Por Harry G. West*
A linguagem
de poder que os habitantes do planalto de Mueda falaram ao longo da transformação
neoliberal da economia e política moçambicanas difere substancialmente da linguagem
falada pelos reformadores democráticos, apesar dos pontos de convergência e das
variações internas em ambas as linguagens. Na disjunção entre elas, os
muedenses relacionaram- se criticamente com o processo de democratização em
curso, articulando a sua própria visão acerca do funcionamento do poder no
mundo que habitam. Equiparações à primeira vista paradoxais — como entre
descentralização democrática e abandono por parte do Estado, entre liberdade
individual e perigo colectivo de feitiçaria, ou entre democracia e carnificina —
constituíram, afinal, formas em última instância democráticas de avaliação e de
crítica às transformações ocorridas e às formas como o poder é exercido no novo
contexto de capitalismo neoliberal. Ler mais
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