As autoridades israelitas anunciaram, segunda-feira, o início da primeira fase de um “plano de emergência” destinado a deportar milhares de africanos, maioritariamente idos do Sudão do Sul, considerados de 'virus do Hiv/ Sida' e de uma “séria” ameaça ao Estado Judáico.
A “Rádio Israel” noticiou que milhares de africanos, incluindo crianças, encarcerados na Ilha Eliat, no Mar Vermelho, deverão ser recambiados, a partir da próxima semana, no quadro daquela operação.
A rádio citou o Ministro do Interior israelita, Eli Yishai, a dizer que “os detidos são uma pequena fracção de infiltrados”, distanciando-se de alegacoes segundo as quais a campanha esteja inserida dentro de ódio contra a presença de estrangeiros.
Yishai referiu que a operação visa 'salvar' o Estado Judáico do que apelidou de ameaça pela presenca de “infiltrados” no país.
Explicou que o plano tem por objectivo repatriar todos os 60 mil imigrantes, cuja presença é descrita pelas autoridades como uma questão relacionada com a manutenção da lei e ordem, e porque não mesmo uma ameaça, a longo prazo, do Estado Judáico.
Cerca de 500 sudaneses levantaram-se, domingo passado, em Telavive, a capital, em protesto contra a sua expulsão, anunciada pelo Primeiro-Ministro israelita, Benjamin Netanyahu, depois de dois meses de debates “aturados” sobre o assunto.
“Somos refugiados e não criminosos,” gritavam, em voz alta, em resposta a alegações, segundo as quais os africanos se dedicam a crimes, incluindo violação sexual.
Muitos sudaneses, incluindo sobreviventes do conflito e desastre humanitário na região de Darfur, a sul do Sudão, vinham vivendo, ao longo de vários anos, em Israel.
Estes, de acordo com a fonte, estão sendo alvos de uma onda de hostilidade pela sua presença no país.
“Chamam-nos de um cancro e virus do Hiv/Sida,” diz Jacob Berri, organizador do protesto, que viria a acusar o governo de extrema-direita israelita de racista e de estar a incitar ódio contra a presença de estrangeiros.
O número de imigrantes que entram em território israelita, através da fronteira desértica de Sinai, tem aumentado desde 2006.
Por os números de imigrantes estarem ultimamente a disparar, as autoridades israelitas construiram, ao longo das fronteiras, uma rede, com vista a impedir a sua entrada, por considerá-los de “infiltrados”.
Netanyahu advertiu a imigrantes africanos que Telavive vai tomar medidas tendentes a reverter a situação.
Uma sondagem de opinião pública, divulgada na semana passada, mostrou que 52 por cento de israelitas consideram os africanos de um “cancro” e “virus do Hiv/ Sida”.
“Eles vêm para roubar e violar”, de acordo com uma mulher, entrevistada durante a sondagem. Um outro inquirido afirmou que “deveriamos queimá-los e envenená-los”.
Netanyahu apelou para a calma, precisando que “somos um povo de moral e justo no que exigimos aos estrangeiros. Estamos a denunciar violência. Respeitamos os direitos humanos,” disse, sublinhando que “Israel não pode aceitar infiltrados de um continente todo”.
O termo “infiltrado” é também empregue pelas autoridades israelitas para descrever militantes armados palestinos.
(AIM)
REUTERS/ JD/FF in AIM - 12.06.2012
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