A RENAMO veio publicamente reconhecer que o partido está a braços com casos de oportunismo e intrigas que estão a afectar o relacionamento entre as estruturas de direcção aos mais diversos níveis, para além de fragilizar o seu desempenho ao nível das bases.
O IX Conselho Nacional desta formação política terminado na noite de terça-feira na cidade da Beira, província de Sofala, assumiu uma atitude considerada de bastante crítica relativamente ao comportamento de alguns quadros e membros acusados de militarem no partido apenas para atingirem o Parlamento como deputados, e, por via de tal cargo, melhorarem a sua condição de vida.
O IX Conselho Nacional desta formação política terminado na noite de terça-feira na cidade da Beira, província de Sofala, assumiu uma atitude considerada de bastante crítica relativamente ao comportamento de alguns quadros e membros acusados de militarem no partido apenas para atingirem o Parlamento como deputados, e, por via de tal cargo, melhorarem a sua condição de vida.
Um dos participantes chegou ao ponto de afirmar que “assistimos a situações em que membros nossos que não renovaram os seus mandatos na Assembleia da República, nas legislativas anteriores, deixaram de militar no partido, rebelaram-se e, muitas vezes, entregam-se a outros partidos para atingirem cargos de chefia sem nunca terem assumido aquilo que é a génese do partido, os seus ideais e seus princípios. Ora, este tipo de membros e militantes não servem para aquilo que é a nossa causa, sendo por via disso que de agora em diante precisamos de depurar cada vez mais as nossas fileiras”, observou.
Um outro interveniente que prestou declarações ao nosso Jornal indicou também que o partido está também a ressentir-se de situações de intriga, fomentadas por membros que se julgam próximos do líder do partido, Afonso Dhlakama. “Este ambiente e este mal-estar forçou a que muitos quadros destacados do partido e militantes de base abandonassem em massa a nossa organização, isto por não se terem identificado com certas atitudes que atentavam contra os seus princípios de vida e conduta social”.
Aliás, foi o presidente desta formação política, Afonso Dhlakama, quem referiu que “os participantes, por um lado, reafirmaram a importância de se tomarem medidas para combater a intriga e o oportunismo no seio do partido, e, por outro lado, reconheceram a necessidade de se desenvolver e manter o espírito de unidade e colaboração entre todas as estruturas do partido”.
Dhlakama deu também instruções para que os quadros seniores do partido abandonem os seus gabinetes e assistam regularmente as bases, para além de ter ordenado que a prioridade do momento é assegurar a fiscalização dos processos eleitorais.
Enquanto isso, decorre desde ontem na Beira um seminário de capacitação eleitoral envolvendo membros do Conselho Nacional, da Comissão Política, delegados provinciais e distritais, para além de representantes das ligas da mulher e da juventude da Renamo.
No evento, os participantes estão a ser municiados em matérias relativas ao pacote eleitoral, para além de que debaterão as formas de implementação da estratégia eleitoral aprovada no encontro nacional terminado terça-feira.
A estratégia, que não foi divulgada publicamente, prevê a criação de um Gabinete de Estudos do partido, bem como a necessidade de o manifesto eleitoral do partido para as eleições para as Assembleias Provinciais espelhar as reais necessidades de cada província do nosso país.
Relativamente à selecção de candidatos, o documento a que tivemos acesso indica que 30 por cento dos lugares estão reservados às mulheres, 20 porcento para os jovens, sendo os restantes 50 porcento distribuídos pelos desmobilizados da guerrilha e aos quadros do partido “desde que estejam empenhados na causa defendida pelo partido e sejam fiéis aos ideais do mesmo”.
JAIME CUAMBE
Notícias (09-08-2007)
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