domingo, dezembro 18, 2005

ANDRÉ MATSANGAÍCE: DA REALIDADE HISTÓRICA; DO MITO, ATÉ A MORTE DE UM HOMEM

Por: Barnabé Lucas Ncomo

“Os homens eminentes têm a terra por túmulo. (...) Invejai, pois, a sua sorte, e dizei a vós próprios que a liberdade se confunde com a felicidade, e a coragem com a liberdade. E não olheis com desdém os perigos da guerra (...), pois para um homem pleno de brio, a vergonha causada pela cobardia é bem mais dolorosa do que a morte que se enfrenta com coragem, animada por uma esperança comum”.

-Péricles-


Comemorou-se no passado dia 17 de Outubro mais um aniversário do passamento físico de um homem. Passaram então 26 anos desde o dia em que André Matsangaíce, bandido para uns, herói nacional para outros, de pés firmes na terra que o viu nascer, caía em combate por uma causa.
Passados que são estes 26 anos, à nós, nada nos resta senão “ensinar” aos homens de amanhã:
Na história da humanidade jamais existiu bandido ou terrorrista algum que vergou um regime político de um estado soberano. Existiram, sim, homens munidos de ideais políticos, que lutaram contra alguns regimes políticos até a queda destes. É que, longe de ser um atributo político, o conceito de bandido ou terrorista é sempre uma atribuição política.
A curta trajectória política de André Matsangaíce está ainda por escrever. Tem a particularidade de ser uma trajectória singular na história política da humanidade inteira, apenas comparável ao heroismo de alguns filmes de Hollywood. Longe de ser verdade o que se diz em torno deste homem, contra todos os que no início não acreditaram no seu plano, André Mathadi Matsangaíce Dyuwayo, de seu nome completo, poderá ter sido dos poucos homens que, apostado em combater um sistema político então vigente no seus país, pretendeu (re)iniciar uma verdadeira guerra de armas completamente sozinho, contando apenas com a sua coragem e uma pistola do género daquelas que os assaltantes de carros usam para amedrontarem as suas vítimas. A estratégia, inicialmente concebida na sequência de uma mágoa pessoal (e mais tarde tendo em conta o desespero dos demais no mesmo espaço social), consistia em libertar os prisioneiros do Centro de Reeducação de Sacuze na Gorongosa; treiná-los militarmente, por forma a que se constituísse, assim, o primero embrião de um novo exército guerrilheiro que fizesse frente ao totalitarismo político então instalado no país.
De início, embora o plano não tenha logrado sucessos naquele Dezembro de 1976, a sua ousadia não deixou de ilustrar a sua bravura. Estava (re)instalada nele a semente de luta. Seus actos subsequentes demonstrariam a dimensão de homem que ele era. É que, embora funcionando em regime de prisão aberta, tal como outros Centros prisionais em Moçambique, jamais Sacuze deixou de ter condições logísticas precárias e de absoluto desprezo pela legalidade e pelos direitos humanos, mesmo segundo o crivo do governo do dia. Daí a intenção de Matsangaice de pôr fim a tal estado de coisas, libertando-se a si e aos seus companheiros de infortúnio.
Face ao malogro de uma outra tentativa (em Janeiro de 1977) de libertar os detidos daquele Centro prisional, desta feita empreendida por uma unidade de ex-militares do exército português e alguns ex-combatentes da FRELIMO , sob comando de Pedro Marangoni, Matsangaíce voltaria à carga, desta vez com sucesso, a 6 de Maio de 1977, na companhia de apenas duas pessoas, Manuel Mutambara e Marcos Amade (ambos ex-combatentes da luta de libertação nacional nas fileiras da FRELIMO).
A pergunta que qualquer alma atenta faria perante isto é: o que movia um homem, inicialmente só, e depois acompanhado apenas de outros dois, a fazer frente a uma “instituição de um Estado soberano”? O simples saciar de uma vontade animalesca? Um simples acto de banditismo? Pois, uma vez fugido de Sacuze, porque é que Matsangaíce não se embrenhou na procura de exílio e paz na terra que o acolheu?
As respostas a estas perguntas poderão ser matéria de reflexão individual de cada um, e as conclusões que cada um tirar também pouco importariam para esta reflexão. O que nos importa dizer é que, naquele dia 6 de Maio, a despeito de, durante a confusão que Matsangaice instalou naquele Centro um dos prisioneiros ter sido atingido mortalmente pela guarda prisional, desbaratadas que foram pelos três homens as forças de segurança daquele Centro, mais de meia centena de detidos marchariam de livre e espontânea vontade com Matsangaice em direcção à fronteira rodesiana. Durante a retirada, frente aos amedrontados guardas em debandada, em jeito de aviso, Matsangaíce ainda se pôs a gritar em sua direcção: “ai daquele que tentar perseguir-me!”.
No penoso percurso de 150 quilometros que separa Gorongosa de Odzi (na então Rodésia, hoje Zimbabwe), juntar-se-lhes-ia ainda Oliver Matsangaíce (irmão de André), pois lembrou-se, o homem, que ainda tinha mãe em Chirara e devia por lá passar (com a sua coluna) para visitá-la e matar saudades.
E a despeito de pouco antes da travessia da fronteira entre Moçambique e a Rodésia, Matsangaice e a sua coluna ter igualmente deparado com uma unidade das forças do ZIPA, do que resultou a fuga e o aprisionamento de alguns dos detidos de Sacuze , ao pôr do sol do dia 7 de Maio, de corpo amassado pelo cansaço, pela fome e por uma díficil caminhada, Matsangaíce e a coluna de homens que encabeçava atravessava então a fronteira rumo a Odzi.

Mas, quem foi este homem que virou lenda viva no seio dos moçambicanos do Rovuma ao Maputo?

Matsangaíce foi uma das gotas-de-água mais visíveis num oceano prenhe de dores. O seu nome soou como um tambor em todo o espaço geográfico de Moçambique, sulcou mares e atravessou montanhas, num grito colectivo de milhares de almas unidas por uma esperança comum. Terá sido dos poucos revolucionários no mundo cujo nome se confundiu com todo um movimento humano. E matsangas ficaram todos os que o seguiram de arma em punho ou no espírito. Ficou lenda viva.
Contrariamente ao que o poder político em Moçambique propalou a respeito deste homem, aliando-o às forças racistas rodesianas na concepção da estratégia de luta contra o totalitarismo político em Moçambique, Matsangaíce provinha das fileiras da própria FRELIMO. Terá apenas sabido pôr em prática a estratégia militar guerrilheira adquirida naquele movimento. Nascido em 1950 em Chirara, na província de Manica, Matsangaíce juntou-se à FRELIMO em 1970, tendo feito os treinos militares em Nachingwea, na Tanzania. Era, portanto, camarada dos “camaradas”, e tanto Samora Machel como muitos outros naquele movimento conheciam-no bem.
Na vaga da descida guerrilheira para o sul de Moçambique em 1972/73, Matsangaice é enviado para o 2º Sector do DD (Departamento de Defesa) em Manica e Sofala, na época, sob o comando de Fernando Matavele (então conhecido pelo nome de guerra de Dique Tongane). Conquistada que foi a independência nacional e incumbido de chefiar a secção de construções na Base do Sector então sob comando dos senhores Johan Jehova e Bernardo Mathimba, no distrito do Dondo, em Sofala, Matsangaíce acabaria prisioneiro no campo de reeducação de Sacuze em Setembro de 1975, na sequência de um imbróglio envolvendo desvios de materiais de construção então sob sua responsabilidade. Segundo relatos da época, o infortunado homem terá sido apenas uma vítima visando salvar a “honra do convento”, pois três casas de três destacados quadros séniores do exército (então em Maputo e muito próximos ao poder central na Ponta Vermelha), estavam sendo erguidas na vila do Dondo com base em materiais desviados do quartel de engenharia militar na cidade da Beira.

Evadido do Centro de Reeducação de Sacuze em Outubro de 1976, Matsangaíce dirigiu-se à Rodésia, país que conhecia desde os tempos de escola, em virtude de seu pai ter aí vivido longos anos. Ia apostado em pedir apoio para uma luta séria contra o regime da FRELIMO em Moçambique, pois para além da dor pessoal de ter sido detido de forma injusta, Sacuze viria a ser, a seus olhos, a prova viva da injustiça social instalada no país. Centenas de cidadãos estavam naquele Centro prisional sem culpa formada, a maioria dos quais por futilidades. Era preciso então ir à luta, pois se a liberdade de um povo alguma vez se confundiu com detenções sem culpa formada; se a independência de um povo alguma vez significou “aturar” impotentemente os caprichos dos mandantes, estava mais que provado que a liberdade dos outros homens no país estava ainda por conquistar. Matsangaíce apercebe-se então da pesada missão que o esperava.

Chega a Ródesia numa altura em que já existia a chamada Voz da África Livre , uma emissora clandestina que difundia para Moçambique, na esperança de consciencializar os militares e o povo a revoltarem-se contra a conduta do regime moçambicano. Na época, existiam ainda naquele país algumas forças residuais de um exército português vencido em gabinetes de conversações em Lusaka e outros bastidores diplomáticos. Com a excepção de uns poucos, muitos destes viviam de blufs nos cafés de Salisbúria na esperança de reporem o respeito pela vida humana na terra perdida. Era só muita bravata e pouca acção. Nunca se passou disso. Incapaz de encontrar homens que imprimissem uma dinâmica nas aspirações dos verdadeiros oprimidos na então “terra liberta”, imediatamente após a sua chegada em Outubro de 1976, Matsangaice entra em rota de colisão com muitos. Afirma com convicção, porque conhecia o inimigo a combater, que o que pretendia naquele momento era apenas apoio em treinamento e equipamento militar de moçambicanos para constituir um novo movimento guerrilheiro em Moçambique. Homens, para a sua empresa, iria, ele próprio, trazê-los de Moçambique. Matsangaíce é citando como tendo afirmado que se devia pôr de parte a ideia de que se iria demover a FRELIMO das suas posições autoritárias apenas com propagandas radiofónicas, como o fazia a Voz da África Livre, e blufs nos cafés, como o faziam outros. Embora fosse uma poderosíssima arma para a consciencialização das pessoas, à propaganda radiofónica que se fazia – entendia Matsangaice – tinha que se aliar uma pressão guerrilheira capaz de impôr-se em Moçambique, pois só assim é que seria possível mudar o quadro social e político no país.

Poucos acreditaram nele. Poucos acreditaram na possibilidade de encontrar-se em Moçambique um número razoável de homens dispostos a recomeçar uma guerra de guerrilha. Mas Matsangaíce conhecia as linhas com que se cozia o regime então instalado em Maputo. Apenas uma luta armada séria iria ditar as regras do jogo em Moçambique.

Na época, as autoridades rodesianas tinham um outro programa. Embuídos no seu projecto de um comando militar sob seu total controlo, apenas para conter as incursões do ZIPA (Zimbabwe People’s Army), declinam qualquer apoio ao plano de Matsangaíce ( que era, igualmente, secundado por homens como Orlando Cristina, Pedro Marangoni, Rui Silva e poucos mais).

Perante este quadro sombrio, Matsangaice partiu para a sua guerra por outras vias. Apercebeu-se então que antes de qualquer apoio material, tanto as autoridades rodesianas como outros que tinham interesses económicos em Moçambique e amavam o país, queriam provas de existência de capital humano para a sua empresa. Sabia Matsangaíce que, longe dos seus objectivos, a CIO (Central Inteligence Organization) naquele país estava empenhada não em apoiar a criação de um movimento guerrilheiro genuinamente moçambicano, dirigido por moçambicanos, mas sim um comando tampão por eles dirigido para conter possíveis incursões dos nacionalistas zimbabweanos a partir do território moçambicano. Era preciso então pesar as condições de confrontação e provar a viabilidade do seu projecto. Mas para isso, era igualmente imperativo não espantar a fera, pois, uma vez que as autoridades rodesianas descartavam qualquer hipótese de patrocinar a constituição de um movimento guerrilheiro genuinamente moçambicano, qualquer tentativa de contrariar frontalmente aquela intenção atiraria por água abaixo todo um futuro de ver moçambicanos de armas na mão contra a FRELIMO. O importante, naquelas condições, era jogar a cartada no sentido de driblar tudo e todos. E Matsangaíce fê-lo com destreza, pois uma vez que os homens por si idealizados estariam instalados definitivamente na terra a libertar, sabia que poderia abrir e fechar as portas da Rodésia a hora que quisesse, prescindir do campo de treino de Odzi e imprimir uma dinâmica no teatro das operações em Moçambique, de forma a que não só não lhe faltassem armas e munições, que certamente os seus homens arrancariam das próprias forças governamentais, como também que novos combatentes fossem treinados no próprio terreno das operações no interior de Moçambique. Se havia alguma coisa com que se preocupar, longe de ser Smith, CIO ou ZIPA, era com homens como Orlando Cristina, Jacob Chinhara e Janota Luís que detinham o comando da Voz da África Livre na Rodésia, pois somente aqueles senhores é que poderiam tratar da imagem do movimento no seio das populações em Moçambique, e ninguém mais. A CIO e Ian Smith que se entendessem, eles próprios, com os seus irmãos do ZIPA.

Orlando Cristina e a sua equipa na Voz da África Livre terão sido dos poucos que cedo se aperceberam da viabilidade do raciocínio de Matsangaíce. Tratariam então de ir entretendo os chefes da CIO e alguns radicais portugueses que, de prantos em prantos nos cafés de Salisbúria, iam-se afogando em whiskys sem nenhuma acção de força viável. Garantiriam ainda de assegurar a Voz da África Livre, impondo nele uma linha editorial favorável ao projecto, pois estava-se numa luta de sobrevivência num confronto em que estavam em jogo dois interesses completamente distintos, todos os meios justifificavam os fins. Mas antes, Matsangaice teria que igualmente provar-lhes a sua capacidade de encontrar homens em Moçambique dispostos a combater, pois desde sempre Cristina e os seus colegas naquela centro emissor igualmente vinham acreditando que o simples apelo à revolta, através daquela emissora, era suficientemente bastante para que o povo e os militares em Moçambique depusessem Machel e o seu totalitarismo.
Matsangaíce empenha-se então:
Sozinho, parte em Dezembro de Odzi munido apenas de uma pistola em direcção a Gorongosa. Ao todo, eram 150 quilomentros de terra acidentada e prenhe de feras. O homem já estava em guerra, mas faria a distância na “paz do combatente”, debaixo de todas as intempéries, pois era preciso renascer, como diria Marangoni trinta anos mais tarde. É que “um combatente se sente renascer quando, afastado finalmente de tudo o que não seja a situação de guerra, caminha através da mata, arma em punho, cantil na cintura, olhos e ouvidos aguçados. Naqueles momentos ele é rei, é lei, é vida e é morte. E perto desta, a vida passa a ter mais valor, mais sabor”.

A proeza não surtiu efeito. Matsangaice cai de novo nas mãos dos guardas de Sacuze que, inicialmente, apenas o acusam de ter saido do Centro sem autorização. Apercebendo-se de que o homen tinha intenções de resgatar os prisioneiros naquele Centro, como medida gravosa tentam conduzí-lo para a cidade da Beira (certamente com destino a Niassa). Durante o percurso para aquela cidade, aproveitando-se de uma distraição dos que o guarneciam, Matsangaice desenvencilha-se para fugir, atirando-se da ponte do Pungué para o leito deste. A despeito de todo o esforço dos guardas, foi completamente impossível recapturá-lo.
Sob todo o perigo naquele matagal onde serpenteia o Pungué, ferido e só, Matsangaice mantém-se firme. Rasteja que nem um réptil em fuga de um incêndio na mata. Reza a Deus e aos seus antepassados que o protejam; até que o breu da noite se instala na zona. Retoma a posição vertical e reinicia a caminhada em direcção a Rodésia. Jura para si mesmo que voltaria para aquele Centro de morte lenta. Desta feita viria munido de uma AK-47 e um autêntico arsenal de granadas ofensivas. Nem que fosse preciso roubá-las algures por aí, os guardas de Sacuze não perderiam por esperar, pois feito louco naquele matagal de Gorongosa, iria mostrar-lhes, à eles, e a Machel, que tal como eles, simples passantes neste espaço geográfico, também estava em Moçambique por “empréstimo” divino, e não por favor ou graça de qualquer líder dos novos tempos.
Dias depois, estava André Matsangaíce recompondo-se nas terras de mbuya Nehanda. Mas não desiste.

Abortada que foi então a invasão sob o comando de Marangoni acima aludida, numa missão que se pretendia de reconhecimento das novas condições no terreno, cinco meses mais tarde, na companhia de outros dois, Matsangaíce regressa então à Sacuzi para ajustar contas com “Machel e seus guardas”. O homem levava consigo o arsenal “prometido”.
O resto é o que está narrado acima.

Consolidado que estava o que queria, em menos de um ano, André Mathadi Matsangaíce tinha sob seu comando cerca de um millhar de novos guerrilheiros em Odzi, pois outros valentes lhe seguiriam para fazer a história. A partir de Agosto de 1979, demonstrando as suas capacidades na matéria da concepção de guerra de guerrilha, para surpresa das próprias autoridades rodesianas, Matsangaice instala-se com os seus homens definitivamente em Moçambique. O projecto de comando tampão fica confuso. Matsangaíce pega nos seus homens para a terra a libertar. Divididos em batalhões de 300, 250 homens, etc., etc., foi espalhando-os entre Chinete, Mucuti, Mabate, Sitatonga, Muxungue e Chidoco em Manica e Sofala. A direcção do movimento sob seu comando instala-se, ela própria, na serra de Gorongosa. A verdadeira guerra recomeça. Emergem frente a companhias de combate homens como Jone Magurende, Vareia Manje, Afonso Dhlakama, João Fombe, Lucas Muchanga, Paulo Tobias, Mário Franque e muitos outros. Muitos se juntariam ao movimento já no terreno das operações. Matsangaice lançava assim a semente da liberdade que idealizava. Para traz ficava Odzi e os famosos biltongs (carne seca rodesiana, muito apreciada). Com o denodado apoio da emissora Voz da Africa Livre, que passou a difundir os comunicados de guerra da RENAMO e a tratar da imagem do movimento junto das populações citadinas em Moçambique, a autonomia na concepção da guerra do movimento começa a solidificar-se. A guerra instala-se no âmago do regime e de todos no país. Nenhuma estratégia militar governamental a contém. O país começa a cortar-se aos bocados. Quando deram por ela, aqueles que entendiam ter forjado André Matsangaíce, tinham perdido o controle dele. Agora, André Matsangaíce era o rei; era a lei nas selvas de Moçambique. Longe de ser a barreira que se pretendia para conter os inimigos de Smith instalados em Moçambique, Matsangaíce tranformava-se numa outra coisa que, a plenos pulmões, Cristina, Chinhara, Janota e outros na Voz da África Livre espalham por Moçambique e mundo fora. E o sangue foi jorrando regando a terra martirizada; e o sangue foi anunciando a hora do entendimento entre os homens... até que, a 17 de Outubro de 1979, de arma em riste e em pleno combate, André Mathadi Matsangaice é mortalmente ferido.
Os homens endurecem. Não há tempo para amar e ser amado, o tempo é de guerra. O desaparecimento fisico do homem passou despercebido para muitos, inclusivamente para alguns daqueles que o combatiam. Mas a guerra, esta, não morre com o seu líder. Outro estratega lhe sucede e intensificam-se os combates. A coisa complica-se. As autoridades do país não têm mãos a medir. Farto das falsas vitórias forjadas pelos seus próprios generais (que tudo fazem para merecer a admiração da suprema corte instalada em Maputo), o detentor do poder na Ponta Vermelha grita por socorro. Hastea-se nas matas de Moçambique a bandeira do “internacionalismo”: zimbabweanos, tanzanianos, cubanos e russos entram, deseperadamente, no teatro das operações. O quadro torna-se sombrio, pois a progressão dos matsangas não era enganadora. Alguns oficiais do exército tanzaniano começam a reclamar: “afinal, os senhores chamaram-nos para ajudar-vos a correr com uns bandidos ou para a guerra? Disseram-nos que era uma coisa de dois tempos. Vocês chamam bandido a isto? Isto é guerra, senhores. Não existe bandido algum que faz isto”.
De facto, nem a Cosa Nostra siciliana, nem os barões da droga da Colómbia se assemelhavam aos bandidos de Moçambique. O problema não era o dinheiro. Estes eram bandidos especiais, temperados na dor colectiva:

Em Novembro de 1981, o matsanga Mário Franque e a sua coluna atravessam o Rio Save numa incontida descida para o sul. Nove meses depois, outro, Abel Tsequete, comanda uma coluna de dezenas de guerrilheiros que atravessam o rio Zambeze, instalando-se em Pinda na província Central da Zambézia. Nas matas daquela província começa a dançar-se ao folclore das AK-47. De Milange, Rocha Paulino e a sua coluna, deixando para trás um terreno com uma ocupação consolidada, ruma para Muacanha na província do Niassa. Era a abertura de uma nova frente de combate. Antes, porém, a partir de Abril, Issufo Momad espalhava a lenda a partir de Metaveia na província de Nampula. Era a progressão de “andré mathadi matsanhaice dyuwayo”: consolidada a presença em Niassa, Paulino atravessa o rio Lúrio para baixo, entrando em Nampula. Em Maio de 1984, desdobrando-se, volta a atravessar o mesmo rio para cima, instalando-se em Muikho com os homens sob seu comando. Cabo Delgado estava alcançado. Enquanto isso, a “dança” nas restantes partes do país é toda ela macabra; funesta.

A par dos estragos que a TVM e os jornais estatizados vão monstrando ao sabor da publicidade e propaganda governamental, em data imprecisa dos fins de 1989, na companhia de um destacado escritor moçambicano, o autor destas linhas, pela primeira vez na história da sua vida, vê, dos degraus da escadaria principal da Associação dos Escritores Moçambicanos em Maputo, um camião militar com a carroçaria apinhada de cadáveres de militares. Todos bem fardados e inertes. Perante o espanto do autor, Panguana exclama: “eh, pá! Olha para aquilo! Não podiam ao menos tapar aqueles infelizes?”.
Era o sinal: André Mathadi Matsangaice Dyuwayo estava às portas da Capital da República. Numa incontida descida para o sul, anunciava a sua chegada aos citadinos de Maputo. Terá sido uma longa caminhada para o homem. Mas chegou.
...

CONCLUSÃO

Como “fim da história”, importa cogitar. Mas cogitar longamente:
Existem duas formas de análise que permitem olhar para o sentido de um determinado fenómeno político. As duas formas não chegam necessariamente às mesmas conclusões. A uma, podemos denominá-la de análise estanque, e a outra, de análise aberta. Enquanto que na análise estanque (fechada), o público contenta-se e sacia-se com o oficialmente difundindo e popularmente consumido, na análise aberta, fundada numa destemida preocupação de confrontar as fontes (e concluir de forma aproximada ao real vivido) a verdade apresentada na análise estanque ressurge sempre com outro sentido. Esta última forma tem o condão de pôr meio mundo pleplexo, pois habituados a consumir o oficialmente traçado, as pessoas são apanhadas em contrapé.

Para a alegria dos que nós dividem para reinar-nos, vendemos, nós, à nós próprios, a ideia de que jamais somos um povo inteligente, capaz de superar no raciocínio e na destreza um Voster, um Ken Flower ou um Smith por terem sido pessoas cujas riquezas derivaram da exploração e opressão dos nossos irmãos do Zimbabwe e África do Sul. Insultamos, nós próprios, a nossa própria inteligência, sustentando a reducionista ideia de que, junto a um racista, nada mais se pode ser senão um servente e eterno submisso aos interesses do poder racista. Sustentamos, por via das nossas próprias bocas, nossos jornais e nossas rádios que somos uma raça incapaz de idealizar os nossos objectivos e criar meios para atingí-los, superando, na destreza e nos actos, os outros. Sem darmos por isso, para a alegria daqueles que nos aldrabam diariamente, pondo-nos em confronto uns contra os outros, fomos assumindo, perante os olhos destes, que somos inaptos congénitos, incapazes de sobreviver sem o apoio dos seus “nobres” aconselhamentos. Todos nós, para a infelicidade dos nossos filhos, empreendemo-nos nessa pobre tarefa, que se resume na técnica de uns, de nos dividirem, para reinarem, porque nada explica que jornalistas, académicos, analistas e toda a espécie de intelectuais do país, não tenhamos visto o que estava a nossos olhos.

Poucos perceberam, ou fizeram-se de despercebidos, que no seio dos refugiados idos de Moçambique para a Rodésia, a partir de 1974, havia um problema que se levantava, e que qualquer análise do comportamento daqueles, não devia discurar: o jogo de interesses dos deversos grupos.
Na verdade, havia na Rodésia um grupo de uma maioria negra e um grupo de uma minoria branca. O grupo de minoria branca estava, por sua vez, dividido em portugueses assumidos e moçambicanos de origem portuguesa. Estes dois, dividiam-se em detentores de capital (tanto financeiro como fixo) e simples empregados. Enquanto que os brancos da classe média naquele grupo minoritario (os que consideramos aqui de empregados) se dividiam entre os interesses dos detentores do capital e os interesses da maioria negra, os detentores de capital deparavam com dois inimigos a partir daquele país, isto é, a FRELIMO em Moçambique e o ZIPA no Zimbabwe. Na tentativa de combater os dois inimigos ao mesmo tempo, perderiam então toda a guerra acabando por desaparecer do xadrez político da zona. Sobreviveriam então os empregados que se aliaram a maioria negra, pois de mãos dadas com estes, identificaram o projecto que vingaria. Embora tenham-se sujeitado aos interesses do capital, Matsangaice e os que o acompanharam no raciocínio (sejam brancos, amarelos, negros, etc) sobreviveriam porque cedo descobriram que estavam na Rodésia por causa do totalitarismo da FRELIMO e não de uma ZANU ou ZAPU. Daí que mesmo sem estar no poder em Moçambique hoje, atingiram o objectivo principal, isto é, o fim do totalitarismo politico país.

Na verdade, André Matsangaice tinha mil e uma chances de progredir pessoalmente na Rodésia depois da sua primeira fuga de Sacuze em Outubro de 1976. Conhecia a terra e o seu povo, para além de aí ter estudado. Facilmente se inseriria socialmente naquele país, pois da etnia shona (maioritaria naquele país), também ele era. Não-o fez. Escolheu a luta. E a sua empresa está aqui, aos olhos de todos, com outros homens à altura da causa que sempre defendeu. Para a nossa própria surpresa, chegado que foi a hora da paz, a voz de “andré matsangaice” se fez ouvir pelo país inteiro. De forma disciplinada, todos os seus seguidores, num ápice, recolheram as armas aos ombros. Assistimos todos a desmobilização de centenas de milhares dos seus homens pela UNOMOZ. Vimos jovens esfarrapados e famintos da etnia tsonga, shona, nhungue, sena, macua, etc., etc., provenientes dos dois exércitos em intermináveis filas recebendo kits e dinheiro das mãos dos funcionários daquela organização. Jamais nos foi exibido filho de Voster, Ken Flower, ou Smith algum. Vimos filhos de “Chissano”, “Machava”, “Machel”, “Dhlakama”, “Moiane”, “Sithole”, “Muchanga”, “Nalyambipano” etc., etc., naquelas filas. Não nos foi exibido, boer ou português algum a ser desmobilizado, partindo das fileiras, nem do movimento concebido por André Matsangaice, nem do exército governamental. Pelo contrário, “consolidada” que estava a paz de armas, assistimos ao honrar de tanzanianos supostamente internacionalistas que morreram na pátria moçambicana em defesa de coisas que nem sequer sabem. Assistimos famílias zimbabweanas em choros incontidos por filhos que não mais regressaram a casa. E, mau grado o maquiavelismo em torno do incipiente processo democrático moçambicano, tudo indicava que “andré mathadi matsangaice” estava disposto a mostrar ao mundo que não era um bandoleiro qualquer. Ia cumprir com o preceituado nos acordos de Roma, entregando outros 15.000 jovems macuas, tsongas, senas, etc., etc., para a formação do exército único de 30.000 que se pretendia. E o que é mais estranho é que a despeito de o terem rotulado de assassino, terrorista, bandido, etc., milhares de pessoas que se dizia serem suas vítimas votam nos seus seguidores, a ponto de transformar as vitórias de uns em vitórias suspeitas.
Como é que toda uma camada pensante de um país sente prazer de se aldrabar a si própria, pactuando durante anos com inverdades, negando o que está claro a seus olhos?

Este lendário homem, André Matsangaíce, de facto, morreu. Morreu tão pobre tal e qual como quando se foi juntar à luta de libertação de Moçambique na Tanzania. Não deixou casa para a sua mulher e filhos, nem na praia de Bilene, Baía de Ostras ou em Harare. Tal como muitos outros que morreram pela liberdade dos homens no mundo, a sua maior riqueza se confunde com a moral política. Durante o seu tempo de vida jamais se beneficiou de um “vintém” dos dinheiros que outros amealhavam pelo mundo fora, em nome da organização por si dirigida. Está sepultado algures por aí, como qualquer anónimo. Foi um homem de acção no terreno e não de gabinete. Jamais em vida exigiu que se lhe chamasse presidente ou herói nacional, e muito menos que o sepultassem no panteão destinado aos nobres da casa, pois tal e qual é o conceito de bandido ou terrorista na política, o conceito de herói também é uma atribuição politica.

A fotografia que se publica junto a este artigo foi-nos gentilmente cedido por Pedro Marangoni, o tal homem que comandou o grupo que infrutiferamente tentou resgatar os prisioneiros de Sacuze em Dezembro de 1976. Segundo Marangoni, imediamente após tomar conhecimento do regresso triunfal de Matsangaice a Odzi, tratou de ir vê-lo com os seus próprios olhos. Matsangaíce estava estafado, com o corpo dorido e impossibilitado de calçar os pés, de tão inchados que estavam, pois acabava de fazer uma caminhada de 300 quilometros de ida e volta a Odzi. Não sabemos se ao longo dessa caminhada toda Matsangaíce foi recitando os versos do we shall overcome. Sabemos apenas que depois de libertar os prisioneiros de Sacuze ficaria cerca de quatro dias sem poder calçar os pés, por inchados que estavam. E terá sido com prazer que foi sentindo na palma dos pés o sabor da terra que foi dos seus avós durante esses quatro dias – pensamos nós. A despeito do cansaço e pretendendo repousar para recuperar as forças, gentilmente, Matsangaíce ainda acedeu ao pedido de Marangoni de tirar esta fotografia para que, na posterioridade, os que não o conheceram, o “conheçam”.
Eis então, no seu estado de pobreza absoluta, a lenda de que se fala.

NOTAS

Marangoni e os seus homens não lograram alcançar Sacuze. Dias depois de entrarem no território moçambicano viriam a colidir com uma unidade de guerrilheiros do ZIPA, na época, braço armado surgido das forças do ZANU e ZAPU. Do confronto resultou o grave ferimento e captura do cidadão português Rui Nunes da Silva. Rui Silva viria assim a ser passado ao Estado Moçambicano pelas forças zwimbabweanas e, mais tarde (em Abril de 1979), a integrar o primeiro lote dos sentenciados a pena de morte por fuzilamento pelo Tribunal Militar Revolucionário em Moçambique.

Destes, alguns voltariam ao Centro, tendo outros desaparecido para sempre, não se sabendo se fuzilados, se novamente fugitivos.

Concebido pelas autoridades rodesianas, no início, as transmições em português para Moçambique, iniciados em Abril de 1976 pela RBC (Rhodesia Broadcasting Corporation), tinham uma linha editorial um tanto ou quanto racista e contra a independência de Moçambique. Surpreendidos pelos teores das transmições daquela rádio, terá sido graças aos esforços de Orlando Cristina, Jacob Chinhara e Janota Luís que, junto às autoridades rodesianas demonstraram a inviabilidade daquela linha editorial, nasceria assim a Voz da África Livre. Este passou a transmitir para Moçambique com uma linha editorial completamente diferente da RBC, realçando a heroicidade dos moçambicanos na luta pela independência e condenando a FRELIMO pela traição aos princípios que nortearam os moçambicanos para essa luta.

OUTRAS FONTES CONSULTADAS:

Nembo Camacho. Maputo, 15 de Setembro de 1998, entrevista com o autor.
Guedes Gonsalves. Maputo, 8 de Abril de 2002, entrevista com o autor.
Pedro Marangoni, Carta ao autor, Outubro de 2005.
CABRITA, J. M., Mozambique, The Tortuous Roar to Democracy, Palgrave, 2000.
MARANGINI, P., A Opção Pela Espada, Editora Alcance, 2004

29 comentários:

Anónimo disse...

No periodo colonial um tal Orlando Cristina era o braço executivo de Jorge Jardim, perfeito exemplar de facho ligado à PIDE e amigo de Salazar. Uma das missões de Cristina era a de chefiar a milicia paramilitar de Jardim.
Depois da independencia encontra-se o nome de Orlando Cristina na radio rodesiana destinada a Moçambique, e de propaganda da Renamo.
Mais tarde sabe-se que um Orlando Cristina, secretario geral da Renamo foi assassinado na Africa do Sul.

Tenho uma inocente pergunta a fazer aos especialistas da historia deste pais: o primeiro Cristina de que falei, o tal amigo da Pide, o especialista em bandos paramilitares, é o mesmo que foi speaker da radio rodesiana, e que foi assassinado na Africa do Sul?
Caso falamos efectivamente duma unica e mesma pessoa, que pensam os partidarios da Renamo da relação evidente que este partido teve com os regimes coloniais mais reaccionarios da Africa Austral?

Reflectindo disse...

Discutamos, discutamos!

Anónimo disse...

Caro Xiveve, não sei se essa pergunta essa pergunta é só para os renamistas, já que apoio é só apoio e o tal que a Frelimo teve dos regimes mais crueis: o marxista-leninista, por outro lado estámos a assistir o mesmo tipo de relacão com o o regime do criminoso Mugabe.

Anónimo disse...

Caros Anonymous e Reflectindo,
A minha intenção é de saber se podemos considerar como valido seja qual oposição a um regime totalitario. E verdade que a incompetencia, a intolerancia, e os crimes da Frelimo são inadmissiveis. Idem no que respeita a Mugabe, sinistro torcionario, que espero que venha a acabar como Mussolini pendurado numa corda. Mas sera isso razão suficiente para aceitar qualquer oposição? Ex: a CIA criou os "Contras" para sabotar o regime marxista do Nicaragua. E na Colombia as milicias paramilitares opoem-se à pseudo-esquerda mafiosa FARC. Em ambos os casos trata-se de organizações extremamente violentas e reaccionarias, culpadas de inumeros crimes cometidos contra as populações.
Voltando a Moçambique: é facil descobrirem-se as origens e o percurso de certas pessoas ligadas ao recente e dramatico conflito "interno". Orlando Cristina é um exemplo. Se Cristina esteve ligado à PIDE, à DGS, à Rodésia, à Africa do Sul do Apartheid, nesse caso desculpem-me a franquesa mas trata-se dum verdadeiro filho da mãe. E se um partido politico teve um individuo desses como dirigente, devera justificar-se para que possamos saber se a ideologia desse partido logicamente não seria a continuidade da desse gajo.
Não estou aqui a defender nem a encontrar alibis à Frelimo. Quero saber se a Renamo, atravez do seu passado, merece uma qualquer legitimidade ideologica como movimento de oposição.
Depois do assunto Cristina, gostaria falar do emprego de crianças como "soldados", e das barbaridades cometidas contra a população. Não me digam que so a Frelimo é responsavel de certos crimes... Creio que a amnésia historica não resolvera todos os problemas de democracia.

Anónimo disse...

Caro Xiveve,

É apenas falta de tempo que não faz responder-te agora, pois já sou do teu apelo. Contudo, penso que estás a voltar atrás do assunto, por colocas algo respondido e com alguns eextractos do Mocambique para todos.

Ainda nisto, não penso que lá na discussão alguém, em particular da Renamo e muito menos eu, chegou de dizer a Frelimo era a única responsável das atrocidades. Antes pelo contrário, são os defensores da Frelimo que se julgam de anjos, mas que não conseguem debater quando se dão provas.

Quanto à questão de soldados criancas, por favor escreve. Quero saber o seu fio de pensamento, para ser o que eu posso comentar.

Aquele abraco
Saturado

Anónimo disse...

Caro Saturado, é com prazer que te posso encontrar por aqui. La para os lados do forum Imensis não posso escrever nada, pois eles sabotam voluntariamente a minha inscrição. Voltando ao assunto, e em resposta ao teu comentario:
Disseste que ninguém na Renamo recusa responsabilidades sobre o que aconteceu durante a guerra. Efectivamente o meu comentario veio a proposito de artigos aparecidos no Moçambique para Todos e também sobre este artigo sobre Andre Mantsagaice neste blog. Quando se analisa atentamente o conteudo e a forma dos referidos artigos, salta imediatamente aos olhos a glorificação da gente da Renamo, e as reportagens video filmadas nas bases da Renamo mostram exclusivamente um movimento de guerrilha organisado, respeitavel, e livre de todo o compromisso com os interesses alheios aos do povo moçambicano. Exemplo, esta frase deste artigo da autoria de Lucas Ncomo:
"Nas matas daquela província começa a dançar-se ao folclore das AK-47".
Que piada tem comparar-se o ruido das armas, instrumentos de morte, à musica? Que desprezo por todas as vitimas do conflito! Enquanto que o autor destas linhas estava porreiro e em segurança na cidade, a gente matava-se pelo mato fora, e as minas enterradas pelos caminhos espatifavam os membros de quem por ali passasse. E que dizer dos transportes bloqueados por barragens nas estradas, cujos passageiros foram mutilados ou massacrados por "gloriosos e valentes combatentes pela liberdade"? Acho inutil perguntar por que razão as reportagens sobre os campos da Renamo que citei não foram até ao fim, e não mostraram as barbaridades que toda a gente sabe que aconteceram. Direi simplesmente que da parte do adversario, jornalistas russos ou cubanos convidados pela Frelimo fariam o mesmo tipo de "reportagens", alias pura propaganda sem qualquer interesse jornalistico. Enfim, fiquei deveras escandalisado com a maneira ligeira e irresponsavel de se tratar dum assunto grave, mas afinal isso nem me espanta, visto as aparentes afinidades ideologicas com certo Orlando Cristina.
No que respeita a crianças utilisadas como soldados, ou seja como "carne para canhão" (coisa gravissima, assimilavel a crimes contra a humanidade, cujos responsaveis poderão ser presos e julgados em qualquer momento ou lugar do mundo onde tentem esconder-se), também não é segredo para ninguém que o mato estava cheio de crianças com armas de guerra, e treinados militarmente. Não so prisoneiros foram exibidos em publico e nas televisões do mundo inteiro, como pessoalmente ouvi testemunhas directas contarem-me como tiveram que se defender matando as crianças (da Renamo) que os tinham atacado. Visto a neutralidade dos protagonistas (nao eram da Frelimo, mas simples cidadãos que se deslocavam pelas estradas por razões profissionais, escortados por soldados moçambicanos), não vejo razão para duvidar desses factos. Idem para o que contaram os enfermeiros que trataram das mulheres que tiveram os seios cortados, ou os velhos que tiveram as orelhas também cortadas, e outros actos de barbaridade absolutamente indiscritiveis e injustificaveis. Se Lucas Ncomo tivesse como estes infelizes uma mão, as orelhas, ou os tomates cortados, não teria certamente escrito a partição musical que parece ser do seu gosto. E que contaram as vitimas? Que muitas das vezes foram crianças armadas que cometeram esses crimes. Ou seja: tal como na guerra civil do Liberia, as crianças eram utilisadas para destabilizar um sistema politico através d'actos de terror dirigidos contra a população. Viu-se o resultado: a população fugiu das machambas para procurar segurança nos campos de refugiados, e gradualmente a fome, a doença, e a miséria absoluta invadiu o pais. O objectivo foi atingido, a Frelimo incapaz de governar uma naçao famélica e esfarrapada teve que negociar. A vitoria da liberdade tem assim o gosto amargo do massacre de talvez meio milhão de pessoas, e da morte precoce por doença e fome provavelmente do dobro. Estamos a léguas de distancia das nobres noções de valentia, e dum triunfo glorioso sobre a tirania. Em vez disso, ficou o silencio das vitimas a quem não se prestou justiça, e uma cumplice amnésia nacional instituida ao nome da paz, efectivamente decretada para amnestiar os crimes, o que é pratico e aceite tacitamente pelos dois principais protagonistas, concientes das avantagens que podem agora tirar.
Saturado, gostaria que convidasses G2 para este dialogo. Pelas razões que indiquei no principio, eu não tenho a possibilidade de o fazer ou de inserir este comentario no Imensis. Ele esta sem duvida mais informado do que eu sobre o assunto. Eu limito-me a observar as contradições do que se escreve no web.

Anónimo disse...

Embora diga que não quer defender a Frelimo, mostra alguma dessa defesa. Então a frelimo não tinha soldados criancas? a frelimo não matava criancas, mulheres e velhos que repudiando às aldeias comunais viviam nas zonas dispersas? não matava em público? é isso que você quer dizer?

Anónimo disse...

Não, sinceramente não estou a defender a Frelimo. Estou so a tentar desvendar eventuais fraudes na selva do web. Ou seja: quando um grande jornal que tem que defender a sua reputação publica um artigo, ele é responsavel do conteudo e da realidade do que é afirmado nesse tal artigo. No Internet é o contrario. Tudo se diz sem a minima precaução e rigor, visto que na maior parte das vezes um confortavel anonimato vai de par com uma impunidade absoluta. Tudo pode ser contado e afirmado, as maiores asneiras coabitam sem hierarquia com artigos de valor.
O que me espantou neste assunto foi a descoberta do nome Orlando Cristina. Descrito como um talentuoso orador, heroi, resistente ao totalitarismo marxista. E o resto? Comecei por esta pergunta, e constato que ainda não me responderam se Cristina, um dos responsaveis da Renamo, animador da radio rodesiana para Moçambique, foi o mesmo individuo que comia à mesa de Jorge Jardim.

Reflectindo disse...

Xiveve pode dar exemplo de grandes jornais de Moçambique?

Anónimo disse...

Quando falei de grandes jornais estava a pensar ao nivel internacional, e não ao nivel de Moçambique. Os filmes sobre a Renamo cujos links são dados pelo "Moçambique para Todos" são apresentados como reportagens de jornalistas estrangeiros. Quando por exemplo Newsweek publica uma reportagem, não so o nome do jornal é uma referencia, como também o do jornalista que a escreveu. No web eu posso escrever o maior chorrilho de parvoices, de mentiras, de meias-verdades, de insinuações, sem que ninguém venha contredir-me. So um leitor informado é capaz de distinguir propaganda e informação.
Volto à minha pergunta inicial: Orlando Cristina, amigo da PIDE, às ordens de Jorge Jardim, amigo de André Mantsagaice (candidato a heroi, com seu nome nas praças e nas ruas), membro da Renamo? E para sermos directos, a resposta deve ser unicamente SIM ou NAO.

Reflectindo disse...

Você fala de jornais internacionais comparando nos assuntos nacionais. Como você confirma que o autor de tal artigo é pessoa real? Mas você não conhece ou nunca ouviu falar do Barnabé Lucas Ncomo, o autor deste artigo que foi publicado no Jornal Zambeze, em 20 de Outubro de 2005, na altura, propriedade do grande jornalista Salomão Moyana? Então, vc é capaz de me dizer que não leu o artigo desde lá ou que todos os frelimistas não o leram? Como justifica isso?

Não sei de que Orlando Cristina você fala e nem falou das suas referências sobre o Cristina ou os Cristinas. Gostaria é saber das suas fontes e o impacto dessa amizade com a PIDE e Jorge Jardim. Que tal se fizesse uma correlacão entre PIDE e SNASP; entre portugueses ou pessoas de origem portuguesa que vieram para Mocambique apoiando a ala vencedora (Frelimo) na implantacão do regime cruel, que executou tantos cérebros mocambicanos (você já ouviu falar desses cérebros) e os que apoiram aos oponentes desse regime? E, qual é a razão da heroicidade dos actuais "heróis"? Porquê os outros não podem ser também herois?

Ainda fala-nos de filmes no Reflectindo como se os tivessemos aqui. Eu ainda não vi os filmes que refere, por acaso. Podia ser bom discutir deles no espaco onde foram publicados.

Anónimo disse...

Ok, aqui esta o link para ver filmes de propagan... desculpe, queria dizer reportagens sobre a Renamo:
http://www.macua.org/videorenamo/index.html
E quando eu vir aqui uma resposta clara sobre Cristina, eu explicarei a razão da minha pergunta. Mas ja se pode constatar que os candidatos à franqueza continuam surdos, estranho, hã?

Reflectindo disse...

Já me parece que vc não está a entender de que fontes lhe pedi. É exactamente sobre os Cristinas, se vc não é a primeira pessoa, isto é vc mesmo a fonte. Mas nisto, peco-lhe ou pedi-lhe a outra parte da moeda. Isto é, os que trabalharam para a introducão do regime cruel, com consequência de execucões dos quadros mocambicanos que opunham à ideologia marxista-leninista.

Reflectindo disse...

Apenas para deixar-lhe claro sobre aos filmes:

Não me interrogo pelos filmes aqui porque sei que vc pode discutí-los a vontade, no Mocambique para todos, lá onde foram reproduzidos.

Anónimo disse...

Constato um silencio em resposta à minha pergunta, e desvios sistematicos do assunto. E eu compreendo perfeitamente a razão. Muito bem, aqui vai o meu comentario:
Orlando Cristina foi efectivamente um dos fundadores da Renamo, e foi ele que colaborou com os rodesianos, e com o regime do apartheid da Africa do Sul. Antes disso, durante o periodo colonial em Moçambique, ele trabalhava na manipulação psicologica da população branca, com a colaboração activa da policia politica fascista PIDE, mais tarde chamada DGS.
Quero simplesmente dizer que nas origens da Renamo se encontram individuos sem escrupulos, pagos pelo colonialismo racista e reacionario.
Este artigo de Lucas Ncomo sobre André Mantsagaice é um reles panfleto de propaganda. Ele cita varias vezes Orlando Cristina como um gajo porreiro. Ora, para mim, um PIDE é pura e simplesmente uma merda.
Não sei se agora voce compreendeu a minha logica, acho que fui suficientemente explicito no que disse. Não venha desviar este assunto sobre a Frelimo, eu estou a falar dum artigo que voce pulicou neste blog.
Voce quer saber de onde eu obtive as informações? Acho estranho a sua pergunta, pois os acontecimentos de que falamos são recentes, e basta consultar as pessoas bem informadas que os viveram, e inumeros artigos e documentos disponiveis em todo o lado, para ficar ao corrente do assunto. Coisa que eu fiz, claro. E para acabar, vou-lhe dizer que ja tenho uma certa idade e que vivi pois durante o periodo colonial. Isso permitiu-me de encontrar muito individuo de que fala agora gente que nem sequer existia nos testiculos dos respectivos procreadores quando isso aconteceu. Chato é constatar que muita dessa gente debita uma overdose de asneiras, aproveitando o actual estado de desinformação e de amnésia cronica da população.
O trabalho chama-me noutro lado. Obrigado a todos pela oportunidade que tive de discutir convosco, e boa continuação.

Anónimo disse...

Caro “Xiveve”
Eu que havia escrito muito sobre este tema no imensis e com muitas referências fui de opinião que qualquer leitor pudesse dar olhadela aos textos anteriores e fosse às referências.

Mas começando, digo que a grande estranheza é em ti “Xiveve”.

1. Vieste tarde ao tema. Será que só tarde descobriste o fórum imensis? Se sim porquê e como?
2. Estás interessado no Cristina e PIDE e, sobretudo, negas uma análise profunda que vai até a criação dum estado cruel em Moçambique, com uma polícia política mais cruel para os moçambicanos, o SNASP, que resultou de criação de campos de concentração, Gulague moçambicano, execuções aos nossos cérebros entre eles: Urias Simango, Celina Simango, Araújo Kambeu, Paulo Gumane, Raúl Casal Ribeiro, Lázaro Nkanvandame, Mateus Gwengere, Adelino Gwambe, Basílio Banda, Narciso Mbule, Dr. Unyayi - Dr.Júlio Razão. Se por um lado havia Orlando Cristina com ideias opostas à Frelimo, por outro havia uns tantos portugueses que defendiam a criação dum estado de terror a que experimentámos em Moçambique. Veja que o Orlando Cristina já vivia em Moçambique e conhecia bem o país, enquanto que muitos dos que apoiaram na criação dum estado cruel voavam de Portugal para Moçambique/Frelimo. Tenho uma lista desses comunistas. Entretanto, tu se fosses Xiveve até saberias que na Frelimo há muitos que foram do comando, flexas que trabalharam. Mas o “Xiveve” é estranho.
3. Há estranheza pela tua recusa de debater sobre filmes no saite do Fernando Gil, no Macua de Moçambique ou Moçambique para todos. Gostarias ou queres discutir em lugares onde não te encontras com quem? Aliás
4. É muitíssimo estranho que mesmo no imensis, adulto que te consideras, e sofalense que te finges, não tenhas ido directo ao tema sobre o GRANDE HERÓI ANDRÉ MATSANGAÍCE.
5. Vamos é discutir e no melhor espaço, ainda que aqui não aparecem muitos, É: http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2007/07/compulsando-sob.html#comments Aqui podes ter até pessoas que te apoiam e historiadores de respeito como João Cabrita. Ali quero discutir contigo sobre crianças-soldados, mesmo na FRELIMO e Frelimo (saber distinguir a Frelimo da FRELIMO). Também lá discutirei contigo sobre massacres praticados pela Frelimo.
6. Eu gosto de dizer as coisas frontalmente: Da minha análise, tu não és nenhum Xiveve e muito menos sofalense. Tu és um desses que apoiou à Frelimo a introduzir um regime de terror. Se tu fosses moçambicano de gema, saberias que o problema dos moçambicanos, até em 1975 era o COLONIALISMO e não cada parte dessa máquina. Portanto, PIDE, soldados, comandos, cabo de terra, cipaios, o sistema de ensino, eram apenas partes do sistema colonial. Uma vez proclamada a independência, já essas partes iam com ele, o colonialismo. Quem se interessa da PIDE/DGS é um português ou indivíduo dessa origem. E, finalmente, o que constituiu mais problema em Moçambique e para moçambicanos é SNASP que sublinho, foi MAIS CRUEL para com os moçambicanos. Ainda, pode ser importante em discutir sobre quem foram os dirigentes do SNASP.

7. Barnabé Lucas Ncomo é um investigador de respeito em Mocambique. No mínimo isso devias saber se não és colaborador do Sérigo Viera.

8. Mocambicanos cuida das palavras que usam na escrita. E a tua falta de cuidado pode revelar o que querias que não fosse descoberto.

Anónimo disse...

Saturado, voce desta vez desilude-me totalmente. De propagandista da Renamo nos forumzecos e blogs de meia-tigela, voce passou directamente a comissario politico paranoico. Pensava que voce seria capaz de contornar as contradições, mas constato agora que voce se espalha sem a minima precaução.
Devo repetir o que disse ontem: estou de partida, e não tenho tempo para passar mais tempo com este assunto. Penso que voce me desculpa esta deserção pois, como voce ja disse, este tema foi mais que debatido. Mas não me irei sem estes ultimos comentarios, visto que voce teve uma certa lentidão a responder ao que escrevi, prova que passou tempo à volta do assunto.
Voce é de facto um verdadeiro discipulo de Orlando Cristina, como se pode constatar pela sua obcessão delirante sobre o comunismo, sobre a identidade sem duvida falsa dos seus interlocutores, ou pela lista de comunistas que voce tem no bolso para a dar ao pelotão de fusilamento (da Renamo?).
Onde é que voce leu que eu sou da Beira ou de Sofala? E se eu vivesse na mesma cidade sueca que voce, que importancia teria isso? Quando voce fala na Suécia de problemas suecos, os gajos pedem-lhe o seu bilhete de identidade para verificar se voce não seria eventualmente um espião soviético? Voce diz opor-se à mentalidade totalitaria, mas acabou por desvendar a sua verdadeira mentalidade de SS subdesenvolvido.
Voce faz de proposito quando me pergunta por qual razão eu não debati nos outros forumzecos que voce frequenta assiduamente? Voce ainda não compreendeu que eu não tenho possibilidade de me inscrever no Imensis, e por conseguinte não posso entrar na discussão desse forum sobre Andre Mantsagaice? Aceito perfeitamente que não partilhemos as mesmas ideias, mas neste caso voce esta a pensar que eu sou parvo. Quanto aos outros, queira compreender que eu não frequento, como voce, nostalgicos do colonialismo. Basta ver o conteudo desses sites para se compreender quem esta atraz deles. Mas como voce é da Renamo, nem sequer esta evidencia lhe salta aos olhos, mas compreenda que a cegueira não seja partilhada por toda a gente.
A verdade é que voce não gostou que eu falasse da relação evidente entre a Renamo e a maior porcaria ideologica que houve na Africa Austral. E como resposta voce veio com duvidas sobre a minha identidade, como se isso fosse um verdadeiro problema, mostrando assim o seu caracter pidesco de anti-comunista primario. E a proposito disto: voce sabe o que é o comunismo? A sua obcessão é sintoma evidente de confusão mental e de paranoia maniaco-depressiva, pois em Moçambique não restam actualmente traços nenhuns dum qualquer marxismo. Voce não sabe que os antigos (maus) leitores do Capital ou do Livro Vermelho, Chissanos ou Guebuzas, se corverteram ha muito em chefes de empresa dum sistema capitalista?
Se eu precisasse como voce de tratamento psicanalitico, perguntava-lhe certamente se o avião que voce toma entre Maputo e a Suécia é mais confortavel do que o que os tais comunistas de que voce fala tomam entre Maputo e Lisboa. Mas como não sou comissario politico, e como não gosto de aviões, limito-me a desejar-lhe uma boa proxima viagem.

Anónimo disse...

Eu continuo com a identificão que tenho em ti, para além de pelo facto de TU saberes que eu vivo na SUÉCIA torna forte a quem eu penso que este estalinista seja. Se tu conclues que o Chissano e Guebuza leram mal o comunismo é porque talvez sintas que eles se sentem arrependidos pelas mortes dos nossos cérebros que os diziam que esse tal comunismo não existe. Se te idenfiquei é porque abriste-me a possibilidade e neste último comentário não foges.

Olha, sobre o comunismo estudei melhor numa cadeira de sociologia e numa universidade sueca com estudantes e professores livres e críticos. Mas mais do que importante é saber do que aconteceu nos países que o pretenderam implantar? Veja Mocambique, Cambodja, Angola, Cuba?

Não gosto de indíviduos que se escondem, mas responsáveis de tantos crimes da humanidade em Mocambique. Os cabecilhas da Frelimo, os que provocoram uma guerra da segunda libertacão em Mocambique. Esses na sua maioria são indíduos como tu, hoje a fingirem-se de Xiveve para parecerem que são naturais de Chiveve onde NÓS DA RENAMO demonstramos sobre o que queremos de Mocambique.

Em debates, eu não tenho nada se gosto ou não de alguma opinião. É contra o que não gosto por constituir uma propaganda que me abro mais ao debate. Fico feliz por isso.

Olha e a maioria renamista fomos sempre contra os regimes racistas e prova-se isso que nós não convivemos com os tais racistas. Ao contrário são os ora comunistas que convivem, incluindo os portugueses conselheiros, hoje detentores de empresas em Mocambique com os seus homólogos da Frelimo.

Nada de desculpas para não debatermos no Mocambique para todos. Nada de desculpas de viagem, porque em quase todo o lado há já internet. E tu que não viajas para as terras recônditas da minha terra, não tens desculpa nenhuma para não voltares ao debate.

Tu sabes, estás a discutir com um renamista assumido, amigo das liberdades e da democracia.

Anónimo disse...

Saturado, reconheço em si uma certa tenacidade em prosa informatica. Declaro-me imediatamente ko a esse nivel, pois como disse ja sou duma geração que se acomoda mal com estas novidades tecnologicas. Talvez voce encontre internet em qualquer canto da sua confortavel Suécia, mas queira compreender que no terceiro mundo a situação é diferente. Eu ja deveria estar a dormir a esta hora, mas queria ver se voce tinha metido mais palavreado panflético em resposta ao criminoso estalinista responsavel de crimes contra a humanidade que eu sou, segundo as palavras que voce proferiu.
Bom, aqui estou em frente dum velho computador sem duvida soviético, sinceramente a pensar que voce até parece ser um gajo simpatico, mas é pena ter ficado neurotico com essa historia da Renamo. Não sei que infancia voce teve, mas o que voce escreve pelos forums fora cheira a criança que frequentou escola de padre, onde o ensino era dado à porrada, e onde a lavagem de cérebro substituia a reflexão. Se esse foi o seu caso, compreendo o seu problema, e creia na minha maior compaixão e solidaridade fraterna.
Voce continua a insistir sobre o comunismo, sobre a Frelimo, e sobre os seus cumplices tugas. Voce não tem outro disco para tocar? Voce não ve que esta praticamente senil a repetir sempre a mesma coisa? Ja se sabe que voce chegou à Saturação, não precisa de insistir. Suponho que os tugas que passem por aqui se borram a rir, aprendendo pelas sabias frases duma pessoa Saturada que um povo tradicionalmente conservador e catolico como o portugues é de facto ferozmente marxista... Voce vive na Europa, mas parece desconhecer tudo o que diz respeito à cultura da Europa ocidental. A proposito, que pensam os suecos duma pessoa como voce?
Mas não se inquiete, eu não sou nem do KGB, nem espião tuga a soldo da embaixada de Moscovo em Lisboa, nem carrasco da Frelimo à solta pelas picadas da Renamo. Contrariamente ao que lhe disseram durante a sua lavagem de cérebro, gente como eu não come crianças ao pequeno almoço. Que raio de psicose voce deve ter quando me diz que Xiveve é Chiveve, e que isso é zona libertada! Deixe-me rir, voce não conhece um décimo da região da Beira que eu conheço, e não é a presença nesta cidade dos seus amigos da Renamo que vai mudar o que lhe digo.
Não sei que ramo voce estudou na tal universidade sueca, mas não foi certamente nem a historia nem a politica. Quando se exibe sem vergonha como voce uma ignorancia total em relação à historia africana, ha razões para se perguntar se voce não esta aqui a gozar com a gente.
E desta vez queira permitir-me que me retire, pois tenho outras coisas a fazer em outro lado. Boa continuação!

Anónimo disse...

Caro "Xiveve"

Sempre digo que sempre te identificas, tornando fácil ao que tenho pensado de quem és.

1. Sou cristão sim e fiz o meu o meu ensino primário numa escola missionária e comecei o cíclo preparatório num colégio de pertecente aos missionários. Mas lá não me lavaram o cérebro, sabes?

2. Os estalinistas é que tentaram lavar-me o cérebro. E tu sabes.

3. Estou a dizer-te que seria melhor se fossemos debater lá no Mocambique para todos porque há mais gente que lá frequenta que neste espaco. E é lá onde foi publicar o aquele filme que desmente as propagandas da Frelimo. FANTÁSTICO!

4. Eu não acredito que estás a sair para zonas onde não há acesso a internet, visto que tu não é dessa gente.

Anónimo disse...

Caro "Xiveve"

A propósito,

1. como é que sabes que eu vivo na Suécia se bem que eu nunca escrevi isso em nenhum fórum? E não achas que assim estás a desmacarar-te?

2. Tu me acusaste em fazer repeticões. Não achas tu que é o que fazes repetindo discursos propagandistas da Frelimo muito velhos porque até foram usados nos anos 70/80?

3. Porquê não podes discutir sobre o bizarro recenseamento eleitoral?

Reflectindo disse...

N�o vale aquele que mente e que no seu pior n�o sabe que toda a gente que ele � mentiroso.
Se pedir e nem desejar que o .i..v. se declare nessa categoria, nada mais podia dizer..

Anónimo disse...

Reflectindo, queira desculpar mas eu não percebo em que lingua voce quer exprimir-se.
Saturado, queira voltar à universidade para seguir cursos de logica e de retorica. Isso esta mesmo muito fraco, eu diria que é nivel de escola primaria. A Renamo não encontrou melhor para a sua propaganda?

Reflectindo disse...

Olá "Xiveve"

Uma pequena ajuda para você, eu lhe aconselharia a fazer um clique no cabecalho, aí onde está Reflectindo sobre Mocambique. Assim você pode ler novos artigos sobre Mocambique que tenho postado constantemente.

Um abraco

Anónimo disse...

Xivevezinho,Orlando Cristina foi da Pide, ora diz-me lá, quem foi o esbirro que a Frelimo utilizou no massacre dos seus opositores em ex- Nova-Viseu? Também era da Pide. Quem foi o esbirro que A Frelimo usou para assassinar Evo Fernandes? também era da pide. Quntos mais ex-pides bons usou a Frelimo? E o guarda costas do senhor Mugabe quando ele foi a Portugal que tambem era da pide? Pide bom, claro. Só o Cristina é que foi um pide mau...Isto podia dar um bom livro, «Os Pides bons e os Pides maus». Bem senhor xiveve, Que tal irmos verificar quantos altos cargos da Frelimo pertenceram à Mocidade Portuguesa estudaram à custa dela e até sei lá tenham pertencido à Pide? Não nos podemos esquecer dum grande estadista europeu falecido não há muito tempo que pertenceu ao movimento Nazi e silenciosamente ocupou um alto cargo. Xiveve Mesmo

Anónimo disse...

esses,herois do passado mortos pela patria ou talvez nao, tem ainda algumas facetas ocultas e por desvendar sao atribuidas missoes altamente secretas a muitos homens que por la andaram nao podemos esquecer que o ato de contribuir para o esforco de guerra por vezes nao e pago ao seu justo valor nem reconhecido como merito nacional visto que pensadores atribuem aos herois nomes como pide milicianos os nossos camaradas comandos paramilitares ,jorge jardim e orlando cristina e mais 13 outros formaram um groupo de elite ate hoje n unca igualado em senario de guerrillha sao lhes atribuidos atos de heroismo ainda hoje mantidos secretos pelos factos de descolonizacao.

Anónimo disse...

ola eu quero ser uma espia tenho muita vontade de ser uma espia e tenho muita capacidade

Anónimo disse...

Xiii mesmo, desde quando bandido e boa gente? Xiii agora e heroi mesmo? o mundo ficou maluco mesmo. bandido heroi? xhisa isto e batota e cheira coco podre

Anónimo disse...

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