quinta-feira, agosto 08, 2013

Estado moçambicano deve combater ritos de iniciação que violam direitos das mulheres

O Estado moçambicano deve intervir contra ritos de iniciação que atentam contra os direitos das mulheres, combatendo os casamentos prematuros e o abandono escolar forçado entre as jovens, avisou hoje a Liga das Mulheres da África Austral (WLSA).
A necessidade de uma mudança na abordagem da sociedade moçambicana aos ritos de iniciação é uma das reivindicações da pesquisa "Ritos de Iniciação e Construção das Identidades Sociais" elaborado pela WLSA, hoje divulgada.
Falando aos jornalistas em Maputo sobre os resultados da pesquisa, à margem de um encontro sobre o documento, a coordenadora de pesquisa da WLSA, Conceição Osório, afirmou que o estudo observou uma transformação na atitude dos jovens perante os ritos de iniciação, um costume em muitas comunidades para sinalizar a transição para a vida adulta.
Nas zonas rurais moçambicanas, os jovens são muitas vezes retirados da escola para serem colocados em isolamento, onde aprendem valores como a obediência, ou submissão, no caso das mulheres.
"Constatámos que nas zonas rurais há resistência, nós trazemos a voz dos que dizem que ‘eu não quero isso para a minha vida’. Falámos com muitas raparigas que negaram o casamento prematuro e usaram estratégias de fuga a essa imposição", disse Conceição Osório.
O alargamento da rede escolar e o consequente acesso de mais jovens aos estudos, bem como o acesso aos meios de comunicação social têm promovido a consciência de liberdade dos jovens em relação a práticas repressivas dos seus direitos, assinalou a coordenadora de pesquisa da WLSA.
De acordo com Conceição Osório, o estudo mostrou que muitos jovens das zonas de Moçambique onde os ritos de iniciação são comuns têm questionado a prática, desafiando o medo e até os castigos físicos usados pelas comunidades na mobilização dos jovens em idade de serem sujeitos aos ritos.
A WLSA exortou o Estado moçambicano a atuar contra atitudes que violam os direitos dos jovens, principalmente das mulheres, impedindo, principalmente, os casamentos prematuros e o abandono escolar forçado.


Fonte: LUSA - 08.08.2013

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