Seis dos 45 estudantes moçambicanos no Sudão tiveram os passaportes e cartões de estudantes confiscados, por recusarem assinar um desmentido das denúncias sobre as precárias condições de estudo, disse à Lusa um estudante.
Em abril, 30 dos 45 moçambicanos que estudam na Universidade Internacional de África no Sudão denunciaram à Lusa as "precárias condições" de vida naquele país africano, responsabilizando "algumas organizações islâmicas" moçambicanas de os terem enviado para Cartum, com "objetivos obscuros".
Em contacto com a Lusa, no domingo, os estudantes afirmaram que "o nível de ameaças aumentou" e a direção daquela Universidade confiscou toda a documentação: passaportes e cartões de estudantes.
Dos 45 estudantes, que saíram de várias províncias de Moçambique para o Sudão, 30 não concordavam com o modelo de contrato firmado com a Universidade Internacional de África do Sudão, que acusaram de não honrar o compromisso de atribuição de bolsas de estudo completas.
"Mas a verdade é que 26 estudantes foram obrigados a redigir uma carta a negar tudo o que foi abordado nas cartas que enviámos. Devido às ameaças, eles foram obrigados a assinar um papel que não se sabe qual será a finalidade", disse um estudante, em declarações à Lusa.
Segundo os estudantes, na referida carta, escrita em português, a Universidade daquele país árabe refere que além de ministrar cursos, providencia alojamento, alimentação e assistência médica aos estudantes.
"Agora os 26 estão salvos. Os que assinaram a carta vão continuar a estudar", enquanto os restantes seis estudantes estão impedidos de entrar na residência universitária, até porque a direção "recolheu as camas" dos seis moçambicanos, contou à Lusa um dos estudantes.
"Assim, os estudantes estão na rua, nem podem sair para muito longe porque ficaram sem passaportes e nem podem entrar na universidade porque ficaram sem cartões de estudantes", acrescentou.
Hoje, a Lusa tentou contactar os estudantes, mas os números de telemóveis estão desligados.
Numa carta publicada, em abril, inicialmente nas redes sociais, o grupo refere que, há quatro anos, recebeu bolsas de estudo de "algumas organizações islâmicas e não do Instituto de Bolsas do Ministério da Educação de Moçambique", que, agora, os abandonou.
"É de confessar que, de facto, carecemos de termos apropriados para descrever o estilo da nossa vida neste país, em geral, e nesta universidade [Internacional de África], em particular, pelas dificuldades em que nos encontramos afogados. Queremos referir-nos a problemas financeiros assim como sociais", lê-se na carta.
Recentemente, o Ministério da Educação de Moçambique emitiu um comunicado a distanciar-se de qualquer responsabilidade no caso, por alegadamente o grupo não ter ido ao Sudão a coberto de bolsas do governo moçambicano.
Fonte: Lusa in Notícias Sapo - 11.06.2012
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