quarta-feira, setembro 06, 2017

“Não exijam que dirigentes de instituições sejam da Frelimo”

Mia Couto diz que partido no poder aborda alguns temas de forma superficial por isso os problemas nunca são resolvidos
Mia Couto esteve igual a si mesmo. Falou de peito aberto perante os “camaradas”. Diz que o partido no poder aborda alguns temas de forma superficial, por isso, os problemas nunca são resolvidos. Aponta como exemplo a distribuição da terra, que se diz ser propriedade do Estado e que não deve estar à venda, mas que a realidade mostra o contrário. Para o escritor, a terra é, sim, vendida no país e o partido no poder não deve tapar a vista diante deste facto. “Aqui é preciso não só corrigir, como também repensar a relação que o partido Frelimo tem com o fenómeno da urbanidade, da modernidade. Há dificuldades de lidar com essa complexidade. E essa dificuldade está bem patente, porque a Frelimo já perdeu três das quatro maiores cidades do país”, lembrou Couto, alertando que o partido no poder não deve tratar as pessoas apenas como eleitores, mas como cidadãos.
Defende o escritor que o partido no poder deve saber aceitar ideias contrárias e que, nas instituições, as pessoas não devem ser dirigentes pela cor partidária. “Não que os chefes das instituições sejam membros da Frelimo. Não é isso o mais importante. Exijam a esses chefes que sejam competentes, que sejam patriotas, que se dediquem, defendam os interesses da cidade, do país. Às vezes, as pessoas honestas fazem isto (chefiar) melhor que os ´camaradas´ que não são tão honestos”, disse.
Alcido Nguenha e António Hama Thai, membros da Frelimo, que também estiveram no painel com Mia Couto, falaram dos desafios para impulsionar o desenvolvimento da Cidade de Maputo, assim como do papel dirigente da Frelimo no desenvolvimento da capital. Defendem maior coesão na Frelimo, para que o partido consiga enfrentar os actuais desafios.
Alcido Nguenha foi mais longe e disse que os dirigentes da Cidade de Maputo cometeram um grande erro ao determinar que a Polícia Municipal podia fiscalizar cartas de condução e seguros, em viaturas particulares.

 Fonte: O País - 06,09.2017

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