O presidente do MDM, terceiro maior partido, defendeu esta quinta-feira, 26 de Janeiro, que o governo deve reagir de forma dura e clara às afirmações do Presidente turco de que Moçambique alberga pessoas que pretendem derrubar o Governo de Ancara.
"[O Governo] deve reagir de forma dura e clara, porque a acusação de que Moçambique está a acomodar terroristas é grave", afirmou Daviz Simango, presidente do MDM, reagindo às declarações, na terça-feira em Maputo, de Recep Tayyip Erdogan.
Citado pelo diário O País, Simango disse que não se pode permitir que, de forma leviana, Moçambique seja considerado um país acolhedor de terroristas.
"Nós não somos acolhedores de terroristas. É preciso provas e há tribunais que podem julgar esse tipo de casos. Perseguir opositores num outro país, chamando-os terroristas, é extremamente grave", repisou o presidente do MDM, que é também edil da Beira, a segunda maior cidade do país.
Daviz Simango considerou chantagem a exigência do chefe de Estado turco de que sejam neutralizados os alegados elementos hostis ao seu Governo e sejam encerradas as instituições que dirigem em Moçambique, na mesma declaração em que expressou a disponibilidade da Turquia para o reforço da cooperação económica com Moçambique.
"Se de facto o Governo turco quer apoiar o povo moçambicano, dentro de uma política internacional de solidariedade, que o faça sem chantagem, nem contrapartidas desse género", acrescentou Simango.
Na declaração à imprensa no final do encontro com o chefe de Estado, Filipe Nyusi, o Presidente da Turquia disse que pessoas alegadamente envolvidas na tentativa de golpe de Estado de Julho na Turquia têm uma ampla rede de instituições em Moçambique, pedindo às autoridades locais apoio na sua neutralização.
"Nós sabemos que elementos deste grupo [supostamente envolvido na tentativa de golpe de Estado] estão presentes em Moçambique, infiltraram-se nas Forças Armadas da Turquia e estão a replicar a sua iniciativa, a sua agenda oculta em várias partes do mundo, têm uma rede vasta de escolas e associações em várias partes do mundo e têm uma rede muito ampla aqui em Moçambique,", afirmou Recep Tayyip Erdogan.
Sem apontar nomes das referidas instituições, o chefe de Estado turco disse que os objectivos que as mesmas perseguem na Turquia também vão tentar alcançar em Moçambique.
"O que procuram alcançar na Turquia, vão procurar alcançar também em Moçambique, mais tarde ou mais cedo, é algo que nos chama atenção, são questões que vamos ter de ultrapassar", sublinhou Recep Tayyip Erdogan.
Presente ao lado de Erdogan, o chefe de Estado não fez nenhuma referência ao assunto, fazendo declarações apenas atinentes à cooperação económica e comercial entre os dois países e aos seis acordos bilaterais que os dois governos assinaram.
A neutralização de pessoas que o Governo turco acusa de serem fiéis ao líder muçulmano Fethullah Gulen, a quem Ancara imputa a autoria da tentativa de golpe de Estado de Julho do ano passado, é um dos temais centrais da visita que Recep Tayyip Erdogan realizou esta semana a Moçambique, Tanzânia e Madagáscar, em paralelo com o reforço das relações económicas e comerciais.
Fonte: Lusa – 26.01.2017
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