tudo facilitada por si mesma ou por alguns membros, a Renamo vai a tempo de mostrar o seu punho nas eleições vindouras.
Entre muitas reflexões a fazer, uma é sobre a dupla candidatura da Renamo à presidência do município da Beira. Beira é um dos municípios onde a Renamo venceu as eleições autárquicas de 2003 precisamente por ter tido uma boa estratégia, incluindo aquela em que a acção fraudulenta do Alburquerque foi neutralizada.
Por outro lado, a Renamo não ganhou apenas a presidência do município, mas um quadro que é invejado, sobretudo pelo partido no poder, com boa reputação ao nível nacional e internacional ao contrário do que Rogério Sitói, director do Jornal Notícias chama de mito no neste seu artigo de opinião.
Deste modo, a pergunta é: há membros da Renamo que preferem desperdiçar as vitórias somadas pelo partido pela governação exemplar da Beira? Preferem de facto perder aquilo que constitue prova de que a Renamo pode governar o nosso Moçambique?
A minha reflexão é também sobre a questao seguinte: como é possível que membros seniores da Renamo nos brindem com esta surpresa, se é que é uma surpresa? Não tem isto razão de existir? Isto é, não é a manifestação da não existência de um espaço para debates? E quem pode criar esse espaço? Não são eles mesmos, os membros seniores do partido? Ou será falta de noção sobre um espaço de debates de um grupo coeso, neste caso, de um partido? Quando falo de espaço, quero claramente referir-me aos órgãos e a estrutura funcional do partido
Em princípio, não é nada mau a existência de mais candidatos num único partido para a presidência porque concorrência é um dos princípios democráticos. Isto é o que assistimos nas eleições nos Estados Unidos da América, por acaso uma das poucas coisas que têm me impressionado no processo democrático daquele país. Entretanto, as concorrências internas devem obedecer algumas regras que evitem a divisão dos seus apoiantes e membros no próprio dia de votação. Também não se pode usar a chantagem como me parece ser nesta entrevista feita pelo autarca (ver também aqui).
Uma das fragilidades da Renamo é a falta de estratégia para vencer as eleições. Essa falta de estratégia consiste em grande parte na falta de coesão e os adversários da Renamo tiram maior proveito dessa fragilidade. Aliás, ouso dizer que muitos renamistas atentos sabem disso, porque nas eleições autarquícas de 2003 provou-se que em municípios onde houve candidatos estrategas, a Renamo venceu. A derrota da Renamo nos municípios onde ela goza de popularidade, baseando-se nos resultados das eleições gerais de 1994 e 1999 (ver aqui, na p.6), deveu-se em grande parte à falta de estratégia. Acredito que se se basear nesta análise, ao invés de apenas se concentrar na crítica à estratégia de vitória do adversário, no pior de tudo facilitada por si mesma ou por alguns membros, a Renamo vai a tempo de mostrar o seu punho nas eleições vindouras.
Entre muitas reflexões a fazer, uma é sobre a dupla candidatura da Renamo à presidência do município da Beira. Beira é um dos municípios onde a Renamo venceu as eleições autárquicas de 2003 precisamente por ter tido uma boa estratégia, incluindo aquela em que a acção fraudulenta do Alburquerque foi neutralizada.
Por outro lado, a Renamo não ganhou apenas a presidência do município, mas um quadro que é invejado, sobretudo pelo partido no poder, com boa reputação ao nível nacional e internacional ao contrário do que Rogério Sitói, director do Jornal Notícias chama de mito no neste seu artigo de opinião.
Deste modo, a pergunta é: há membros da Renamo que preferem desperdiçar as vitórias somadas pelo partido pela governação exemplar da Beira? Preferem de facto perder aquilo que constitue prova de que a Renamo pode governar o nosso Moçambique?
A minha reflexão é também sobre a questao seguinte: como é possível que membros seniores da Renamo nos brindem com esta surpresa, se é que é uma surpresa? Não tem isto razão de existir? Isto é, não é a manifestação da não existência de um espaço para debates? E quem pode criar esse espaço? Não são eles mesmos, os membros seniores do partido? Ou será falta de noção sobre um espaço de debates de um grupo coeso, neste caso, de um partido? Quando falo de espaço, quero claramente referir-me aos órgãos e a estrutura funcional do partido
Em princípio, não é nada mau a existência de mais candidatos num único partido para a presidência porque concorrência é um dos princípios democráticos. Isto é o que assistimos nas eleições nos Estados Unidos da América, por acaso uma das poucas coisas que têm me impressionado no processo democrático daquele país. Entretanto, as concorrências internas devem obedecer algumas regras que evitem a divisão dos seus apoiantes e membros no próprio dia de votação. Também não se pode usar a chantagem como me parece ser nesta entrevista feita pelo autarca (ver também aqui).
4 comentários:
Tenho estado a pensar sobre essa polémica candidatura e cheguei a "paralelizar" Pereira à Simba Makoni que como se tem dito era uma Marioneta de Mugabe/ZANU que visava distrair o eleitorado Zimbabweano e dispersar os votos do MDC. Ca na Beira muitos conhecem a ambição que caracterizam Pereira e negam que seja verdade que ele tenha sido contactado e encourajado a candidatar-se.
Caro Reflectindo, infelizmente nada conheço sobre a estrutura interna da Renamo, algo que também é bom pois libera-me para opinar o que realmente penso sem julgamento de valores.
Devis Simango, é conhecido como um Presidente de sucesso no município da Beira, se bem que este ainda passe por carências, o que é normal neste país. Segundo o que sei, ele ocupa esse cargo por ter ganho as últimas eleições concorrendo pela Renamo (que seja ou não pela via da coligação).
Retive, da entrevista ao Autarca, que alguns membros locais da Renamo estão contra certas atitudes do Presidente do Município e isso agrava-se pelo facto, segundo eles, de este não estar a corresponder aos anseios políticos do partido que representa e, reconheçamos, estão no seu direito.
Como solução para a resolução da querela, os renas na Beira propõem a candidatura de Manuel Pereira (homem das hostes militares da Renamo, se não me engano) ou este candidata-se a título individual, mas como candidato da Renamo. Alguns círculos, chamam a este acto de contra-manobra, outros falam da famosa mão invisível. Lembro-me de ter ouvido a porta-voz da Renamo a dizer que Simango é o tal… O Nelson, no seu comentário, compara Pereira à Simba Makoni…ops!
a) Se a Renamo se quer um órgão da oposição no poder, como eu penso ser essa a intenção, não deveria lavar roupa suja em fórum próprio (o tal espaço para debate de que se refere no seu artigo)?
b) Sendo que as eleições autárquicas estão a porta, que interesses reais estarão por detrás disso (afastar Simango ou dar de mão beijada o município)?
c) Que imagem pensam estar a passar aos eleitores (os que realmente puseram Simango no poder como Presidente sob a bandeira da Renamo e não de outro partido)?
d) Estarão conscientes de que se Simango decide-se por uma candidatura independente é a Renamo quem sai a perder?
Reflectindo, desta minha explanação, só posso mesmo concluir que a há uma crise interna no seio de alguns círculos da Renamo que vai desde a falta de coesão, passando pela falta de comunicação entre membros o que desemboca numa agravante à falta de união quanto a estratégia de vitória. Desculpem-me se estou à leste da discussão mas, por esse andar de carruagem, o camarão morre na frigideira!
Obrigado Nelson, tu que estás no terreno. Que privilégio! Pessoalmente acho haver um grupo ainda que pequeno, mas devem estar aí membros seniores do Partido. Estou acompanhando o que o Autarca tem escrito desde o ano passado daí concluir. O que eu nunca pensei é se Manuel Pereira se alinhava nisto. Espero que Pereira reflectiva bem sobre isto e encontre bons conselheiros.
Ximbitane, exactamente isso. Quais são os anseios da Renamo? Serão privilégios para os renamistas e não boa governacão? Também são correctos os teus pontos de vista: a)onde lavar a roupa suja - funcionamento dos órgãos segundo os estatutos (sessões, assembleias, congresso, etc) e não nos jornais, nos bares, nos quintais, etc,
b)e c) intensões, todos sabem que afastar Deviz Simango é dar de mão beijada o município à Frelimo. E a questão pode não afectar só a Beira e às eleicões autárquicas. Isto pode ser mais grave ainda. Simango tem uma outra estatura, mais alta que aquela que algumas pessoas pensam.
d)E não só, eu penso que se Deviz Simango decide afastar-se da política será um passo a retaguarda para a Renamo, mas também para o país em geral - conclusão do mundo que nos assiste: em Mocambique não somos sérios.
PS: continuo com a série e convido a todos a este debate. Corrijam-me se acharem-me errado.
é um prazer deixar a minha sms e participar neste blog.
o meu comentario vem em forma de advertência para alguns comentadores ou outros que queiram comentar, sobre o cuidado a se ter quando se faz um comentario sem a maxima certeza, sobretudo nas questoes politicas, porque por vezes as aparencias enganam. muito obrigado;
Temoteo Campira
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