Por Paulo Mulaza*
Durante 14 dias em Maputo, tivemos a oportunidade de constatar os hábitos e costumes da sua população e a maneira de convivência com outros povos. Maputo está localizada a sul de Moçambique.
Humilde, a maioria da população trabalha em restaurantes, lojas e boutiques, propriedade de indianos, portugueses, sul-africanos, libaneses, marroquinos, tunisinos e argelinos, comunidades que vivem em grande escala em Moçambique.Paulo Garcia, angolano que vive em Moçambique há 18 anos, disse ao Jornal de Angola que ao longo do tempo que vive nesse país aprendeu os seus hábitos e costumes e consegue conciliar as duas culturas: a angolana e a moçambicana.
Psicólogo do desporto e consultor, o nosso interlocutor frisou que em termos da gastronomia do Índico, o prato típico mais consumido é a mataba queno, confeccionada com óleo de coco, amendoim e camarão. Pode ser acompanhada com xima (funge), que se consome no norte de Moçambique, com características semelhantes ao de Luanda. Além da matapa, os moçambicanos têm como preferência o caril de amendoim e a galinha assada.
Praça do peixe
Paulo Garcia disse ainda que o número de angolanos a residir em Maputo ronda os 300, entre estudantes e trabalhadores das mais variadas áreas. “Em função da língua que nos une, fica fácil a adaptação aos nossos irmãos moçambicanos.”
Helder António Manuel, outro angolano residente naquele país, disse que quem vai a Maputo deve visitar a praça do peixe, onde é registado um afluxo de turistas provenientes de vários países e cidadãos nacionais para comerem o camarão, frito ou grelhado.
Hélder, que é pastor evangélico, quis fazer as honras da casa e levou-nos à praça do peixe, na Costa do Sol, lugar que recebe muitos turistas. Convidou-nos a saborear o bom camarão grelhado com limão, do Oceano Índico. Para além do camarão pode-se comer peixe assado com temperos à maneira moçambicana.
As mulheres aceitam flores
Como curiosidade, tivemos a oportunidade de saber do pastor Hélder Manuel que aqui as mulheres gostam muito de receber flores dos companheiros. A venda de flores naturais provenientes da África do Sul tornou-se um costume em Moçambique.Outro costume é o facto de as pessoas consumirem água de coco nas grandes cidades. Os cocos saem das províncias do norte, como Pemba e Nampula e são também usados na culinária através do óleo para cozer ervas.
Wilsom Joaquim de Castro, moçambicano, disse à nossa reportagem que o salário mínimo é equivalente a 100 dólares mensais, correspondentes a três mil meticais na moeda nacional, e não satisfaz o poder de compra.
“Imagine três mil meticais durante um mês. É muito complicado para um pai de cinco filhos. A pobreza e baixa renda obriga-nos a fazer poucos filhos.” “Do ponto de vista habitacional estamos bem. Não temos motivos de queixa, pois o governo moçambicano implementou a lei de alienação de imóveis para os inquilinos.
Com esta lei, todas as pessoas que vivem nestes prédios e lojas espalhados pela cidade são proprietárias. Não temos motivos para nos lamentar.”
Táxi tem nome de Chapa
Inácio Tiago Macuácua, taxista de nacionalidade moçambicana, contou ao Jornal de Angola os meandros que envolvem a sua actividade. “Trabalho e tenho que apresentar todos os dias a conta ao patrão. Tenho tido mais clientes nos finais de semana, trabalho toda a noite para sustentar a minha casa.” Os carros que levam maior número de passageiros são designados de Chapas e a corrida para viajar no Chapa custa qualquer coisa como cinco meticais em moeda metálica.
Inácio Macuácua frisou que “aqui os táxis são organizados”. A concentração das viaturas é em unidades hoteleiras, pontos turísticos e locais de espectáculos. As linhas estão bem definidas e ninguém sobe sem saber onde vai porque o destino vem indicado.
*Jornal de Angola
Fonte: Rádio Mocambique - 03.05.2012
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